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sábado, 31 de janeiro de 2015

[7744] - O MAIOR...


Apresentando o "Thunnus-thynnus" - atum azul - quiçá
o maior de todos os atuns conhecidos, podendo atingir os 700 kg de peso...Abundante no Atântico Ocidental (Labrador-Canadá)...
QUE RICOS ARROZES-DE-ATUM!!!

[7743] - VULGARIZAR O REFERENDO...


Prezados Conterrâneos, no mais recente debate e aprovação da lei do "Referendo Nacional", pela maioria parlamentar, equivocadamente, os deputados entraram numa via em contra-mão. Em democracia, nem tudo o que parece é. Assim decidi escrever este artigo, e como já fui suficientes vezes boicotado por vários órgãos de informação por causa do teor da escrita, peço àqueles que acharem este texto válido, tenham a paciência do reenviar a alguém que, igualmente, manifeste o seu direito e determinação de algum jornal o editar.
O meu obrigado e aquele abraço crioulo.
V´lá

REFERENDO: BANALIZAR O PLEITO DEMOCRÁTICO

A mais recente decisão do Parlamento caboverdiano em determinar na lei o ato de referendar: cada coisa, cada vontade, ideia ou pleito democrático, ser discutido na praça pública através da realidade popular determinada em voto, merece uma análise bem mais discutida e cuidada.

O deputado Atistides Lima, pela competência conhecida e seriedade, não deixa de pensar pela absoluta função legítima quando o povo deve exprimir direitos; porém, também em democracia, nem tudo aquilo que pode parecer nato e lúcido, refere essa sensibilidade democrática, livre, resoluto, eficaz até ao máximo da sua incumbência. Assim, da luz do concreto, nasce o abstrato e uma arma de dois gumes.

Sem procurar requinte na discussão, o detrimento daqueles que decidem fugir ou minimizar quaisquer ações de causa; devemos sem fanatismo partidário, rebuscar no mais profundo e transparente dessa mesma razão, motivos explícitos, abertos, despidos dos habituais receios a conspirações ou à entrada deliberante em primitivos jogos sujeitos a uma atitude e pensamento manipulados no preconceito, pendente às oscilações da caminhada futurista à qual certos líderes habituados ao facilitismo dos seus eleitores, encostados a mordomias afáveis e gostosas, nem sempre aderem facilmente a mudanças em alterações de regime.

Com isso, voltamos ao raciocínio do ilustre deputado e ao seu cuidado pelo instrumento democrático protegido nas preocupações jurídico-constitucionais, exclusivo ou essencial preparado a sufrágios diretos quando o povo deve pronunciar de sua justiça, aquilo que julga ser igualmente a sua liberdade no comum do pensamento. Ser ou não ser, exige pelo diapasão mais reivindicador, relevâncias duma necessidade maior nem sempre divulgada com a nitidez desejada.  
  
Aprovada na unanimidade política aquilo que sendo um direito, mas jamais uma questão de interesse nacional; ao invés, sim, em primeiro lugar, uma carga financeira agravada em cada capricho vindo da decisão deste "Referendo Nacional". Um país pequeno e também de parcos recursos como Portugal, gastou mais de 10 milhões de euros, só no seu último referendo sobre o aborto. Pois: referendos, têm custos financeiros, confundem a liberdade, enterram escolhas pelo efeito predador fugindo relevantes ocasiões à mudança do próprio sistema quando este se aproxima 
da saturação. 

Cabo Verde cumpre este 2015, duas gerações... 40 anos de independência; no entanto, apesar desse caminho, a sociedade não criou ainda metas de maturidade verdadeiramente política. Não existe uma posição separadora na função analista ao sentido comum do termo, caso qualquer um, ainda que aderente a um qualquer partido, consiga pensar Cabo Verde no seu todo. Essa, uma das causas mais temperadas que tem levado os sucessivos governos pela criação do processo concentracionista, prejudicando o desenvolvimento nacional, até às grandes falhas de participação das comunidades na vida da nação, entre outros aspetos conhecidos.

As expressões efusivas (embora compreensivas) de certos deputados ao afirmarem: "Dar voz aos cidadãos", "Dinamizar e qualificar a democracia"; são mera ilusão da retórica fácil dos favores à própria classe política. Não é isto que conhecemos do mundo que viajamos há meio-século e da vivência longa em países como a Suécia, Canadá, Holanda, Alemanha, USA. É, com desânimo, o manifesto duma atitude terceiro-mundista em busca de conveniências, novamente, a favor do partidarismo devedor dessa mesma liberdade. O desenvolvimento só se projeta quando uma sociedade consegue debater as diferenças negativas em comum, abertamente, sem atitudes chantagistas, projetando evolução pensadora, cortando limitações do monopólio elitista que os partidos foram estabelecendo. Estas, algumas das razões pelo qual o "Referendo Nacional", passa a uma arma de dois gumes, pelo desperdício da economia, pelo engano à liberdade, danos serão aplicados a decisões futuras. 

Repentinamente, o medo, instalou-se na psicose da classe dirigente, descobriram que a democracia possui armas que mascaram a própria democracia e, mais fácil fica adiar-se o futuro sem cuidado pelas razões do desemprego galopante, das taxas e carga fiscal altíssimas, salários baixos, custo de vida permanentemente inflacionado, a velha ameaça da fome, exportação de doentes para terra longe e da família, estagnação social, aumento brutal da criminalidade... uma maré intensa de frustrações engolindo a esperança da população.  

Ao analisarmos cuidadosamente a decisão parlamentar do "Referendo Nacional", da experiência do mundo, não é nem será este o processo para melhorar Cabo Verde nem a vida do povo; esse só será alcançado com a libertação e respeito pelo desenvolvimento equiparado a todas as ilhas, combate ao racismo cultural encapotado, desdobramento de valores, transparência absoluta nas políticas de Estado, apoio sincero às políticas autárquicas, pensar numa regionalização capaz e bem estruturada não para servir partidos, mas para servir Cabo Verde e os caboverdianos e uma profunda reforma nas políticas por onde as comunidades possam oferecer um contributo positivo, sabendo todos que a justiça, tribunais e a fiscalidade atua na inspeção anti-corrupção, contra todo o tipo de lavagem financeira, droga e males que estão a danificar o tecido social de Cabo Verde. 

O "Referendo Nacional", não será capaz de oferecer bem estar à população nem resolver o grave problema da água ou da saúde. Deste modo, uma ideia pode ser o símbolo da intervenção metafísica na política, mas nunca o membro desejado da fascinação democrática que o povo realmente precisa... Na terra dos canãs, azeite e mel nunca se identificaram com fertilidade!

Veladimir Romano
Lisboa, 31 de janeiro de 2015.

[7742] - A TEMPESTADE E A BONANÇA...

A N G O L A...


DEPOIS DA OSTENTAÇÃO...

[7740] - APROVEITEM, ANTES QUE ESGOTEM...


Segundo o Amendes, este anuncio data de 1910...
Ora, os chamados "discos de vinil" só viram a sua utilização vulgarizada por volta de 1948...Por outro lado, os "discos de goma-laca", inventados nos Estados Unidos em 1880, só cerca de 1912 assistiram ao fim dos cilindros de cera...
Estes factos levantam, pois, dúvidas sobre que "Mornas" se vendiam a 500 reis cada lote de nove...

Seríam cilindros de cera? Seríam discos de goma-laca? Ou seríam, apenas, partituras em papel?
Aceitam-se sugestões!

[7740] - O PROFESSOR...


Jô Soares ..."depõe"


O material escolar mais barato que existe na praça é o professor.
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".


Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta à escola, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".
Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.


Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo.


A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve pouco, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala correctamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é parvo.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta".

 É!... O professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça-lhe a ele.

(Adriano M. Lima)




[7739] - QUEM AVISA...


Alerta de Segurança 

Alguns estabelecimentos comerciais, inclusive supermercados da área, instalaram câmaras de alta resolução no tecto de suas lojas, LOGO ACIMA DOS CAIXAS, como parte de seu sistema de segurança.
Por tal razão, recomendamos aos usuários que pagam suas contas com cartão de crédito ou débito, que adquiram o hábito de colocar uma das mãos sobre o teclado enquanto digitam suas senhas, a fim de  obstruir a filmagem e conservarem sua privacidade com proteção.
Lembre-se: O sistema é operado por funcionários comuns, que podem  beneficiar dos seus dados!

[7738] - COMPLETAMENTE ACABADO...


“COMPLETO” E “ACABADO”?

Há uma diferença, sim!
Nenhum dicionário da língua portuguesa consegue explicar adequadamente a diferença entre estas duas palavras.
Durante uma recente competição linguística em Lisboa, supostamente frequentada pelos melhores do mundo, Samdar Balgobin, um homem da Guiana, foi o vencedor convincente e foi ovacionado por mais de 5 minutos.

A pergunta final foi a seguinte:
Como explicar a diferença entre COMPLETO e ACABADO de maneira fácil de entender?
Há pessoas que afirmam NÃO existir nenhuma diferença entre COMPLETO e ACABADO.

Segue a sua resposta inteligentíssima:
Ao casar com a mulher certa, você está COMPLETO.
Ao casar com a mulher errada você está ACABADO.
E quando a mulher certa te apanha junto com a mulher errada, você está ACABADO por COMPLETO!

(Tuta Azevedo)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

[7737] - LAPSUS LINGUAE...


João Galamba é um deputado sempre disponível para atender os repórteres da comunicação social de forma fluente e seguro do seu nariz...Mas, como todos os políticos palavrosos, tanto fala que acaba por dar barraca...
Há dois dias, interpelado à saída da sede do seu Partido sobre os resultados das eleições gregas e depois de saudar, efusivamente, a estrondosa vitoria do Syniza, justificou a estrondosa derrota do P.S. da Grécia, ao facto de  este se ter aliado à direita...
Claro que o jornalista se terá esquecido de lhe perguntar se não seria de temer que a aliança do Syniza à extrema-direita acabe por, a breve trecho, dar o mesmo resultado...

[7736] - O OITO E O OITENTA...


Para ser franco, não tenho ideia formada sobre a PACC - Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos...Nunca vi nenhuma!
Mas não posso ignorar a guerra há muito declarada entre o Ministro Crato e o Professor Nogueira, o oitenta e o oito, no que toca ao merecimento científico-pedagógico de tal prova...
Como não posso ignorar que, dos cerca de 2500 docentes recentemente inscritos para tal prova, quase 880 reprovaram...Dos quais 240 pela segunda vez...
Como não posso ignorar que mais de 65% dos professores deram pelo menos um erro ortográfico...
Como não posso ignorar que, em matéria de erros de ortografia alguém tenha cometido a proeza de cometer 20, numa mesma frase...Notável!
Como li não sei onde, dito não sei por quem, "quem não conhece bem a matéria não poderá ensiná-la a preceito"!
De resto, é fatal haver "burros" em todas as profissões, de Ministros a Professores!

[7735] - ESTRATÉGIA COMERCIAL...

CABO VERDE - 1909
(Amendes)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

[7734] - ARSÉNIO, "THE WORD'S SNIPER"...


ALGUMAS IDEIAS ESPARSAS QUE BASTAS VEZES IRRITAM OS DETENTORES DO PODER

Não há dúvida de que quem lê vai consolidando o seu pensamento, alijando ideias ultrapassadas ou não confirmadas pelo tempo e a experiência, e aumenta os seus conhecimentos, hábito de leitura que, infelizmente, vem diminuindo nos tempos que correm de tanta sofisticação tecnológica informática dos meios de comunicação na base da imagem e do movimento, como a net, TV, cinema, jogos informáticos, etc.
Um velho ditado latino diz que as palavras leva-as o vento, e os escritos ficam, o que nem sempre é verdade, porque Jesus escreveu uma só vez, sobre a areia, não ficando nenhuma lembrança disso; todavia, os discípulos reproduziram a sua mensagem nos Evangelhos. Talvez seja esta – a de ter ouvintes e seguidores – uma das razões que me levam a continuar a intervir e a escrever, não me importando com aqueles que me atacam, tão solícitos e maneirosos com o Poder, untuosos e servis por receio e cálculo que se desfazem em curvaturas da espinha correndo riscos de ficarem corcundas. Consolo-me, também, com o facto de saber que só se atiram pedras às árvores que dão frutos… Os do poder deveriam ter em conta que a adulação é como uma baba viscosa da lesma, que conspurca por onde passa.

Tal como acontece no caso de uma pessoa, as recordações, o mesmo é dizer, a memória – aqui não me refiro unicamente à memória individual, incluo a colectiva – de uma nação á a base da sua identidade. É por isso que, geralmente, se considera que, sem uma historiografia rica e até polémica, o debate sobre as características nacionais é uma imbecilidade. Sem memória, uma pessoa deixa de o ser. Sem memória, uma nação não existe, ou só existe com base em mitos. É pois justo e equitativo render homenagem à memória, tanto individual quanto colectiva, particularmente a colectiva nacional.
Estão mesmo a suspeitar, ou a ver aonde quero chegar: a destruição de muito património nosso, oficial e oficioso, tanto em S. Vicente como noutras ilhas, destruições que descaracterizam essas ilhas, que descaracterizam a nação. Desprezando a memória, só nos ficam mitos, grande parte trazidos ou defendidos por alguns que vieram da luta armada que digeriram mal a ideologia de Cabral e outros revolucionários, como se não tivéssemos um passado rico e valorizável. Há, até, afirmações e escritos em edifícios públicos, como me confessou um amigo que visitou a Praia, de que, por exemplo, a ambição de Cabral era ser camponês (no meio de outras patetices), o que é ridículo, porque se realmente tivesse querido isso, tê-lo-ia feito pegando numa enxada e não estudado em Cabo Verde e Portugal.

A indiferença do poder às propostas e críticas dos cidadãos é confrangedora, dentro do contexto do que classifiquei de ês ca ta cdi! Não devemos, no entanto, ter receio de combater essa indiferença, mesmo que sejamos poucos. Temos a razão do nosso lado e a força da nossa consciência, o que o levará a ter de nos ouvir, como parece ter acontecido com a nossa insistência com o estudo da descentralização e da regionalização. Precisamos, no entanto, de estar vigilantes por a experiência nos ter ensinado que a tendência é levar-nos à certa, é enganar-nos com meias medidas ou desvios aparentemente respeitadores como a defesa cerrada que vêm fazendo de imporem a desconcentração de serviços e de poderes e os governadores civis, mas sem abrir mão da liberdade de escolha, pelos cidadãos, dos que virão a governar-nos. Desconcentração de serviços e departamentos é uma forma manhosa de descentralização, por o poder central continuar a nomear quem bem entender para governar a nível local e regional, em vez de ser a comunidade a fazê-lo, escolhendo ela os seus representantes, aqueles em quem confia e crê competente para o cargo e a função. Há pessoas aparentemente bem-intencionadas que andam baralhando os dados confundindo conceitos e apresentando dificuldades e “problemas” que já rebatemos, ou enviesando questões que o bom senso resolve facilmente e eles se recusam a equacionar. Essa a razão por que o Governo deve constituir uma comissão multidisciplinar e plurissectorial para o estudo da questão. Cadê o estudo da regionalização, prometido pelo Governo, por entidade exterior independente que já deveria ter apresentado o seu trabalho?
O receio do poder central da descentralização e regionalização não tem nada a ver com o seu custo, como nos atiram à cara, porque sabem que a regionalização será mais eficiente e menos cara do que a máquina burocrática governamental actual. Acham que será sinal de fraqueza ou de cedência, o que é igualmente falso: o tempo e a experiência demonstraram que as reformas são inadiáveis, porque quando não se fazem a bem, sê-lo-ão à força, pela revolução, sempre de evitar. Não podemos nem devemos contentar-nos com proclamações de valores que nunca se praticam. Fazer reformas pode desagradar aos governantes, mas são úteis a termo tanto para o governo como para o povo. Há, seguramente, pessimismo da parte do Governo – e pessimismo dispensa-os de ser activos - sobre o seu resultado, mas se não as fazemos, as coisas irão correr mal ou os progressos serão nulos. 

Presumo que o Poder sabe que mesmo no caso de ele representar a escolha da maioria, se nada o limita, as maiorias podem sofrer a opressão de minorias, a qual poderá tomar várias formas, sendo uma delas a recusa do diálogo, que é uma forma de violência, como bem explicou Edgar Faure em Diálogo ou Violência?. O facto de o Governo ser legalizado pelo voto não o torna, ao contrário do que muita gente pensa, menos perigoso. Daí a necessidade de a sociedade civil e as suas organizações estarem sempre vigilantes. 

Constata-se, bastas vezes, que militantes de partidos políticos, mesmo quando convencidos da incorrecção de posições partidárias, continuam, por disciplina partidária, a defender essas posições. Em verdade, a disciplina (obediência) partidária obriga, quem quer ser obrigado, a aquiescências ocasionalmente indignas, instalando-se a cobardia sob a capa de prudência. Esta a razão das reticências dos militantes de partidos, e até dos seus líderes, no tocante à regionalização. Porém, essa modalidade espúria de disciplina pode ser contestada ou negada para questões que não constam dos estatutos e dos programas eleitorais, o que poupa os militantes a humilhações perfeitamente evitáveis. O temor do aumento da força militante a nível local e regional deveria ser posto de lado, porque essa força, ao invés de enfraquecer os partidos, robustece-os, dando-lhes maior legitimidade. Quem não concorda com esse tipo de disciplina, só tem uma saída: não ser militante de nenhum partido.

Relativamente à educação, certamente que ganhámos em quantidade; falta-nos ganhar a luta pela qualidade, o que não está a ser encarado da melhor maneira. As dúzias de instituições que se autoproclamaram “universidades” não têm qualquer espécie de semelhança com a verdadeira coisa. Os professores são, de maneira geral, pequenos personagens licenciados, um ou outro doutorado para dar satisfação ou ludibriar o ministério de tutela. Muitos cursos não têm saída em Cabo Verde, isto é, as profissões para que qualificam não existem entre nós, e, fora do país, por não serem reconhecidos, não funcionam, o que nos leva a concluir que estamos formando potenciais desempregados “qualificados”, e favorecendo o mercantilismo universitário, por a chusma de “universidades” ser mesmo negócio. O de que necessitamos é de um ensino menos livresco, menos focalizado sobre profissões inexistentes ou de nulo interesse nacional, mais práticas e profissionais, viradas para as nossas necessidades; mais formações em artes e ofícios, e não formar gente que não terá ocupação, como estamos fazendo nas “universidades”.

É urgente que os nossos intelectuais, governantes e operadores económicos tenham mais ousadia, tenacidade, sabedoria, receptividade e ambições para podermos progredir, sabendo-se que, para avançar, nada melhor do que experimentar, correr alguns riscos mas conservando os pés bem firmes no chão. O velho mundo rural que a maioria de nós conheceu foi esquecido, refugiou-se nos centros urbanos. Sente-se, no entanto, mal aí correndo o risco de se introduzir na droga, na criminalidade e na prostituição. Há urgência na criação de condições, em todas as ilhas agrícolas, que fixem os que ainda lá permanecem e atraiam os que partiram, como expliquei noutro texto.

Da justiça já escrevi bastante. As pessoas desconhecem que já Platão, cinco séculos antes de Cristo, afirmava que, numa sociedade civilizada, as leis seriam em número reduzido, e não como entre nós, de uma abundância assustadora e raramente aplicadas na sua dureza e isenção. Elas são, na sua maior parte, portas abertas para arbitrariedades, por conterem alçapões disfarçados que somente os juristas dos escritórios privados de advogados (sempre os mesmos) que as fizeram conhecem, pelo que, além de serem pagos pelo Estado para as produzir, ainda cobram mais dinheiro deste, para as interpretar, e dos réus com dinheiro para se safarem de condenações. Uma autêntica mina para alguns escritórios de advogados, quando os da Assembleia Nacional, do Ministério da Justiça e de outros ministérios poderiam fazer essas leis sem custo para o erário público e sem alçapões. Temos vivido em furor legiferante, quando deveríamos procurar dispor de leis simples e aplicáveis e revogar as não aplicáveis nem regulamentadas.

Lisboa, 25 de Fevereiro de 2014  

Arsénio Fermino de Pina

                                                      


[7733] - O LUGAR DA HISTÓRIA...

José Fortes Lopes
Da Independência à 1ª Via: 1974, a tomada do Poder pelo PAIGC e a fuga da Elite Cabo-verdiana
In Cabo Verde 40 anos após a Independência  

Este artigo constitui um subsídio à história de Cabo Verde para que se possa perceber o presente e antecipar o futuro, tendo em conta as lições do passado. Numa altura de grande desorientação social, política, religiosa e ideológica, em que se tenta escrever e reescrever a História, impõem-se repor alguma verdade sobre os factos históricos e reanalisá-los, sendo certo que ninguém pode ter a pretensão de saber tudo e deter toda a verdade.
É comum afirmar-se que Cabo Verde é um país que nasceu de um sonho utópico. Na realidade, reza a história que o sonho de uma nação independente parece ter sido acalentado desde o século XIX por uma elite cabo-verdiana proto-nacionalista, influenciada pela independência do Brasil, embora esbarrando no modus operandi para a sua conquista e nos meios para a sua concretização e viabilização, tratando-se de um arquipélago desprovido de qualquer recurso. Inegavelmente, foi Amílcar Cabral e o partido que fundou em terras da Guiné, que permitiram concretizar o sonho da independência de Cabo Verde. Mesmo assim, a génese deste movimento não é alheia às reivindicações nacionalistas/independentistas dos anos 60 nascidas nos países africanos, locais onde radicava uma importante comunidade emigrante, como é o caso do Senegal, uma colónia francesa bastante desenvolvida na altura, em contraste com Cabo Verde. É claro que embora a Guiné e Cabo Verde atingissem a independência em 1974 e 1975, concretizando o sonho de Amílcar Cabral, e hoje dois estados soberanos, o cerne do projecto inicial inspirado pelo líder do movimento consistia numa unidade orgânica das duas nações (a Unidade Guiné-Cabo Verde).
Não se pode esquecer que esta ideia se inspirava no pan-africanismo, uma ideia muito forte, nascida nos meios nacionalistas africanos dos anos 60 e que visava o projecto de integração africana, como vinha acontecendo um pouco por todo o Mundo (Europa, América) com a criação de várias estruturas de integração supranacionais. Todavia, a Unidade Guiné-Cabo Verde não deixava de ser uma das principais fraquezas do projecto político do PAIGC, o seu verdadeiro calcanhar de Aquiles: a razão da própria existência deste partido supranacional acabava por ser o germe da destruição do mesmo. As dificuldades conceptuais e práticas na implementação do projecto da Unidade Guiné-Cabo Verde, durante a luta de libertação na Guiné, não deixaram de ser admiravelmente exploradas e combatidas pelas autoridades coloniais portuguesas, com argumentos, hoje incontestáveis, sobre a sua inviabilidade prática e concreta. O facto de Portugal não pretender abrir mão do arquipélago de Cabo Verde, dada a sua importante posição geoestratégica, era a principal determinante da sua argumentação, e a história dos acontecimentos que se seguiram encarregar-se-ia de validar as suas razões. Os mesmos argumentos seriam retomados pelos críticos do PAIGC, no pós-25 de Abril, acabando por constituir o principal pomo de discórdia entre os protagonistas no terreno em Cabo Verde, no período de 1974/1975, o que levou tanta a gente à prisão e a submeter-se à expropriação dos seus bens e ao exílio forçado de milhares de cidadãos. 
Abro aqui parêntese para analisar esta problemática. 
Com efeito, ao desafiar o PAIGC, inclusivamente criando um partido concorrente, a elite social mindelense, particularmente representada pelos membros do cobiçado Grémio da Praça Nova (ver Nota), estava selando o seu destino, não tinha outra alternativa senão o abandono do país ou algo pior, incapaz de perceber que a sua situação política era francamente desfavorável. Com efeito, o PAIGC, que já era um partido aguerrido, com quase 20 anos de existência, composto de militantes com alguma experiência política e internacional, conseguiu angariar em poucos meses uma grande fatia da juventude, organizando uma vanguarda combativa, com ‘sangue na guelra’, que rapidamente se familiarizou com as mais diversas teorias e práticas revolucionárias, com vontade nítida de mostrar serviço e valentia frente aos Combatentes da Guiné. Por outro lado, face à situação de caos político e social na então Metrópole, com as forças armadas desorganizadas e um país dirigido por um MFA e um Conselho da Revolução de esquerda, totalmente devoto à causa da descolonização, e por isso aliando-se decididamente aos Movimentos de Libertação, os partidos que mais se reclamavam aliados de Portugal nas ex-colónias viam-se, por ironia do destino, sem a preciosa protecção da ex-potência colonial. As elites das ex-colónias eram todas conotadas com a Metrópole, agora maioritariamente adepta á causa da descolonização imediata e de mais nenhum soldado para as colónias, e vistos como colonos ou colonialistas, o que não era bem o caso da cabo-verdiana (ver NOTA). Portugal do pós-25 de Abril, queria resolver a questão colonial num ápice, virar a página e entrar na CEE o mais rapidamente. Acresce que a elite cabo-verdiana não reconhecia o auto-proclamado estatuto de heróis ou de melhores filhos da nação cabo-verdiana aos recém-chegados líderes do PAIGC, pelo simples facto de terem lutado nas matas da Guiné. Recorde-se que a oposição atacava este partido naquilo que talvez era o seu verdadeiro calcanhar de Aquiles, rotulando-os de perigosos comunistas encapotados e de quererem governar sozinhos e instaurar uma ditadura. O PAIGC negava defendendo ser um partido do povo, e considerava o único representante legítimo do povo cabo-verdiano, que iria instalar um regime revolucionário democrático, do povo, para o povo e pelo povo. Com uma resposta desta calava a oposição, mas estávamos conversados quanto às intenções deste partido, pois como sabemos o povo é sempre um bode expiatório das aspirações políticas dos partidos que aspiram poderes revolucionários. Por outro lado, punha-se em causa a legitimidade e a competência dos membros deste partido para dirigirem os destinos de Cabo Verde. Tendo em conta esta situação inconfortável, só restava ao PAIGC uma política de terra queimada e de intimidação, como única via possível para se desembaraçar desta inoportuna oposição e conquistar o poder total. Num espaço sociopolítico limitado e exíguo como era Cabo Verde em 1974, não havia lugar, para dois grupos em concorrência e que se odiavam mutuamente e que se fecharam nas suas razões e certezas. O PAIGC apresentava-se como um partido Demiurgo, messiânico, com pretensões ao culto da personalidade dos seus líderes. Pena não ter havido possibilidade de diálogo e concertação, sobretudo se tal tivesse sido facilitado pela potência colonial administrante. Mas a elite que agora estava representada por um partido de oposição, UDC (sediada maioritariamente em Barlavento), era, justamente ou injustamente conotada (pois haveria sem dúvida muita boa gente, pessoas de valor, patriotas e amantes de Cabo Verde, que poderiam ainda ter contribuído para o novo Cabo Verde) com o ‘ancien’ regime colonial fascista, simbolizavam pessoas do passado. A UPICV (sediada maioritariamente no Sotavento) era um pequeno partido alegadamente de inspiração maoista e que se opunha, também, ferozmente ao PAIGC. Ambos eram favoráveis ao Referendo ou a uma consulta popular democrática para que o povo se pronunciasse livremente, Defendiam também o multipartidarismo, mas o PAIGC respondia agressivamente a tais pretensões com um rotundo NÃO. O multipartidarismo muito discutido na época seria, pois, num tal clima inviável ou um nado morto. Pois é, hoje, só os mais jovens ficam surpreendidos pelo actual clima político, que é bem pacífico e civilizado quando comparado com o da intolerância e do radicalismos de 1974! Só os brandos costumes do povo cabo-verdiano decorrente do nível de civilização atingidos no arquipélago (que era cem por cento seguro e pacífico, a contrastar com a situação social actual) evitaram que se descambasse para situações perigosas ou trágicas.
 Em Dezembro de 1974, o ‘povo’ do Mindelo, conduzido pelo PAIGC, tomava o seu ‘Palácio do Inverno’, assaltava a Rádio Barlavento e o Grémio, ocupando-os e nacionalizando-os. Iniciava-se a revolução cabo-verdiana e o caminho para a Independência Total e Imediata. Mas, pior do que a tomada de qualquer palácio, de residências e de outros bens públicos e privados, o maior sacrilégio seria cometido na ilha, algo de que hoje ninguém se fala: a Biblioteca Municipal seria assaltada, vandalizada, desaparecendo para sempre o seu enorme espólio composto por várias obras, de certeza algumas de um valor inestimável, e que se encontram, 40 anos depois da revolução, em paradeiro incerto ou desconhecido. Instaurava-se o poder popular com comités de zona, denúncias, tribunais populares e outros órgãos de cariz revolucionário. A confusão era tal sobre os objectivos da pretensa revolução, que muitos não sabiam ao certo de que é que se tratava, não se percebendo que o que estava em causa não era mais do que uma pura transferência do poder e a substituição de uma velha elite, dita colonial, por uma outra nova, dita nacional. Acreditava-se que após a expulsão dos burgueses, ‘capitalistas’ e colonos, o povo apropriar-se-ia de tudo o que haveria na ilha e no país, seja bem público ou privado, a ponto de uma revolucionária ter dito: ‘Mim próxima vez q’ um parí, tita ba ser na Poloç’. Pois é, estes edifícios coloniais onde nunca o povo tinha posto os pés fascinavam, acreditava-se que se estava a dar um Golpe de Estado no Paraíso, desconhecendo-se que as revoluções engendram paradoxos e originam regimes ainda mais castradores de liberdade, direitos e garantias que os dos ‘ancien’ regimes detestados.
Com a tomada da Rádio Barlavento em Dezembro de 1974 estava tudo consumado do lado da oposição. O medo e o pânico instalaram-se e generalizaram-se na elite social, dava-se o sinal para a debandada final, o que para a maioria significava deixar definitivamente e para sempre a sua terra natal. De uma assentada, Cabo Verde perderia grande parte da sua elite de então (talvez mais de 50%), sobrando os que se acomodaram e se recompuseram com o novo poder ou os que viraram a casaca pura e simplesmente. Este facto terá permitido uma certa continuidade à vida do novo país, apesar do vácuo geracional criado, mas permitiria a consolidação do poder do PAIGC. Um pouco por todo o arquipélago, este vento de pânico provocava corrida para o estrangeiro, obviamente para quem pudesse e não simpatizasse com o novo poder, a maioria refugiando-se em Portugal, Holanda, Brasil e EUA. O movimento de emigração, provocado pelos eventos políticos em curso no arquipélago, agora atingia todos os estratos da sociedade cabo-verdiana, e ironicamente os mais abastados e confortavelmente instalados, nunca mais pararia, dando origem a uma nova dimensão à Diáspora cabo-verdiana. A oposição aproveitava este movimento para se organizar e fortalecer ameaçadoramente no estrangeiro, ao passo que a jovem revolução tomava todos os ares da revolução cubana, um pouco como acontecera havia cerca de 20 anos, em terras do amigo e aliado Fidel. A similitude era total, tínhamos em confronto os bons e os maus, a revolução e a contra-revolução, numa luta de vida ou morte entre o bem e o mal. É claro que para o novo regime aconteceu o melhor cenário possível, pois era de toda a conveniência dispensar estas pessoas contra-revolucionárias que seriam um estorvo ao projecto revolucionário do PAIGC. Este partido, em autêntico estado de graça, não tinha mais oposição em Cabo Verde, o povo entregou-lhe o poder total, um Cheque em Branco. E o país eufórico desembaraçava-se dos maus, os chamados inimigos, dos reaccionários, dos traidores e dos ‘catchores de dois pés’. Livrava-se, assim, daqueles que eram, conotados com o colonialismo português e logo, supostamente, os responsáveis por séculos de escravidão, pelo estado de miséria e de sub-desenvolvimento do país e do seu povo. O país mudava de mãos, substituía os seus maus pais e avós, por bons pais da revolução e da independência, homens com nova mensagem, uma nova visão do mundo, uma mensagem progressista da vida e do país, e uma experiência militar e política forjada nos matos da Guiné em Conacri, e nas ruas de Lisboa, Alger, Rabat, Moscovo, Habana e Paris. Abriam-se, assim, boas perspectivas para a “libertação” do país e a criação de uma sociedade sem classes, sem injustiças, sem exploração do homem pelo homem. Acreditava-se, assim, que estava garantido o desenvolvimento humano e material do país e mesmo a possibilidade da felicidade terrena ilimitada, sem mais delongas, aqui e agora. Até iria chover e as águas iam voltar a correr nos campos!!! Os lugares deixados vagos garantiriam durante décadas a fio emprego e tacho para toda a nova elite e para as pessoas que viriam a ser formadas pelo novo regime, através da oferta espectacular de todo o tipo de bolsas e formações disponibilizadas pelos países amigos e mais desenvolvidos. Só assim o poder poderia consolidar-se, fechando o ciclo revolucionário e entrando na senda do desenvolvimento.
Com os feitos ‘heróicos e históricos’ descritos, a ilha de S. Vicente entrava em plena efervescência juvenil, um misto de revolução cultural chinês e de revolução de Maio 68 francês, onde tudo era permitido, nada proibido, com ininterruptas e ruidosas festas e bailes populares: todos os valores que regiam a sociedade conservadora seriam postos em causa, varridos por uma juventude sedenta de liberdade e dos prazeres da vida mundana. Hoje, analisando os factos com novos olhos e perante a experiência acumulada dos 40 anos passados, sabe-se que a ilha estava a desferir sem dar por isso, o seu primeiro tiro no pé, transformara-se numa ilha perigosamente revolucionária, mesmo para os homens do PAIGC, que seriam o futuro novo poder. Mas o novo poder tomara todas as devidas precauções, para não acontecer o que acontecera aos seus inimigos: instalara-se longe dos rebuliços de Mindelo, calmamente e seguramente, na pacata cidade da Praia, a capital política do arquipélago onde residiam os governadores de cabo Verde colonial. O centro de gravidade de Cabo Verde estava a deslocar-se para o Sul, para a ilha de Santiago, e S. Vicente, já exangue em finais de 1974, iria perder continuamente recursos humanos para emigração e para o projecto centralista do novo poder, já que não havia projecto consistente para a ilha que desse continuidade ao que era antes, um centro intelectual e económico do país. A ilha, despovoada, privada da sua poderosa elite, que ela mesmo escorraçou, sem voz (a Rádio Barlavento foi substituída pela Rádio Voz de S. Vicente, uma nova rádio agora afecta exclusivamente ao novo regime, que acabaria por ser absorvida com todo o seu espólio na Rádio Nacional, ao mesmo tempo que não havia mais condições para a existência da Rádio Clube do Mindelo, que morreria assim de morte natural ou provocada), perderia paulatinamente e inexoravelmente o seu peso, a sua importância e a expressão social e política, num arquipélago em processo de nivelamento por baixo, ficando com a magra consolação da ‘capital da Cultura’ de um dia ou de uma ocasião polítca. Pois é, graças à revolução, de que foi o catalisador local, a ilha de S. Vicente nunca mais se levantaria, não obstante os diferentes processos de normalização e de democratização que mais tarde viriam a ter lugar em Cabo Verde e os avultados investimentos financeiros e económicos nele operados. Faltava-lhe a força anímica, sem a qual o progresso social não se realiza. 

Nota: O Grémio era um clube fechado, elitista, que reunia a poderosa e influente elite mindelense (que o povo chamava ‘gent grand’ ou ‘gent bronc’ ), constituída pela nata da sociedade de então, em geral pessoas próximas do regime anterior ao 25 de Abril, fortemente ligadas a Portugal, com um elevado estatuto social, económico ou profissional, incluindo pessoas do povo que simplesmente venceram na vida. O Grémio representava, assim, a elite em Cabo Verde, era uma amostra da elite colonial cabo-verdiana, constituída por quadros da terra, altos funcionários e profissionais liberais de sucesso, que quase sempre viveram em Cabo Verde. Eram portanto, na maioria cabo-verdianos descendentes das sucessivas vagas de europeus e/ou de judeus que povoaram Cabo Verde desde os tempos remotos da colonização, pelo que é um erro grosseiro associá-los a colonos. É o que muitos hoje em dia fazem por ignorância e desconhecimento da realidade e da história de Cabo Verde.

Janeiro de 2015
José Fortes Lopes

[7732] - TEREMOS UM "PREC" GREGO?!...

A VITÓRIA DO SYRIZA (EXTREMA ESQUERDA) NAS ELEIÇÕES GREGAS DE DOMINGO PASSADO, A DOIS DEPUTADOS DA MAIORIA ABSOLUTA, PODE SER RECEBIDA COMO PORTADORA DE ANTICORPOS QUE ROBUSTEÇAM O IMPÉRIO DOS MERCADOS, AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS, E O EMPOBRECIMENTO DOS CIDADÃOS.

Nos idos do PREC (Processo Revolucionário em Curso, que ocorreu em Portugal entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975), o Poder foi fortemente disputado. Era o papel de Portugal em África, nos territórios sob soberania portuguesa, mas também o papel de Portugal na Europa. À esquerda, pairava o espectro do Chile de Pinochet. Ao centro e à direita receava-se uma ditadura comunista apoiada pela União Soviética.
Os E U A tinham interesses estrategicos importantes em Portugal e deram um cheirinho do que poderia acontecer, fundeando no Tejo, em frente do Palácio de Belém, nos inícios de 1975, o porta-aviões USS Saratoga, durante a operação Locked Gate-75 da N ATO. Henry Kissinger, Secretário de Estado da Administração Nixon, que superintendeu o golpe militar que derrubou o Presidente Salvador Allende a 11 de Setembro de 1973 e frustrou, com inusitada violência, o projecto de estabelecimento de um regime socialista democrático no Chile, preparou as partituras para o (des)concerto de Portugal com uma abertura sobre a ocupação militar americana dos Açores, com vista à manutenção da Base das Lages.
No caso de os planos americanos darem para o torto, Kissinger engendrou a tese da vacina. Dizia ele que um regime comunista em Portugal acabaria por funcionar como uma excelente vacina para proteger a Europa de semelhante desassossego.
Quarenta anos volvidos, desfeita a União Soviética e com os Estados Unidos da América a aposentarem- se de polícias do mundo, a Europa padece da doideira em que a ilegitimidade democrá tica e incompetência dos líderes que a têm desgovernado a lançaram. A vitória do Syriza (extrema esquerda) nas eleições gregas de Domingo passado, a dois deputados da maioria absoluta, pode ser recebida como portadora de anticorpos que robusteçam o império dos mercados, as políticas neoliberais, e o empobrecimento dos cidadãos. Mas também pode vir a constituir um novo renascimento europeu por apontar aos eleitores o voto inovador em outros partidos que não os designados como pertencendo ao “arco da governação” que se metamorfosaram em polvos assassinos das sociedades em que se implantaram e que merecem intolerância crescente do eleitorado.




quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

[7731] - SEIS DÉCADAS DEPOIS...


A Grécia pretende exigir à Alemanha 162 mil milhões de euros em indemnizações por feitos que remontam à Segunda Guerra Mundial. A reabertura do dossiê, com quase seis décadas, promete aumentar as tensões entre Atenas e Berlim.

O governo grego vai entregar aos serviços jurídicos um relatório que estipula que a Alemanha deve pagar 108 mil milhões de euros por danos a infraestruturas e outros 54 mil milhões por um empréstimo que o regime nazi obrigou a Grécia a contrair. O valor total equivale a 80 por cento do PIB grego.

O chefe da diplomacia grega, Dimitris Avramopoulos, afirmou que o governo “vai esgotar todos os meios que existem para obter um resultado, independentemente do tempo e do esforço necessário, bem como das circunstâncias atuais”.

As indemnizações exigidas por Atenas seriam uma forma de saldar grande parte dos 240 mil milhões de euros atribuídos à Grécia no âmbito do plano de resgate, para o qual a Alemanha é o principal contribuinte.

Enquanto grande parte da população grega responsabiliza Berlim pelas dificuldades económicas, o governo alemão diz que já pagou todas as reparações devidas da Segunda Guerra Mundial.

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[7730] - CARTA SEMI-ABERTA A DILMA ROUSSEFF PR DO BRASIL...

Dilma Rousseff

COM A DEVIDA VÉNIA AO
CORAL VERMELHO

Excelência:
Respeitosos cumprimentos.
Esta tem a finalidade de trazer à consideração de V. Exa. um assunto que embora  recorrente, muito falado, comentado, criticado com uma frequência que talvez já possa ser considerado saturante, mas que, e infelizmente, pela sua persistência, continua a indignar aqueles que minimamente prezam a Língua portuguesa!
De tal modo recorrente, que já entrou no anedotário lusófono. Pode crer que é a custo, que me debruço sobre ele de novo, temendo  cansar o leitor.
Aconteceu que aqui há dias, vendo o noticiário de um dos canais televisivos de Língua portuguesa e em horário considerado “nobre,” escutei (para meu desagrado auditivo) um dos seus mais proeminentes ministros, referindo-se a si e intitulando-a de: “Presidenta” Convenhamos! Já é de mais! Os nossos ouvidos reclamam e com razão!
Pois bem, trata-se da aberração gramatical do seu título – felizmente provisório, acidental e passageiro - com que Vossa excelência resolveu, decidiu e decretou “brindar” os nossos ouvidos: “PRESIDENTA” (?). Onde já se viu? Com que direito?
Sim! Com que direito? Não sendo a senhora Presidente, autoridade em Língua portuguesa, como ousa e se arroga o direito de deformar as regras gramaticais da nossa bela Língua comum?
O que está a acontecer, configura uma quase falta de respeito ao quadro linguístico da CPLP de que o seu grande país justamente, é parte.
Ah! O saudoso e grande gramático e filólogo Celso Cunha! As voltas que deve dar, de cada vez que ouve “Presidenta” no seu país! Ele que, com outro grande Linguista português Professor Lindley Cintra, tanto fizeram (ambos) em prol e a bem da língua comum!
Posto isto, e desta forma, dúvidas sérias me ocorrem que a Língua portuguesa seja ou, tenha sido  língua materna de V. Exa. (?)!...
E mais, aconselho-a viva e rapidamente que se muna de um colaborador, conselheiro linguístico…não vá V. Exa. lembrar-se de outra “gracinha” do género desta: “presidenta”! A continuar, um dia desses teremos aí um manual gramatical "galhofeiro" da autoria do mandato de V. Exa.
Já agora uma questão, melindrosa e indiscreta: terá V. Exa. estudado as regras por que se rege a nossa Língua? Saberá senhora Presidente que os nomes (substantivos e adjectivos) terminados em e (regra geral) não são do género masculino? Já ouviu falar de palavras que se classificam morfologicamente de comum de dois? Isto é, usam-se de igual modo tanto para o masculino como para o feminino?
 Que apenas (excepções) isto é, um reduzido número palavras terminadas em e pertence ao género masculino?
Para assim se auto-denominar… o mais provável, ilustre senhora, é que desconheça ou ignore (mas nunca será tarde para se aprender...) que a maior parte dos substantivos e  dos adjectivos, terminados em “e” na língua portuguesa, nem sequer é do género masculino. Ou é do género feminino, ou é comum de dois (que é um subgénero gramatical). Isto é, são termos que pertencem e podem ser usados, conforme o contexto, ora no género masculino, ora no género feminino. Logo, a nossa gramática não é tão monocromática como querem fazê-la parecer. Não, ela possui uma paleta de variantes e de cambiantes de géneros e de subgéneros nas famílias das palavras, organizadas com lógica e que permitem que o falante, mantendo-se dentro das normas, se expresse de uma forma rica e clara!
Fiz ao acaso, um brevíssimo apanhado de algumas das mais bonitas, e também das mais temíveis palavras terminadas em “e” da língua portuguesa, que julgo ser ilustrativo daquilo que venho afirmando.
Ei-las:
A Amizade, a Saúde, a Fonte, a Árvore, a Ave, a Felicidade, a Honestidade, a Dignidade, a Hombridade, a Bondade, a Caridade, a Fidelidade, a Lealdade, a Majestade, a Efeméride, a Nave, a Chave, a Sensualidade e a Sexualidade. Assim também: a Falsidade, a Hostilidade, a Calamidade, a Malignidade, a Catástrofe, entre outras, e mais outras, de uma inesgotável listagem.
Imaginemos agora que a senhora Presidente e os seus altos dignitários desatem por aí a terminá-los em a? Havia de ser um caos gramatical! Não concorda? Creio que sim.
O interessante é que são mais raros, os registos gramaticais de palavras terminadas em “e” pertencentes ao género masculino. Uma mini listagem: Infante, Enxofre, Enxame e Cardume, são algumas delas.
Mas o mais significativo, em termos de quantidade e de regra gramatical da língua portuguesa, são os nomes (substantivos e adjectivos) terminados em “e” e que se usam tanto no feminino, como no masculino, o tal subgénero chamado, comum de dois.
Assim temos: o, a Presidente; o, a, Inteligente; o, a Ignorante; o, a Estudante; o, a Intérprete; o, a Emigrante; o, a Imigrante; o, a Cônjuge; o, a Herege, o, a Vidente, o, a Regente; o, a Paciente; o, a Pretendente, o, a Cliente, o, a Adolescente; o, a Elegante; o, a Prudente; o, a, Representante; o, a Ardente; o, a Chefe, entre vários outros exemplos que os limites deste texto não comportam.
Como vê ilustre Presidente, a nossa gramática permite ao semantema que denomina a vossa actual função (Presidente da República)) uma ambivalência em termos de género que o torna mais prestimoso e rico no seu uso e no seu significado.
Para terminar esta matéria já muito estafada quer na imprensa escrita, quer na redes sociais, rogo encarecidamente a V. Exa. que não desautorize os bons professores brasileiros da Língua portuguesa, (ao usar presidenta) os quais, nas aulas, se esforçam por bem ensinar a nossa língua comum.
Elevada consideração.
Subscrevo-me
Ondina Ferreira


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

[7729] - SOBREVOANDO O CEPTICISMO...

PIRRO
Gosto de escrever para o meu público (cabo-verdiano) que aprecia os conteúdos da minha escrita, e tenho podido contribuir para transmitir informações pertinentes de Medicina, Política, Religião e História que promovem conhecimento e reflexão. Aprendi a pensar de forma científica, incluindo como fazê-lo relativamente à política e religião, o que não agrada a alguns poucos leitores avessos ao uso do raciocínio e do cepticismo, um tipo de pensamento que está na base do método científico.
A dúvida metódica defendida por Descartes ajuda-nos a não enfiar todos os barretes, a não ingerir gato por lebre, e é por isso que certas “verdades”, mesmo as apodícticas, ou não me impressionam ou passam ao lado. O cepticismo desafia as instituições estabelecidas, pelo que é considerado perigoso, por poder levar as pessoas a adquirirem o hábito de pensar de forma céptica, talvez a começar a fazer perguntas incómodas sobre assuntos da gestão política e pública, económicos, sociais ou religiosos, desafiando as opiniões daqueles que se encontram no poder. O mal é o cepticismo ser considerado indelicado, a Ciência aborrecida e o pensamento rigoroso enfadonho e inadequado. Realmente, um homem culto é um homem mais livre que entende que o dever de um cidadão é a sua participação na política, o que o regime político deveria promover mas o sistema eleitoral não faz nem facilita.
Em escritos publicados anteriormente debrucei-me detidamente sobre os Jónios, da Antiguidade Grega, abordando os pré-socráticos. Foram eles os primeiros, de que temos conhecimento, a afirmar, de forma sistemática, que são as leis e as forças da Natureza, e não os deuses de vários povos, os responsáveis pela ordem e mesmo pela existência do mundo. Esta abordagem dos pré-socráticos foi, mais ou menos, por volta do sec. IV a.C., abafada por Platão, Aristóteles e, seguidamente, pelos teólogos cristãos.
Em religião encontrei em Bertrand Russell o que me fazia duvidar da existência divina, que se consolidou com o andar do tempo e o conhecimento do Mito Babilónico (Enuma Elish) da criação, dos finais do terceiro milénio antes de Cristo:

Quando lá no alto ainda o céu não tinha nome,
Nem a terra firme cá em baixo nome tinha…
Nenhuma cabana de colmo havia sido entrançada
Nem pântano aparecido, 
Quando deus nenhum havia ainda sido criado,
Nem chamado pelo nome, nem o seu destino determinado,
Foi então que os deuses foram criados

O Mito Babilónico corrobora a suspeita do amigo do bispo Agostinho (futuro Santo Agostinho) que, após ter ouvido o teólogo descrever, numa roda de amigos, as fases da criação do mundo por Deus, lhe atirou a pergunta: que fazia Deus antes da criação do Universo? Entalado com a pergunta, religiosamente incorrecta, respondeu-lhe que estaria a construir o Inferno para as pessoas que faziam perguntas do tipo da feita pelo amigo…
Thomas Hobbes escreveu em Leviatã que “o medo das coisas invisíveis é a semente natural daquilo a que todos nós, no nosso íntimo, chamamos religião.”
A minha descrença na política e nos políticos é de data mais recente, com a prática destes e de alguns amigos do peito que viraram políticos e governantes. Prática mesmo ruim, viciosa, com minguada relação com os ideais defendidos. Nunca tive vocação para o exercício da política, pelo que jamais me bati por, nem aceitei cargos políticos. Para se ser político é necessário ser-se feroz, como dizia Mitterrand. A minha ferocidade é civilista e não defendo verdades. Creio que foi Gramsci – alguns atribuem isso a Lenine - quem disse que “só a verdade é revolucionária”. Um outro comunista esclarecido rectificava: “tudo depende. A verdade só é revolucionária se for a verdade do nosso partido”. Entramos, assim, na órbita da partidocracia e da metamorfose da obediência em disciplina partidária, sem nenhum respeito pela democracia defendida porque nesta não pode haver obediência, simplesmente acordo. Da disciplina, claro, somente a consentida, o que não existe em política.
Quando se envereda pela política, deixa de haver amizades, simples interesses. Conta Franco Nogueira, ministro dos negócios estrangeiros e confidente de Salazar, nas suas memórias, que, encarregado pelo ditador a uma determinada diligência negativa junto de alguém, lhe respondeu que não podia levar isso a cabo por ser amigo íntimo dessa pessoa. Atalhou-lhe Salazar que em política não havia amigos, e que ele próprio não tinha amigos, isso dito por um bodona da ronha política.
Prefiro ser cidadão interveniente e de alma aberta da sociedade civil. Isso torna-me suspeito do poder? Certamente que sim, porque ainda não se descobriu a fórmula de ser insuspeito e empenhado ao mesmo tempo.
Não participar, por exemplo, na pressão sobre o Governo para a criação de uma comissão para o estudo da descentralização e regionalização de Cabo Verde proposta, há mais de dois anos, por um grupo de individualidades nacionais, em que me incluo, virar a cara para o lado, é uma forma de cumplicidade à indiferença, prepotência e mesmo violência não física. Aceito haver gente com os nossos ideais que se cala, por receio ou medo, gerador de submissões e menoridade, em que se instalou a covardia sob a máscara de prudência, que ainda hoje está alojada na consciência das populações que saíram de largas décadas do fascismo e passaram pelo regime de partido único do Estado-Partido. Mas a geração que não viveu isso, ou viveu somente uma parte, que espera para se fazer ouvir? Preferirá receber favores, mendigar aquilo a que tem direito em vez de o exigir? Suspeito, como pediatra, que este grupo da população, independentemente da sua idade, ainda está no período juvenil, na puberdade sensual, ignorante, ociosa e na cristianíssima resignação, esta a ser contestada pelo Papa Francisco. Mas, que raio!, há que sair dele!
Como disse, venho contribuindo com algumas ideias que não contêm certezas mas propostas de abertura e diálogo entre os dirigentes políticos e elementos da sociedade civil renitente à obediência cega programada. Presumo ter alguma razão nas propostas que defendo, por vezes, com alguma ironia, a qual, para ser eficaz, envolve, por vezes, certa caricatura. A vantagem da dialéctica defendida é mostrar claramente, como escreveu o meu mestre Henrique Carmona da Mota, duas perspectivas da mesma realidade, de forma a permitir uma imagem integral da mesma.
Falando de ironia e caricatura, aflora-me à mente O Triunfo dos Porcos (Animal Farm) de George Orwell, fábula publicada em 1945, que até pode ser uma sátira mas sem visados específicos, que não perdeu actualidade. O seu alvo é a sociedade, lato sensu. Presumo que F.C Fonseca se inspirou nele, ou pelo menos pensou no seu título, ao compor Porcos em Delírio, que releio, como terapêutica, nos momentos de má disposição para temperar o humor. Revisitando a apresentação do livro pelo malogrado colega e amigo João Vário, topo com as quatro figuras do quotidiano relacional utilitário, os discutidores da merdinha enfeitada, os matadores do burrinho do bispo, os passadores de pau – que deu o título de um dos meus livros – e os carochinheiros, cujas leituras recomendo vivamente aos meus leitores como desopilantes e premonitórios políticos, por serem figuras malignas, como nos adverte o autor, que se encontram em crescente e descarada proliferação, sobretudo no topo da nossa sociedade.
Após a aposentação, a minha posição tem sido puramente intelectual, idealista, e, na minha idade, de testemunho, que há pessoas, como eu, que aceitam mal e não o escondem, este estado de coisas – a falta de diálogo e a rejeição de colaboração franca daqueles que não pertencem à mesma cor política do Governo ou não aprovam todas as nuances por que têm passado essa cor – e se disponibilizam, de certa forma, para lutar contra a corrente, por não se conformarem com uma governação que se tornou autista e discriminatória.

Lisboa, Maio de 2014                                                            Arsénio Fermino de Pina
                                                                                      (Pediatra e sócio honorário da Adeco

domingo, 25 de janeiro de 2015

[7727] - GENTE QUE NÃO SE ESQUECE...

Manuel Figueira
Quem foi Teodoro Gomes, cujo nome popular era “Cunke”?
Segue-se a transcrição de dois curtos parágrafos que se encontram na página do Calendário de 1999, publicado pela Câmara Municipal de S. Vicente:
“Cunke aprendeu serralharia-mecânica nas Oficinas Inglesas tendo-se tornado exímio Mestre das Oficinas do Estado, na Pontinha, em 1932.
Várias gerações de jovens rapazes desta ilha, e não só, passaram pela Oficina do “Cunke” e, ainda hoje, existem muitos que ficaram a dever a sua formação à amável dedicação e arte de ensinar, deste filho de S.Vicente.”

Mais tarde
Sentindo na alma 
O peso da tristeza do lugar 
A casa em ruínas e a solidão da paisagem 
Decidi sublimar minha angústia 
Prestando Homenagem Ao Mestre Cunke 
Através das tintas, dos pincéis, da tela
Criando a pictórica composição intitulada 
“CAMPO DE SOL. SOLIDÃO”


(Colab. de José F. Lopes)