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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

[8501] - ACONTECEU A 30 DE SETEMBRO...



1452 – Edição da primeira parte de A Bíblia, impressa por Johann Gutenberg.

1791 - Estreia-se, em Viena, "A Flauta Mágica", última ópera de Mozart, sob a direcção do compositor.

1808 - É restabelecido o Exército Português, com a expulsão das forças de Napoleão Bonaparte.

1846 - O éter é usado como anestésico pela primeira vez.

1924 - Nasce o escritor norte-americano Truman Capote, autor de "A Sangue Frio" e "Música para Camaleões".

1935 - Estreia-se o musical "Porgy and Bess", de George Gershwin.

1946 – Encerra o julgamento do Tribunal Militar Internacional de Nuremberga, Alemanha, confirmando a culpa dos dirigentes nazis, na II Guerra Mundial e no Holocausto.

1949 - Termina a ponte aérea de Berlim, depois dos 227.264 voos que levaram mais de dois milhões de toneladas de produtos à população de Berlim Ocidental, bloqueada pelas forças da URSS.

1955 -- Morre o ator norte-americano James Dean.

1960 – O canal ABC transmite pela primeira vez a série The Flinstones, de Joseph Barbera e William Hanna.

1966 - Os criminosos de guerra nazis von Schirach e Albert Speer são libertados da prisão de Spandau, em Berlim. Rudolf Hess permanece preso.

[8500] - RAÇAS IMPURAS...

José Eduardo Agualus

Os portugueses são, de fato, essa mistura antiga de árabes, judeus e negros

Assim como os brasileiros gostam de contar piadas de portugueses, os portugueses gostam de contar piadas de alentejanos. Os alentejanos são, digamos assim, os portugueses dos portugueses. Amo o Alentejo. Tenho uma enorme simpatia pelos alentejanos. Se tivesse nascido em Portugal gostaria que fosse em Évora. As largas planícies alentejanas lembram, até certo ponto, as savanas africanas. O Alentejo é o único lugar onde Portugal parece grande.
Durante séculos, o sul de Portugal recebeu escravos negros. Em 1761, ano em que o Marquês de Pombal determinou o fim da entrada de escravos em Portugal, ainda haveria pelo menos cinco mil a trabalhar nas planícies alentejanas. Persistem sinais dessa presença em alguma toponímia e até em certos nomes de família, de origem banto.
A influência árabe, essa, é evidente. Inclusive na música. O fado, aliás, está tão próximo de alguma tradição árabe que há quem junte as duas e é como se sempre tivesse sido assim. Ouçam por exemplo o jovem Ricardo Ribeiro, cantando, em árabe e português, na feliz companhia do alaúde do libanês Rabih Abou-Khalil. Ouçam a seguir a cantora tunisina Amina Alaoui em “Arco-íris”, um dos mais belos discos de fado que eu conheço.
Pensei nisto tudo no aniversário de Zambujo, enquanto um grupo de alentejanos, numa mesa próxima, começava a cantar. Aquele pátio belíssimo podia ser em Tanger. Podia ser em Marrakech ou em Casablanca. Neste mesmo dia, à tarde, assisti a uma reportagem sobre o drama dos refugiados sírios. Uma moça de voz estridente, entrevistada na rua, insurgiu-se contra a possibilidade de Portugal receber alguns desses refugiados ou quaisquer outros “árabes”, gente, afirmava ela, sem laços de sangue e de cultura com Portugal. Escutei-a horrorizado. Não há maneira de me conformar com a ignorância.
Lembrei-me de um episódio que me contou Mário Soares. Um dia, num encontro que o antigo presidente português teve com Yasser Arafat, para discutir o interminável conflito israelo-árabe, este chamou-lhe a atenção para a herança árabe da Península Ibérica: “Vocês, portugueses, têm de nos apoiar. Afinal, vocês são árabes”.
“É verdade.” Reconheceu Soares, e logo acrescentou: “Mas também somos judeus”.
Os portugueses são, de fato, essa mistura antiga de árabes, judeus e negros. Os brasileiros são a mistura, ainda mais desvairada, de portugueses, africanos, índios, libaneses, japoneses etc. Um português que odeie “árabes” é um português que se odeia a si próprio. Um neonazi português ou brasileiro é o mais esdrúxulo, ridículo e repulsivo dos oximoros. Contudo — pasme-se! — eles existem. Os comentários nas redes sociais, ou nos jornais on-line, são uma versão moderna dos antigos gabinetes de curiosidades, ou quartos de maravilhas, salas onde, nos séculos XVI e XVII, os fidalgos endinheirados acumulavam coleções de bizarrias, sortilégios e impossibilidades, como sereias empalhadas, cornos de unicórnios ou lágrimas de crocodilo. Nas caixas de comentários dos jornais, os prodígios, deformidades e monstruosidades não são físicos, mas ideológicos e morais. As pessoas exibem ali, com um estranho orgulho, as suas piores deformidades morais, a estreiteza aflitiva dos espíritos, as ideias mais monstruosas. Ali está a exaltada patricinha carioca, defendendo a interdição das praias da Zona Sul aos negros e pobres, ou o operário lisboeta que quer destruir a mesquita de Lisboa. Há de tudo.
Em Dresden, na Alemanha, um grupo de neonazis colombianos foi espancado por neonazis alemães quando tentava juntar-se a uma manifestação contra a entrada de refugiados sírios. Um deles queixou-se amargamente: “Já não basta que na Colômbia nos chamem morenonazis. Nós somos de raça pura, sim, apenas escurecemos um pouco por causa do clima”.
É a história do ratinho que achava que era um gato, até que um gato o comeu.
António Zambujo fez 40 anos. Para festejar o acontecimento, juntou um grupo de amigos num pátio de Lisboa. Quando cheguei, o rio Tejo, lá ao fundo, ainda guardava o último fulgor do dia. Era como um incêndio desaguando na escuridão. A escuridão era o mar. Conheci António Zambujo em São Paulo. Foi Marília Gabriela quem pela primeira vez me falou dele: “Você já ouviu um fadista português chamado António Zambujo?” — perguntou-me. Disse-lhe que não: “Não existe. Se existisse eu saberia”. Então ela ofereceu-me um disco, era o “Outro sentido”, de 2007, e eu fiquei maravilhado. Não sabia que havia em Portugal alguém a fazer música assim. Tentei justificar a minha ignorância: “Você disse-me que era um cantor português e este António é alentejano”. (in O Globo)


[8499] - DESMAZELO...


São muitas as praças que não têm passado um bom momento nos últimos anos, na cidade do Mindelo, nomeadamente, a Pracinha dos Namorados, em frente ao Centro de Juventude e ao lado da Universidade do Mindelo e a Praça José Lopes da Silva.
A Pracinha dos Namorados é conhecida por todos os mindelenses e frequentada maioritariamente pelos jovens, principalmente casais que a procuram depois de um passeio, onde podem ter alguma privacidade entre namorar e conversar.
Mas alguns reclamam da sua condição degradante afirmando que precisa urgentemente de uma intervenção por parte da Câmara Municipal de São Vicente para a sua restauração, uma vez que esta possui uma grande história no seio mindelense.
Paulo Fonseca, morador da zona ao redor da praça diz que esta se encontra num estado praticamente acabado precisando de obras de manutenção como é o caso dos bancos que precisam de ser reabilitados e restaurados, pois o cimento está praticamente destruído e o próprio chão precisa de grandes intervenções.
O mesmo avança  que a CMSV precisa de um plano de apoio e colaboração para preservar tudo aquilo que é bem público “e a Praça dos Namorados é um bem público”, pois parece que o Estado ou a Edilidade não têm verbas para financiarem a reabilitação dos mesmos e, sendo assim, questiona, porque “não correm atrás de parceiros e amigos que possam ajudá-los nestes projectos”.
Paulo relembra ainda que em finais de 2013, a Câmara tinha anunciado que iria começar as obras e a manutenção das praças antes do final do ano, “e se alguma praça foi reabilitada, de certeza que não foi a Praça dos Namorados que serve actualmente também como depósito de lixo para algumas pessoas que se acham no direito de transformá-la num pardieiro”, conclui. (in Noticias do Norte)

[8498] - POEIRA DO PASSADO...

Quando meus pais e meu irmão abandonaram Leiria, em 1942,  para se fixarem em Cabo Verde (Mindelo), tinha eu oito anos e andava na 2ª Classe, como naqueles tempos se chamava ao segundo ano do ensino primário...Pelo sim e pelo não, fui ficando em Portugal, em casa de meus avós paternos, até que fosse possível fazer a minha transferência para uma escola em S.Vicente...
Esta foto foi obtida no pátio do 2º andar do Nº 874 da Rua de Santa Catarina, no Porto e esta senhora redondinha era a minha avó Laura, mãe de meu pai, seu filho único...
Tenho dela uma memória serena e uma açucarada saudade dos lanches a que me costumava levar, na Pastelaria Cunha isto, apesar de, um dia, tendo escorregado não se sabe em quê, se agarrou a mim e me arrastou para o chão...Bati com a cara no empedrado e fiz um lanho no lábio superior, de que conservei uma cicatriz durante anos...Claro que ficou aflita e ía desmaiando ao ver-me de cara ensanguentada..
Por precaução quando, tempos depois, voltamos à Pastelaria, fizemos o  percurso pelo passeio do outro lado da rua...Minha avó Laura era, pelos vistos, supersticiosa...

terça-feira, 29 de setembro de 2015

[8497} - ACONTECEU A 29 DE SETEMBRO...

1547 - Nasce o escritor espanhol Miguel de Cervantes Saavedra, criador do romance moderno com a "A Vida Aventurosa do Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha", publicado há 400 anos (1604).

1821 - As Cortes constituintes rejeitam as medidas apresentadas por D. João VI sobre o Brasil. O soberano tentava manter inalterável o sistema colonial.

1829 - A Scotland Yard é criada em Londres.

1864 - Nasce o escritor e filósofo espanhol Miguel de Unamuno.

1908 - Morre o escritor brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis.

1912 - Nasce o cineasta e escritor italiano Michellangelo Antonioni, realizador de "Blow Up".

1923 - Começa o mandato britânico na Palestina.

1938 - Conferência de Munique. As potências europeias aceitam a transferência dos Sudetas para a Alemanha de Hitler, na condição de manutenção da paz.

1939 - II Guerra Mundial. A Polónia é dividida entre a Alemanha de Hitler e a URSS de Estaline.

1941 - II Guerra Mundial. Holocausto. Começo do massacre de Babi Yar, perto de Kiev, na Ucrânia. Cerca de 34 mil judeus são aniquilados em dois dias, pelas forças nazis, no início da invasão da URSS.

1992 - Fernando Collor de Mello, presidente do Brasil, é incriminado pelo Parlamento e suspenso do cargo.

(Efemérides on Line)

[8496] - DA RETÓRICA OCA DOS DEBATES...



SOBRE A NATUREZA DO DEBATE ELEITORAL

Creio que tem havido um crescente abastardamento do conceito de vitória ou derrota nos debates eleitorais em que as televisões e as rádios põem em confronto dois ou mais políticos. O uso habilidoso da palavra, os ardis de linguagem e a fluência da retórica parecem mais valorizáveis aos olhos dos comentadores e analistas do que o conteúdo concreto das ideias, a substância ideológica das convicções e a credibilidade dos programas eleitorais em presença.
Assim sendo, parece não haver grande destrinça do ponto de vista ético-moral entre o malabarista ou vendedor de banha de cobra e o homem parco ou trôpego de palavra mas rico de carácter e princípios. A mentira sistematicamente repetida, a mistificação e o manobrismo rasteiro tendem a ser cada vez mais tolerados no jogo feio em que se converteu o pleito democrático. Quem não se acautele com o conveniente apetrecho dialéctico para fazer passar a sua mensagem, pode ser desfeiteado pelo opositor de palavra fácil e voz bem colocada, mesmo que entre um e outro a diferença seja como a que separa o dia da noite, em matéria de seriedade, verticalidade e honestidade intelectual. 
Poderíamos deduzir que uma das razões deste estado de coisas é o acesso às fileiras das juventudes partidárias ter passado a estar particularmente facilitado ao jovem falido nos estudos mas de espírito militante, habilidoso e oportunista que, enquanto cola cartazes, vai pontuando no tirocínio do manejo da palavra, tendo-o como um objectivo carreirista em si mais do que o propósito de servir condignamente a causa pública. Em contrapartida, o jovem que triunfa nos estudos e cuida de adquirir uma boa ferramenta académica e profissional para bem servir o país, pode enveredar nas hostes partidárias, mas isso por certo não esgotará a sua capacidade opção de vida. E é quase garantido que constitui um valor potencial para o futuro da política.
O que, por outro lado, confrange é ver comentadores e analistas da nossa praça enfermarem do mesmo olhar viciado sobre a fenomenologia política. Convenhamos que nos últimos debates eleitorais, houve comentadores e analistas que mais pareciam sê-lo do pugilismo. Estavam mais atentos ao efeito do “uppercut” ou do “nockdown” sofrido pelo contendor momentaneamente distraído do que ao conjunto integral do seus requisitos de ordem política e moral. Ou seja, o conteúdo e a justeza do que se propõe parecem contar menos que a atitude manhosa e o golpe baixo para somar pontos. No entanto, e felizmente, há ainda quem tenha a coragem e a lucidez cívica de distinguir o trigo do joio, fugindo ao estereótipo, e não se coibindo de pôr o dedo na ferida quando isso é necessário para a dignificação da vida cívica.
Para mal dos pecados nacionais, esta forma enviesada e deletéria de olhar para a política espelha-se de forma nua e crua nas redes sociais. Muitos cidadãos que intervêm nessas redes revelam uma triste e lamentável carência de formação e informação cívicas, como o demonstram a natureza e o estilo de algumas intervenções e críticas produzidas. Ainda não há muito tempo, escrevi neste espaço um texto em que opinava sobre a falta de uma acção cívica e cultural que pudesse ter dado continuidade às “campanhas de dinamização cultural” que o Movimento das Forças Armadas promoveu a seguir ao 25 de Abril, mas que infelizmente se desviaram da sua intenção original ao serem instrumentalizadas por alguns partidos políticos. 
Na verdade, é surpreendente ver pessoas de estrato social modesto e que mal sabem escrever ou exprimir uma ideia, a aceitar ou apoiar, nas redes sociais, políticas que defendem a privatização de sectores vitais do Estado como a Educação e a Saúde, o embaratecimento do trabalho e a continuação da nossa fidelidade canina a uma política geral da União Europeia orquestrada por políticos que ideologicamente se afastam a olhos vistos dos princípios que inspiraram os seus fundadores.
Creio que não é exagero considerar que o caldo da nossa cultura cívica está um pouco azedo e que urge aplicar-lhe um antídoto qualquer. O mesmo é dizer que temos todos de contribuir para que a política se limpe e se dignifique, de forma a tornar-se uma verdadeira via para a formação integral do homem, o progresso social e a construção do futuro colectivo, resgatando-a das mãos de gente impreparada e pouco confiável.

Tomar, 20 de Setembro de 2015
Adriano Miranda Lima


[8495] - HAVERÁ ÁGUA EM MARTE?!...


[8494] - SAMATÁ...


Ontem, tive o grato prazer de almoçar com o "nosso" Valdemar, o "mnine de Soncente" que vive em Tours, juntamente com meu irmão e as nossas caras-metades...Do repasto falarei, no entanto, noutra oportunidade...
Repasto que foi abundante mas a conversa foi mais do que muita e, a determinada altura, estávamos a falar do tempo em que usávamos "sandálias" quando referi que, no meu tempo, no Mindelo as sandálias se chamavam "samatá"...
Foi aí que o Val exclamou: "Pois era pá, mas aposto que são sabes de onde vem a palavra..."
E apostava bem pois  há pouco tempo tinha até andado a desfolhar uma série de alfarrábios em busca das origens da palavra, que até cheira a árabe, sem ter conseguido chegar a nenhuma conclusão...
Perante a minha declaração de ignorância, o Val pronunciou, sentenciosamente, "SUMMERTIME"...
E, aí, fez-se luz no meu espírito e compreendi, imediatamente que "samatá" só poderia ser uma corruptela daquela expressão britânica, referindo-se, claro, a algo que, lá na terra deles, só se usa...no Verão (Summer...)
É bem verdade que, como dizia não sei que filósofo, a gente passa a vida a aprender e morre...sem nada saber!
Obrigado, ó Val!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

[8493] - C H E E R S !!!...

ONZE BENEFÍCIOS DO CONSUMO DE WHISKY...

O uísque (whisky na Escócia e whiskey na Irlanda e EUA) é uma das bebidas alcoólicas mais populares do mundo, graças ao seu sabor diferente e ao fato de ser a bebida que menos provoca ressaca. Acrescente-se o fato de possuir várias propriedades medicinais, e está explicada a história do seu sucesso.
Por favor, lembre-se de que uísque é bebida alcoólica. Portanto, o seu consumo deve ser de maneira responsável e moderada.
Uma breve história
Os primeiros registos dando conta da destilação de uísque datam do século 15, quando escoceses e irlandeses iniciaram o processo de fermentar grãos (principalmente cevada com malte) e destilar o resultado, chamando o produto de “Acqua Vitae” (água da vida), para utilização como medicamento.
Durante a Revolução Americana, a bebida foi usada como moeda e George Washington possuía uma destilaria em Mount Vernon. Durante a Lei Seca (1920-1933), apenas duas bebidas alcoólicas tinham permissão para consumo: vinho, por questões religiosas, e uísque, mediante prescrição médica.

Benefícios do uísque para a saúde:

1. Estimula a memória: O uísque contém antioxidantes que ajudam a melhorar a saúde do cérebro. Adicionalmente, o etanol contido no álcool estimula a circulação sanguínea, o que também contribui para a o bom funcionamento da memória.

2. Alivia o stress: Com moderação, o uísque pode reduzir o stress e acalmar os nervos. A combinação entre reduzir a actividade cerebral e aumentar a circulação, que fornece ao cérebro sangue oxigenado, é essencial para acalmar-se.

3. Combate o aumento de peso: Comparado com seus similares, o uísque é uma bebida alcoólica de baixa caloria, sem gordura nem colesterol. Se você está de dieta mas quer saborear uma bebida, esta é sua melhor opção.

4. Reduz o risco de AVC (derrames): O uísque impede o colesterol de acumular-se no sistema cardiovascular e pode auxiliar a remover o excesso de colesterol no organismo. Também relaxa as paredes das artérias, reduzindo o risco de obstrução. Tudo isto contribui para reduzir os riscos de AVC consideravelmente.

5. Reduz o risco de câncer: O uísque possui um antioxidante chamado “ácido elágico”, uma substância que impede o ADN de entrar em contacto com substâncias cancerígenas.

6. Auxilia a digestão: Durante séculos o uísque foi considerado um auxiliar da digestão e consumido após refeições pesadas. A composição do uísque e sua alta percentagem de álcool fazem com que ele seja um inibidor do apetite.

7. Faz você viver por mais tempo: Os antioxidantes no uísque ajudam a lutar contra os radicais livres - a causa número um do envelhecimento, além de prevenirem várias doenças. Assim, o seu organismo poderá ter uma vida mais longa e saudável.

8. Pode ser consumido – moderadamente – por diabéticos: UMA dose de uísque, jamais bebida com o estômago vazio, não fará mal aos diabéticos. Há que cuidar, pois embora a bebida não contenha hidratos de carbono, o seu alto teor alcoólico pode causar hipoglicémia (nível de açúcar no sangue inferior ao índice saudável).

9. Melhora a saúde do seu coração: Beber uísque pode, de fato, ajudar o seu coração a manter-se saudável, pois tem efeito similar ao vinho tinto. Reduz o risco de formação de coágulos e, portanto, previne a ocorrência de AVC e ataques cardíacos. Os antioxidantes do uísque também inibem a oxidação de lipoproteína de baixa densidade, um factor importante nas doenças cardíacas.

10. Melhora a saúde do cérebro: Uma pesquisa conduzida em 2003 demonstrou que, graças às qualidades antioxidantes do ácido elágico, o consumo moderado de uísque reduz o risco do Mal de Alzheimer e demência, bem como melhora as funções cognitivas. Basicamente uma dose por dia é o suficiente.

11. Previne e trata de gripes e resfriados: O uísque é conhecido por seus efeitos positivos em relação a alergias e resfriados. É um eficaz xarope para para aquela tosse provocada por uma “coceira na garganta”. O álcool ajuda a matar bactérias na garganta. Melhores resultados são obtidos ao se adicionar um pouco de uísque a uma xícara com água quente e suco de limão.






[8492} - O MUNDO PÓS GUERRA FRIA...

José Fortes Lopes
9- 3º Mundo, Independências, Revolução e Fim da Guerra Fria

In Cabo Verde 40 anos após a Independência

A queda do Muro de Berlim veio trazer uma catadupa de revelações sobre a verdadeira realidade do socialismo na ex-União Soviética e mais tarde na China de Mao. Da Coreia do Sul de Kim-il-Sun à Cambodja de Pol Pot, passando pela Guiné-Bissau de Luís Cabral (para citar um exemplo africano), as principais revoluções do século XX acabaram todas em desastres humanos e socioeconómicos (1). O Livro Negro do Comunismo de Stephane Courtois (1,2), uma espécie de enciclopédia do comunismo no Mundo, revela que, em oitenta anos de regimes comunistas ou pró-marxista-leninistas, houve um saldo trágico de quase 100 milhões de mortos, com a esmagadora maioria das vítimas nos dois gigantes do marxismo-leninismo. As revelações deitaram por terra a badalada crença nas utopias que atravessaram o Mundo, que consistiam na possibilidade de construir pela força e através de regimes “socialistas”, uma sociedade nova, totalmente igualitária, onde imperaria uma justiça social perfeita, em suma, paraísos na terra e futuros radiantes. As principais causas que mobilizaram milhares ou milhões de pessoas no Terceiro Mundo consumiram-se no tempo e acabaram invariavelmente traídas ou esvaziadas dos seus conteúdos, provocando a maior das desilusões em quem nelas acreditou: sem tentar aqui ser advogado do quer que seja, podemos constatar que afinal o melhor dos ‘socialismos científicos leninistas’, excluindo obviamente a actual Coreia do Norte para não piorar o quadro, não foi melhor do que o mais vulgar modelo social-democrata europeu (nomeadamente o do Norte da Europa) defensor de políticas sociais bastante avançadas e de êxito comprovado. Podemos no entanto alegar que se tratou de uma experiência humana e que, apesar de tudo, todos os caminhos levam à Roma, embora uns com mais ou menos sacrifícios!!! Com a resolução pela negativa do comunismo, o campo adverso liderado pela maior e mais poderosa potência capitalista de então, os EUA, rejubilava, predominando uma sensação de vitória e de triunfo total, e de tal forma que levou Francis Fukuyama (3) a vaticinar, ingenuamente, o Fim da História, já que para a ele a História do século XX se resumia à luta entre o capitalismo e o comunismo. Hoje sabemos que ele estava redondamente enganado e que cometeu um erro crasso de apreciação com a sua visão simplicista, pois o Mundo hoje é bem mais complexo e difícil do que o da Guerra Fria, e poderemos ter entrado num novo capítulo, uma nova era da história da Humanidade, o da Globalização e das suas contradições insanáveis. Embora este tema não seja aqui o objecto principal, torna-se evidente que hoje, mais de que nunca, se impõe um mecanismo de regulação: do Sistema Global (que se denominou Mundialização) do poder dos “Mercados”, das trocas desiguais entre Norte e Sul e das desigualdades crescentes no seio dos países do Sul. 
Depois de um século de revoluções, nomeadamente no Terceiro Mundo, não é despiciendo recolocar hoje de novo a questão que sempre dividiu os ‘progressistas’ do século XX, e que invariavelmente fora uma questão dilacerante nos momentos de transição das sociedades (colocou-se na Rússia de 1917, entre as correntes que lutavam pelo fim do Czarismo): reforma ou revolução, reformismo ou revolução? Será o Reformismo (de esquerda ou de direita) capaz de realizar as transformações sociais que o processo revolucionário se propõe, e com vantagem de ser a via mais segura e eficaz? Será que as grandes transformações históricas reclamam necessariamente o vanguardismo revolucionário e o recurso à ruptura traumática e muitas vezes com custos humanos? A resposta não parece tão evidente, hoje como há cerca de 100 anos, e bastará observar as revoluções árabes que fustigaram o Médio Oriente desde 2010 e que acabaram em caos ou em total retrocesso civilizacional. As revoluções podem em raros casos produzir transformações sociais (muitas resolveram problemas de injustiça social), mas todas elas saldaram-se no Terceiro Mundo em inconsequências e em paradoxos, com resultados concretos muito aquém dos esperados, ou mesmo contraditórios em relação aos pressupostos iniciais. Como sempre, têm consumido invariavelmente os melhores dos seus próprios filhos, a começar, obviamente, pelos seus protagonistas, os mais puros, os mais ingénuos ou inexperientes, acabando os piores por trepar aos lugares cimeiros do poder, pois tudo acaba quase invariavelmente numa luta fratricida para a disputa do poder em que nem sempre vencem os mais qualificados e os mais aptos. Sobre a natureza dos regimes no Terceiro Mundo implantados após as independências, Paulo Fagundes Visentini em “As Revoluções Africanas, Angola, Moçambique e Etiópia” (4) “traça o cenário que possibilitou a eclosão das revoluções de cunho social ou socialista na África nos anos 1970, focalizando as consideradas mais marcantes: as que mudaram os regimes de Angola, Moçambique e Etiópia”. Segundo o autor, “essas revoluções têm as mesmas características políticas e, do ponto de vista histórico, compartilham a mesma conjuntura que estimulou revoluções semelhantes em vários países do Terceiro Mundo naquele período, incluindo os movimentos de libertação das tardias colónias portuguesas, que acabaram por abrir caminho para revoluções nacionais democráticas e até socializantes. Visentini analisa as lutas árduas decorrentes desses movimentos revolucionários, que tiveram de enfrentar forças conservadoras nacionais e estrangeiras poderosas, e as transformações sociopolíticas que promoveram ao longo dos 15 anos seguintes à tomada do poder”. “Hoje, pouca gente conhece ou se lembra de tais experiências, pois a historiografia pós-Guerra Fria rotulou-as simplesmente como regimes autoritários de partido único”, escreve Visentini, lembrando que, “embora possa ser aplicado a quase todos os Estados africanos nascidos naquele período, tal rótulo foi usado apenas para designar os governos que se posicionaram como de esquerda”. Esta visão idílica e até apoiante de regimes autoritários de partido único, de Visentini, difere da pessimista do agrónomo francês René Dumont (5) que já afirmava nos anos 60 da independência que “L'Afrique noire est mal partie “, o livro que fez escândalo nos meios ‘progressistas’ da época, os irredutíveis apoiantes de todo e qualquer regime africano sanguinário desde que se autoproclamasse marxista ou “progressista”. O angolano Miguel Oliveira autor de “A África entre a «cortina de fumo»: a utopia dos africanistas, as ditaduras e os golpes de estado no pós¬-independência” (6) defende que “A África é um continente angoevo e opíparo, acredita-sse que os primeiros seres humanos terão surgido aqui. Hodiernamente é conhecido numa visão científico¬-histórica como o “Berço da Humanidade”, pois as investigações paleontológicas e arqueológicas têm vindo a provar que a génese do homem, a evolução biológica, a sua transformação, assim como o surgimento das primeiras civilizações tiveram como demiurgo a África. Paradoxalmente, o “Berço da Humanidade” tem sido conotado como alfobre da miséria, guerra, fome, variados tipos de doenças, má governação e apresenta uma augusta letargia económica… Os «Pais do pan¬-africanismo» tinham dado o seu «litro de sangue» à revolução africana, mas o tempo transformá-lo¬-ia em autênticos ditadores. Estes tinham combatido heroicamente o «colonialismo branco», todavia, preferiram implantar o «colonialismo negro» apelidado de socialismo e sem sombra de dúvida foi o principal martírio que os povos africanos tiveram que viver depois da colonização europeia. A elite através do nepotismo usufruía o que o poder tinha de melhor, enquanto o povo evoluía de pobres para miseráveis; havia uma corrupção exacerbada, mortes indiscriminadas de opositores políticos, privação sistemática dos direitos dos cidadãos, pior em tudo isso é que o poder promovia exclusão social de certos grupos étnicos e até de intelectuais que tinham contribuído para a revolução africana. Muitos estadistas africanos pensavam que o país era uma herdade que tinham herdado dos seus «avós ou bisavós». Por isso, o que vem a seguir em África no pós-¬independência é horrível, e o continente vai ser alvo de inúmeros golpes de estado que acontecem de forma vertiginosa, o que o levará à deriva. Os dirigentes africanos tinham adoptado uma visão política radicalmente maquiavélica, alicerçada sobre a prepotência e o autoritarismo, era a visão do quimérico socialismo que de um lado defendia «tudo para todos; só come quem trabalha» do outro lado estava trasvestido da frase de Maquiavel que diz: «os fins justificam os meios, e o êxito político desculpa os crimes cometidos para o atingir, e o príncipe deve praticar o bem quando possível e o mal sempre que é necessário». A História da África traz¬-nos factos relevantes sobre Pan¬-africanistas conspícuos metamorfoseados em ditadores no pós¬-independência”. A África é pois um continente que tem ficado para trás na senda do progresso e transformações que ocorreram no Mundo desde o fim da 2ª Guerra, não sabendo adaptar políticas para se afirmar pelo primado das nações que integra e como continente: o principal culpado desta situação incumbe aos africanos que já são na sua maior parte independentes há mais de 40 anos. A jornalista francesa Anne-Cécile Robert (7) defende que a África sonha com uma "segunda independência" e que o continente pode não estar condenado aos golpes de Estado, "democracias FMI", emigração e miséria. Obviamente que a natureza do capitalismo e do imperialismo tem vitimado claramente o continente africano devido aos enormes desequilíbrios entre as trocas comerciais praticadas, com a matéria-prima a ser adquirida a preços muito abaixo do seu valor real e quase sempre envolvendo contrapartidas que são mais do interesse do importador do que os do país africano, e envolvendo de permeio esquemas corruptos em que beneficiam agentes africanos. Os africanos de uma maneira geral continuam a defender visões dos anos 60/70 totalmente ultrapassadas no Mundo de hoje. A luta frontal ao capitalismo e ao imperialismo, que muitos continuam utopicamente a defender, nunca resultou e até pode ser suicida, dada a flagrante diferença dos poderes em confronto. A China deu o exemplo de como usar as vantagens do capitalismo global para sair do marasmo em que se encontrava e desenvolver a sua economia, e hoje até aspira a ser uma das maiores superpotências do século XXI, e será talvez uma nação imperialista com que a África terá que contar. Se a África não adoptar um modelo pró-activo, então só será capaz de erigir um “Muro das Lamentações” do tamanho da Torre de Babel (continua).

Referências bibliográficas:
1-https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/09/o-livro-negro-do-comunismo-crimes-terror-e-repressao.pdf
2-http://lelivros.site/book/download-o-livro-negro-do-comunismo-stephane-courtois-epub-mobi-pdf/
3-http://www.fnac.pt/O-Fim-da-Historia-e-o-Ultimo-Homem-Francis-Fukuyama/a189617
4-http://www.editoraunesp.com.br/catalogo/9788539302253,revolucoes-africanas-as
5-http://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=20979:a-africa-entre-a-cortina-de-fumo-a-utopia-dos-africanistas-as-ditaduras-e-os-golpes-de-estado-no-pos-independencia-oliveira-miguel&catid=17:opiniao&lang=pt&Itemid=1067
6-http://www.seuil.com/extraits/9782021086447.pdf
7-http://www.esquerda.net/dossier/%C3%A1frica-sonha-com-segunda-independ%C3%AAncia

[8491] - POEIRA DO PASSADO...


O ano, creio que será 1942, o local, a Rua do Senador Vera-Cruz, Mindelo, S. Vicente, o estabelecimento, era o primeiro de meu pai e o oficial do exército postado à porta não faço a mínima ideia de quem seja... A porta à esquerda era a da entrada na residência, de que a loja era um anexo...Em frente, havia o muro imenso das traseiras do Telégrafo...Mais à esquerda ficava a casa do futebolista, depois médico, Jorge Humberto Gomes e, logo a seguir, morava e tinha o estúdio, Nhô Djunga, fotógrafo, um dos melhores seres humanos que, em muitas décadas de vida, tive o privilégio de conhecer de forma muito próxima...
Aqui vivi os meus primeiros anos de "m'nine de Soncente", antes de mudar para a Rua de Lisboa e, mais tarde, para a Rua da Moeda...
Foi há mais de 70 anos,  mas parece que foi ontém!

domingo, 27 de setembro de 2015

[8490] - O CAFÉ SUSPENSO...

Entramos num pequeno café na Bélgica, com um amigo meu e fizemos o nosso pedido. Enquanto estamos a aproximar-nos da nossa mesa duas pessoas chegam e vão para o balcão:
- "Cinco cafés, por favor. Dois para nós e três suspensos."
Pagaram a sua conta, pegaram em dois cafés e saíram. Perguntei ao meu amigo:
- "O que são esses cafés suspensos?"
Ele respondeu-me:
- "Espera e vais ver."
Algumas pessoas mais entraram. Duas meninas pediram um café cada, pagaram e foram embora. A ordem seguinte foi para sete cafés  por três advogados - três para eles e quatro "suspensos". Enquanto eu ainda me pergunto qual é o significado dos "suspensos" eles saem. De repente, um homem vestido com roupas gastas que parece um mendigo chega na porta e pede cordialmente:
- "Você tem um café suspenso?"
Resumindo, as pessoas pagam com antecedência um café que servirá para quem não pode pagar uma bebida quente. Esta tradição começou em Nápoles, mas espalhou-se por todo o mundo e em alguns lugares é possível encomendar não só cafés "suspensos" mas também um sanduíche ou uma refeição...
Ora, aí está um hábito que se recomenda e que custa tanto como um telefonema para os concursos da televisão...

[8489] - A "CICATRIZ" DO CR7...


>>>> Em 22 de junho de 2014, Portugal enfrentou os Estados Unidos na Copa do Mundo do Brasil e o jogo terminou empatado com dois gols para cada time.
>>>>> Independente do resultado, o mundo inteiro notou que Cristiano Ronaldo, o capitão do "team" Português, apresentou um corte de cabelo interessante, com um zigue-zague ao lado direito de sua cabeça.
 >>>>> O corte com a marca foi feito como tributo do jogador ao menino Erik Ortiz Cruz, de apenas 10 meses de idade na ocasião.
>>>>> Erik possui um tipo de epilepsia rara e sofre com mais de 30 ataques epilépticos por dia, e necessitava de uma cirurgia delicada no cérebro para continuar vivendo.
>>>>> A família de Erik que mora na Espanha e são fãs do Real Madrid onde Cristiano Ronaldo actua como estrela principal contactou os representantes do jogador pedindo apenas por uma camiseta.
>>>>> A peça seria leiloada em um evento para levantar fundos para pagar a cirurgia de Erik.
>>>>> Cristiano quando soube que a família não tinha como pagar a cirurgia do garoto e estava realizando eventos para levantar os fundos, ofereceu-se para pagar todos os custos de hospital, que resultaram num total de mais de €50,240 euros, quase R$ 153.000,00.
>>>>> O corte de cabelo e a marca em zigue-zague na cabeça de Cristiano corresponde exactamente à cicatriz na cabeça do pequenino Erik após a cirurgia no cérebro.
(Colab. Tuta Azevedo)

[8488] - A MANIPULAÇÃO DA OPINIÃO PUBLICA...


 É de Noam Chomsky, linguista, filósofo e activista político norte-americano, esta afirmação: “A propaganda representa para a democracia aquilo que o cacete significa para o estado totalitário”. E logo vem-nos à mente o texto das conhecidas “Dez estratégias de manipulação da opinião pública”, que se atribui à sua autoria mas que alguns dizem pertencer ao francês Sylvain Timsit, que pode ter-se inspirado, sim, em obras de Chomsky, como "Silent Weapons for Quiet Wars". No entanto, esta questão não parece suficientemente esclarecida, sendo a autoria normalmente reconhecida ao intelectual americano.
    É irrecusável não associar tempestivamente esse conjunto de estratégias à emergência do chamado neoliberalismo e à ascensão do primado do mercado financeiro sobre a vontade soberana dos países democráticos. É que não seria de esperar que a tomada do poder por quem detém os cordelinhos do domínio financeiro, se contentasse com o improviso ou se subordinasse à mera casualidade dos acontecimentos. As estratégias de dominação são concebidas em altas instâncias e o encadeamento dos seus efeitos e o ajustamento dos procedimentos da sua modulação inscrevem-se num plano de conduta que se ajusta constantemente à realidade e às suas incidências pontuais. Se observarmos o comportamento do FMI e das agências de notação de crédito, com todo o seu rol de contradições, imprecisões e incongruências, verificamos que essas instituições não se desviam da rota das suas congeminações, não obstante expedientes de diversão ocasionais para enganar o pagode, de que a Christine Lagarde tem sido um exemplo perfeito.
    E quando pensamos nas tais “10 estratégias de manipulação da opinião pública” ─ que não tencionamos aqui reproduzir ou analisar exaustivamente ─ não será com surpresa que as vemos transparecer, com maior ou menor grau de improviso ou cálculo premeditado, na política portuguesa dos últimos anos. Cada um poderá fazer o seu próprio juízo sobre a relação das seguintes estratégias com factos e acontecimentos concretos e iniludíveis da nossa vida pública dos últimos tempos:

    “Promover a distracção”: desviar a atenção do público dos aspectos gravosos das políticas, mediante bombardeamento de informação e notícias sobre aspectos corriqueiros e insignificantes da vida nacional. Nisto, as televisões e alguns jornais têm papel relevante: telenovelas e concursos ridículos e infantis em horário nobre, em detrimento de programas educativos e formadores de uma consciência cívica; ou jornais que preferem escândalos ou devassa da vida privada ao tratamento de questões relevantes ou do interesse dos cidadãos;
    “Instigar o ciclo problema-reacção-solução”: cria-se ou incentiva-se o surgimento de um problema ou situação, para provocar uma reacção no público de modo a oferecer-se precisamente a solução que estava na mente do governo; 
    “Gradualidade ou diferimento de acções”: aplica-se ao longo de anos medidas que progressivamente afectam as condições de vida dos povos, que se introduzidas de uma só vez gerariam uma reacção social violentíssima;
    “Cedência temporária para lograr um objectivo mais tarde”: no fundo, corresponderá ao empurrar um problema com a barriga, dando tempo para a sociedade ir paulatinamente aceitando a solução que interessa ao poder;
    “Dirigir-se ao público como se ele fosse infantil”: utilizar linguagem excessivamente simplificada ou argumentos de um basismo confrangedor, de forma a minimizar uma reacção crítica alicerçada na apreensão da complexidade dos fenómenos;
   “Sobrepor a emoção à razão”: instilar uma carga emocional na abordagem de um problema sério para ofuscar uma atitude racional na sua percepção por parte do público;
     “Estimular a complacência com a mediocridade”: as televisões são o meio de eleição para esta estratégia. É o exemplo de programas como a “Casa dos Segredos”, com a efémera projecção pública de pessoas como o Zé Maria e outras destituídas de qualquer valor cívico ou mesmo humano;
    “Manter o povo na ignorância”: ajusta-se mais aos regimes de ditadura, e Salazar era efectivamente um paradigma perfeito. Significa não apostar demasiadamente na escolarização para não despertar uma viva consciência política nas classes mais desfavorecidas. Em África, bem sabemos que o objectivo era retardar o mais possível a emancipação das colónias;
    “Instigar a assunção da culpa ou auto-responsabilização”: o exemplo concreto bem actual é considerar os países do Sul da Europa culpados do seu relativo atraso por serem preguiçosos, gastadores e irresponsáveis. No âmbito interno, os pobres e os desempregados serão os responsáveis pela sua situação;
    “Conhecer os indivíduos melhor do que eles próprios”: as estruturas do poder conhecem cada vez mais a natureza humana, em toda a multiplicidade do seu comportamento, e assim conseguem acertar com o tempo, o modo e a oportunidade de impor ou graduar as suas estratégias ou tácticas de dominação. Hoje, as elites estão mais capacitadas para mapear o ser humano mercê do avanço das ciências biológicas, neurobiológicas e psicológicas.

    Posto isto, é um facto que nenhuma força política que tenha governado Portugal nas últimas décadas poderá livrar-se da suspeita de instrumentalização da comunicação social para alcançar e manter o poder. Porém, há sinais indisfarçáveis de que o actual governo e a força política que o suporta ultrapassaram a fase inicial de aprendizagem e hoje dominam procedimentos que se entrelaçam claramente com algumas das estratégias atrás delineadas. Se, para ganhar as últimas legislativas, o actual governo utilizou, de uma maneira sem precedentes, um chorrilho de mentiras e falsas promessas, hoje, para conservar o poder excede os limites. Com efeito, a manipulação de estatísticas, o uso de engodos de última hora (devolução de impostos, adiamento de medidas, etc.), a auto-desculpabilização de ministros, a insistência nas culpas do governo anterior, o auto-elogio descarado, a repetição sistemática de frases feitas contendo meias verdades ou deformando a realidade, são elementos indesmentíveis de uma estratégia de manipulação que só a desatenção ou uma atitude acrítica não percepcionam.
    Ora, conjugam-se circunstâncias desfavoráveis à expressão livre da vontade nacional. Os meios de comunicação social são geridos por grupos privados, que não podem deixar de optar por governos ideologicamente mais identificados com a doutrina e a principiologia neoliberal. A lógica do mercado e o feroz controlo financeiro prevalecem sobre o bem-estar do homem, que vê as suas conquistas sociais sujeitarem-se a uma subversão nunca imaginada. Alguns comentadores da cena pública são os títeres de uma propaganda em que ridiculamente o homem é inscrito como um simples elemento parcelar de gráficos e cálculos contabilísticos e não como o centro de todas as decisões.

    Exige-se que o cidadão observe com mais aturado sentido crítico o que se passa à sua volta.

Tomar, 31 de Agosto de 2015
Adriano Miranda Lima


[8487] - POEIRA DO PASSADO...


Hoje resolvi ir ao fundo do baú das memórias físicas e encontrei esta foto de estúdio, batida há 80 anos, na cidade do Lis...O posador celebrava nesse dia o seu primeiro aniversário e esboçava um sorriso um tanto inigmático, como quem não percebe patavina do que se passa!

sábado, 26 de setembro de 2015

[8486] - CAPRICHOS DA NATUREZA...
















(Clube Matiota)


[8485] ~EFEMÉRIDE...

PAPA PAULO VI

A 26 de Setembro de 1897, nasce, em Concesio,  Itália, Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, que viria a ser Papa da Igreja Católica Romana desde 21 de junho de 1963 até à data da sua morte, em 6 de agosto de 1978.  Concluiu o Concílio Vaticano II que tinha sido iniciado pelo Papa João XXIII, seu antecessor, tendo tido um papel decisivo na colocação em prática das decisões alí consignadas.

[8484] - ESSES INTERMEDIÁRIOS...



(Do livro "Coisas do Djunga", de Arsénio de Pina)



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

[8482] - A VOZ DA RAZÃO...


Pela primeira vez, um chefe da Igreja Católica discursou ao Congresso dos Estados Unidos. E levou consigo uma longa lista de temas, apelos e preocupações: da migração à comercialização de armas, passando pela pena de morte, política e economia e alterações climáticas...

Maria João Bourbon
O primeiro discurso do Papa Francisco no Congresso norte-americano foi histórico. Não tanto pelos temas abordados esta quinta-feira, mas especialmente porque este foi o primeiro discurso de um Papa às duas câmaras do Congresso dos Estados Unidos, no Capitólio, em Washington. Mais uma vez, Jorge Bergoglio fez história.
Deixamos aqui cinco frases que ilustram cinco grandes temas abordados pelo pontífice argentino durante o discurso de 40 minutos no Congresso, proferido em inglês e interrompido várias vezes por aplausos estrondosos à esquerda e à direita - apesar de Francisco não se coibir de falar sobre assuntos sensíveis no contexto político norte-americano.
1. “Nós, pertencentes a este continente, não nos assustamos com os estrangeiros, porque muitos de nós há muito tempo fomos estrangeiros”
Abordando, de forma indireta, um dos temas quentes das Presidenciais norte-americanas de 2016, o Papa Francisco criticou a hostilidade contra os imigrantes, que tem em Donald Trump o seu expoente máximo. O candidato republicano tem afirmado publicamente a sua aversão aos imigrantes ilegais, acusando o México de enviar criminosos para os Estados Unidos. Também Ben Carson, pré-candidato pelo mesmo partido, gerou controvérsia ao dizer que não queria um Presidente muçulmano.
“Construir uma nação pede-nos para reconhecer que devemos constantemente relacionarmo-nos com os outros, rejeitando uma mentalidade de hostilidade para se adotar uma subsidiariedade recíproca, num esforço constante de contribuir com o melhor de nós. Tenho confiança que o conseguiremos”, declarou esta quinta-feira, acrescentando: “Digo-vos isto como filho de imigrantes, sabendo que muitos de vós são também descendentes de imigrantes.”
Falando na língua inglesa, Francisco pediu aos deputados para que “os erros do passado” não fossem repetidos. E acrescentou ainda que estes não se deixassem intimidar pela quantidade de imigrantes que entram no país para recomeçar a vida. “Não devemos deixar-nos assustar pelo seu número, mas antes olhá-los como pessoas, fixando os seus rostos e ouvindo as suas histórias, procurando responder o melhor que pudermos às suas situações.” E rematou ainda dizendo que devemos evitar “uma tentação hoje comum: descartar quem quer que se mostre problemático.”
2. “Por que motivo se vendem armas letais àqueles que têm em mente infligir sofrimentos inexprimíveis a indivíduos e sociedade?”
A pergunta é retórica e o Papa usa-a para falar dos fabricantes de armas e da hipocrisia dos que lucram com a sua venda, naquele que é o país que mais lucra com a venda de armas no mundo inteiro. “Infelizmente a resposta, como todos sabemos, é apenas esta: por dinheiro; dinheiro que está impregnado de sangue e muitas vezes sangue inocente.”
Francisco faz ainda um apelo aos deputados, dizendo que têm o dever de “enfrentar o problema e deter o comércio de armas”, sublinhando que estar ao serviço do diálogo e da paz significa “estar verdadeiramente determinado a reduzir e, a longo prazo, pôr termo a tantos conflitos armados em todo o mundo.”
3. “Tudo o que quiserem que os outros façam por vós, fazei-o pelos outros”
Mateus 7, versículo 12. É esta “regra de ouro”, proferida por Francisco durante o seu discurso ao Congresso norte-americano, que o leva a estar “convencido” que a abolição da pena de morte “é o melhor caminho, porque cada vida é sagrada, cada pessoa é dotada de uma dignidade inalienável e a sociedade só pode beneficiar da reabilitação daqueles que cometeram algum crime.” Francisco aponta este desafio não só para os Estados Unidos mas para o mundo inteiro, apelando à abolição mundial da pena de morte.
A frase serve ainda para o pontífice argentino falar na proteção da vida humana em “cada etapa do seu desenvolvimento”, numa referência rápida à posição da Igreja Católica contra a eutanásia e o aborto.
4. “Se a política deve estar verdadeiramente ao serviço da pessoa humana, não pode ser escrava da economia e das finanças”
Abordando temas como a pobreza, a fome e o progresso, o Papa Francisco recorda que a política não deve estar dependente da economia e das finanças, mas ser “a expressão da nossa insuprível necessidade de vivermos juntos em unidade”, estando orientada para a construção do “bem comum maior”. Ou seja, uma comunidade “que sacrifique os interesses particulares para poder partilhar, na justiça e na paz, os seus benefícios, os seus interesses, a sua vida social.”
A luta contra a fome e a pobreza deve ser, assim, uma batalha primordial, “travada com constância nas suas múltiplas frentes” e “nas suas causas”, defende Francisco. E aponta uma pista para solucionar este problema: a redistribuição de riqueza.
5. “Peço um esforço corajoso e responsável para redirecionar os nossos passos e evitar os efeitos mais graves da deterioração ambiental”
No seu discurso, Francisco não esqueceu as alterações climáticas. E defendeu a “utilização correta dos recursos naturais, a aplicação apropriada da tecnologia e a capacidade de orientar devidamente o espírito empresarial” para uma economia “moderna, inclusiva e sustentável.”
Os deputados têm hoje uma importante missão, garantiu o Papa: combater a deterioração do meio ambiente, que considera causada pela “ação humana”. “Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental que vivemos e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impactos sobre todos nós”, disse o Papa a uma assembleia constituída por uma maioria republicana que contesta a influência da atividade humana nas alterações climáticas.
O Papa voltou a puxar a questão ambiental para a esfera pública, um dia depois de ter abordado o tema na Casa Branca, sublinhando que este problema “não pode ser deixado para as gerações futuras” - na sequência da sua mais recente Encíclica “Laudato si”, publicada em junho.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

[8482] - INTERNACIONALIZAR, É PRECISO!...


Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.

O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr. Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo
e subir ou não o seu preço."

"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser
internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas
peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria
ter sido internacionalizado.

"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser
internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

"Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

"Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!

N.R. - Reprodução do original em português do Brasil...


[8481] - CADÊ ESSES GENÉRICOS?!

(Do livro "Coisas do Djunga", de Arsénio de Pina)

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

[8480] - A MEMÓRIA DO FUTEBOL...


EQUIPA DO FUTEBOL CLUBE DO PORTO
VENCEDORA DO PRIMEIRO CAMPEONATO DA
1ª DIVISÃO REALIZADO EM PORTUGAL
1921 - 1922
(Revista Filhos do Dragão)

[8479] - BENDITO FURACÃO...


As águas das chuvas dos primeiros dias de Setembro, por ocasião da passagem do furacão Fred ao largo da ilha de Santo Antão, fizeram encher, pela primeira vez, a albufeira da barragem de Canto de Cagarra, construída no Vale da Garça e inaugurada em Novembro de 2014. A foto é de 20 de Setembro de 2015 há, portanto, 3 dias...(John Leão)


[8478] - O MUNDO DOURADO DO OUTONO...


REJUBILEM OS CORAÇÕES COM A MAIS BELA
DAS ESTAÇÕES DO ANO!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

[8477] - TERRORISTAS ESTÚPIDOS...


Tenho o maior respeito e consideração por António Guterres que, depois de ter sido Primeiro Ministro do Governo de Portugal é, desde 2005, Alto Comissário da ONU para os Refugiados...
Mas, o facto de nutrirmos por alguém respeito e consideração, por maiores que tais sentimentos sejam não nos devem coartar o direito de discordar de algumas das suas posições, por mais alto que seja o cargo em que esteja investido...
Hoje, de manhã ouvi o Senhor Alto Comissário, na televisão, num pronunciamento sobre a actual avalancha de refugiados (!) que submerge a Europa de uma ponta à outra, discordar frontalmente de algumas vozes que, aqui e acolá se levantam, agitando o fantasma (!) de que no meio desta enxurrada de gente se acobertarão terroristas que, desta forma, se vão infiltrando no Velho Continente sobre a capa de refugiados das guerras e de outras catástrofes mais ou menos derivadas - diga-se - de uma má gestão do Ocidente dos acontecimentos que se clama estarem na origem desta fuga em massa...Dizia Guterres que "os terroristas não são estúpidos para se meterem em barcos sem nenhuma segurança enfrentando a possibilidade de um naufrágio que pode ser fatal..."
Pois, meus amigos eu, por exemplo, acho que os terroristas - todos eles -são estúpidos ou não se meteriam, como muitos deles fazem, em acções de violência do tipo "kamicaze", sacrificando a própria vida com a única motivação de semear a morte à sua volta...Se isto não é uma estupidez, senhor Alto Comissário então, eu acredito que não haverá terroristas a infiltrarem-se na velha Europa a coberto da turba em debandada, provinda do sul e de leste...

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

[8476] - MAIS UNIVERSIDADES?!

O Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva, esteve presente, sábado, 19, em Santo Antão, no encerramento dos cursos de complemento de licenciatura em diversas áreas de ensino, promovidos nos últimos dois anos na ilha pelo Instituto Universitário da Educação (IUE), período durante o qual foram licenciados 181 docentes.

No seu discurso, considerou que “esses cursos são muitos importantes. Estamos a capacitar professores, estamos a melhorar a qualidade da educação. Estamos também a violar as fronteiras no sentido de levar o Ensino Superior a Santo Antão”. O Ministro que sempre foi muito pressionado pelas gentes de Santo Antão para levar o Ensino Superior para a ilha, considerou que “aos poucos, estão a ser criadas as soluções com vista à instalação do Ensino Superior em Santo Antão. O segredo é a cultura colaborativa que existe na ilha, onde as instituições sempre se habituaram a trabalhar em conjunto. Correia e Silva adiantou que para que o Ensino Superior chegue efectivamente a Santo Antão “são fundamentais as parcerias como forma de rentabilizar o que existe e ultrapassar as fronteiras”.

As autoridades municipais em Santo Antão insistem na necessidade de criação de um pólo universitário na ilha, uma reivindicação partilhada pelos pais e estudantes que, por várias vezes, reclamaram o Ensino Superior para esta região. (in Noticias do Norte)

N.R. - Já alguém se sentou para fazer algumas contas?!



[8475] - COR E LUZ ...


Bela perspectiva da Pracinha de Igreja (Mindelo-S.Vicente), muito colorida e, sobretudo, envolvida por uma luminosidade notável...
Imponente, o edifício da Câmara continua a ser a mais marcante presença neste quadro de rara compostura estética!
(Clube Matiota)

[8474] - O MUNDO DO PÓS-COMUNISMO...

Cabo Verde 40 anos depois da Revolução e 25 anos após a queda do Muro de Berlim

O livro de Paul Hollander The End of Commitment (O Fim do Compromisso: Intelectuais, revolucionários e moralidade política) (8) é um livro de referência que descreve o fim das utopias e dos engajamentos políticos que resultaram nas maiores desilusões do século XX. O escopo da investigação de Hollander são as fontes e a natureza da desilusão com os regimes de inspiração marxista-leninista, “quando os crentes políticos desta ideologia que se aparentou a uma religião concluem que as suas crenças e compromissos já não merecem o seu apoio e dedicação, que os fins pretendidos são irrealizáveis e os meios usados na sua procura são inaceitáveis e moralmente imperfeitos” (9). O fim do compromisso, segundo Hollander, está relacionado com a “capacidade variável (do indivíduo) de tolerar ou recusar determinadas acções políticas ou transgressões morais”. O limiar moral de cada indivíduo é o que configura, ou a depender do caso, determina, o relacionamento entre as crenças políticas, as respectivas finalidades e os critérios morais pessoais. O livro é um alerta contra a ideia da perfeição do ser humano ou da possibilidade de aperfeiçoá-lo, assim como a completa inviabilidade de projectos políticos baseados nesse princípio e que contemplem transformações sociais radicais conduzidas por um poder concentrado (iluminado e ilimitado) e sem oposição. Eminentes intelectuais e políticos de esquerda de renome mundial (comunistas, socialistas, trotskistas, sociais-democratas etc) são objeto de investigação na obra de Hollander. Alguns revelam a capacidade ilimitada do ser humano de fantasiar e se enganar para preservar as crenças e ilusões tenebrosas, como aqueles que emulam a falácia da compaixão; outros demonstram que é possível romper com o compromisso e abandonar as utopias que alicerçam e legitimam a construção de um futuro suposta e delirantemente perfeito. Todos os crentes políticos apresentados no livro, segundo o padrão revelado pelo estudo de Hollander, sofreram, todavia, uma dolorosa, hesitante e gradual experiência de desilusão política porque suas ilusões eram profundamente pessoais e comparadas à fé religiosa. A obra de Hollander também aponta a mentalidade religiosa como uma semelhança entre os crentes das utopias e de engenharia social revolucionária e de outras formas de radicalismo. Hollander faz a ressalva de que a substância dessas crenças é muito diferente, mas há aí um equívoco se considerarmos que a mentalidade religiosa, a estrutura lógico-estructural dessa mentalidade, é a mesma substância do modo de pensar e agir dos revolucionários ou utópicos. “Apesar de ateia, a nossa época é o completo oposto da ausência de religião”, notou Eric Hoffer (9). Os notáveis estudos de Norman Cohn (The pursuit of the Millennium) e Thomas Molnar (Utopia: the Perennnial Heresy) (9) mostram as raízes religiosas dos movimentos revolucionários de que o comunismo, ou a esquerda radical (1), são os mais poderosos representantes. Crer de forma resoluta na política de perfeição, a capacidade da política em redimir ou aperfeiçoar o ser humano, não importa quais os meios e instrumentos políticos usados para tal empreendimento (mesmo os mais criminosos e repudiantes) é uma característica essencial dos utópicos e/ou revolucionários. Michael Oakeshott, em The Politics of Faith & the Politics of Scepticism (3), chamou de política de fé a acção do poder central que tenha por objectivo a perfeição da humanidade. Segundo Jacques Derrida “(…) todos os homens e mulheres, no planeta inteiro, são hoje, até um certo ponto, herdeiros de Marx e do marxismo, herdeiros da absoluta singularidade do projecto ¾ ou de uma promessa. (…) A forma desta promessa, ou deste projecto, continua a ser absolutamente única. (…) Uma promessa messiânica, mesmo que não tenha sido cumprida (…) terá imprimido uma marca inaugural e única na história. O famoso intelectual e historiador de esquerda Eric Hobsbawm (9) viu o fim do comunismo como uma tragédia, pois considerava que com ele deixavam de existir alternativas válidas, no sentido da criação de uma sociedade mais justa e igualitária. Não escondeu, também, que o comunismo tinha sido uma das principais trincheiras de combate aos totalitarismos fascistas e ao capitalismo em geral. Todavia, embora democrata, humanista e anti-estalinista, chegou a defender o indefensável: numa entrevista nos anos 90, que foi considerado uma “gafe monumental” ou uma provocação de intelectual, chocou leitores, críticos e colegas, ao alegar que o assassinato de dezenas de milhões de seres humanos, orquestrado por Estaline na União Soviética (7,8,9) teria valido a pena se dele tivesse resultado uma “genuína sociedade socialista/ comunista“. Imaginem o paradoxo a que se chega quando se identifica uma ideologia a uma crença religiosa, em que todos os fins justificam os meios. O raciocínio teórico de Hobsbawm peca, pois as pessoas não são números, e o assassinato de uma única pessoa para se atingir seja qual for objectivo ou ideal político, é já por si moralmente condenável. Giorgy Lukács (9), na mesma linha de amor incondicional pela humanidade, cunhou um lema exemplar: “mesmo o pior socialismo é melhor do que o melhor capitalismo”, a ponto de se questionar se a actual Coreia do Norte seria um paraíso comparado com a Suécia, a França ou a Suíça.

O historiador Marc Mazower (10) considera que “o impacto do comunismo nas democracias ocidentais — por muito importante que tenha sido – foi em geral mais indirecto e menos ameaçador do que o desafio representado por Hitler”. De resto, as mais delirantes teorias conspirativas actuais, oriundas de círculos anti-semitas ou esquerdistas (11), defendem que o comunismo e o nacional-socialismo (o nazismo alemão) foram criados e financiados pelos mesmos mestres do capitalismo de Wall Street e da City de Londres, com um único objectivo: manipulação e controle do mundo.

O filósofo francês de extrema-esquerda moderna, Alain Badiou (12), que se considera um post-marxista ou “marxiano”, ou seja um marxista puro e post-estalinista, limpo das utopias do século XX, defende hoje que o “socialismo” autêntico, moderno, não tem nada a ver com a história do “ socialismo “ século XX, este reduzido às derivas autocráticas estalinistas. Defende que o “socialismo” autêntico pode hoje ser re-calibrado à medida do século XXI em toda a sua profundeza e grandeza histórica. São esses alguns exemplos de intelectuais que resistiram à desilusão, embora a actual crise do capitalismo, ou crise financeira mundial (nomeadamente europeia) veio a revelar uma nova vaga de esquerda. Perspectiva-se, assim, o ressurgimento de tendências à esquerda dos partidos socialistas e social-democrata europeus, o que poderá definir uma 3ª ou 4ª via para socialismo do Séc. XXI, compatíveis com os valores da democracia-social e da economia do mercado. Esta via está sendo encarnada pelo Siriza de Tsipras, o Podemos na Espanha, o Bloco de Esquerda em Portugal, o  Parti de Gauche de Jean-Luc Mélenchon en França, assim como por uma miríade de partidos ecologistas mundiais, denominados Verdes, etc. A dúvida que se coloca é se esses partidos, muito afastados dos círculos do poder, se são partidos utópicos ultrapassados ou se são novos partidos de esquerda, representando uma esquerda moderna e alternativa com projectos concretos e viáveis. A crítica ao actual sistema capitalista mundial, nomeadamente às derivas do capitalismo post-moderno, à mundialização e ao ‘libre-échangisme’, ao ‘liberalismo de casino’, à especulação bolsista, etc, por si só não constituem políticas alternativas. O livro “O Livro Politicamente Incorreto da Esquerda e do Socialismo” do democrata e neo-liberal norte-americano Kevin D. Williamson, próximo do Presidente Obama (13, 14, 15), é uma pedrada no charco da esquerda pos-moderna e maniqueísta, ao levantar muitas dúvidas sobre as questões de natureza económica e social no socialismo moderno e as soluções alternativas ao capitalismo que estes partidos de esquerda propõem. O brasileiro Carlos Pompe (16) considera o livro um autêntico “brulot” anti-socialista: “Não contente com a produção nacional – aliás, volumosa, mas medíocre – anticomunista, a classe dominante brasileira lança, este mês, mais um panfleto para atacar os que lutam por uma sociedade fraterna e justa. O título é modernoso, ao estilo de certo tipo de humor de tendência fascista que tem dominado a mídia oligopolista, mas o conteúdo é velho de quase dois séculos (considerando que o termo “socialismo”, designando a luta por uma sociedade socialmente justa, foi usado por Pierre Lerous na década de 1830): o combate às propostas socialistas, desvirtuando seus conteúdos. O autor, que é periodiqueiro da National Review, um semanário que se opõe ao presidente Barak Obama pela direita, escreve no livro: “O calcanhar de Aquiles do socialismo é que a organização política de determinada atividade não elimina de fato os riscos nem os reduz de modo confiável e previsível”. Ora, quando os socialistas afirmaram que construção do socialismo elimina riscos, pelo contrário, o planejamento econômico socialista objetiva enfrentar desafios e garantir desenvolvimento com justiça social, preparando o terreno para a sociedade sem classes, e é constantemente revisto justamente por causa dos riscos que possam ocorrer e dos novos desafios que sempre surgem. Para Williamson, o fervor revolucionário seria um mero disfarce ao apego à comodidade. Um contrassenso, pois fervor revolucionário é ação, exatamente o oposto da comodidade. Ele repete a ladainha de que o socialismo é militarista e só beneficia os detentores do poder e desinforma: “O defeituoso sistema de escolas públicas não garante que os estudantes pobres e pertencentes às minorias escaparão de um fardo que os deixará em desvantagem por toda a vida: ter recebido uma educação de baixa qualidade a um custo exorbitante”. Isso é desconhecer totalmente a inclusão social e educacional que a China, por exemplo, realiza. É ignorar, para citar um exemplo que nos é caro no momento, a excelência de qualidade da formação dos médicos cubanos. Ignorar, não; esconder, fraudar, pois é no capitalismo que as escolas públicas perdem em qualidade diante de algumas escolas particulares. É no capitalismo que a educação – aliás, como todas as atividades humanas – é tratada como mera mercadoria. Mas essa ladainha é velha, e sequer consegue ter sabor pós-moderno, como tenta o escriba ianque. A indigência teórica desse tipo de anticomunismo é antiga. Leandro Konder, no livro “Em torno de Marx”, apresenta um levantamento dessa literatura, no Brasil, na primeira metade do século passado, em especial depois de vitoriosa a Revolução Russa de 1917. Conta ele que, em 1936, Ramos de Oliveira, em “Aspectos sociais sob dois prismas”, comparou o marxismo ao catolicismo e concluiu pela óbvia superioridade do segundo, uma vez que o primeiro foi elaborado por um homem (Karl Marx) “absolutamente inapto para ganhar a vida” e levado à prática por outro (Lenin) que “não era muito dedicado ao trabalho”.”

Com a queda do Muro de Berlim acabou-se a divisão artificial do Mundo em dois blocos, herdada da Guerra Fria. O 3º Mundo tirou partido desta divisão através de um Não-Alinhamento oportuno e por vezes oportunista, que jogava com os dois blocos no sentido de estes investirem a fundo perdido, tanto politicamente como financeiramente, nos países (logo nos regime), independentemente das suas naturezas (criminosas ou não). Neste jogo político, com mais cinismo do que ingenuidade, o único objectivo era enviesar o suposto não-alinhamento, para que ambas as partes tirassem benefícios políticos no xadrez mundial. Muitos destes países seguiram a via estalinista e implantaram ditaduras de partido único, em tudo similares à União Soviética de Estaline ou à China de Mao. A Cambodja de Pol Pot foi o exemplo paradigmático de uma mais radical e trágica aventura política do Séc. XX, consubstanciada na utopia da regeneração do Homem Novo nos campos de reeducação ou campos extermínio. Com o fim da divisão do Mundo, muitos destes países tiveram que se abrir à pressa, pois as pressões internas e externas tornavam-se insuportáveis, o que engendrou democracias improvisadas e imaturas, ao passo que outros ficaram à deriva e entregues a máfias nacionais e internacionais. Os 60 anos de regime de partido único no 3º Mundo pós-independências desembocaram em Democracias Formais e incipientes, e situações complexas de marasmo económico, político e social. Os sistemas políticos actuais nestes países são, hoje, em geral, dirigidos por formações partidárias heterodoxas, em tudo similares aos partidos únicos, ainda imbuídos de sistemas de pensamento único, onde gravitam elites novo-ricas de baixa qualidade política, moral e intelectual. O balanço humano e económico dos sacrifícios consentidos pelas revoluções e a aplicação dogmática/sectária das diferentes utopias do Séc. XX está ainda por fazer. (continua)

[In Cabo Verde 40 anos após a Independência: Reflexões e Balanço Final]

José Fortes Lopes | jose.flopes@netcabo.pt

(in O Liberal)

 Referências bibliográficas

8 – Paul Hollander, O Fim do Compromisso. Intelectuais, revolucionários e moralidade política. Tradução de Virgílio Viseu. Pedra da Lua, 480 págs. [Publicado originalmente na revista LER de Maio]
9 – http://www.brunogarschagen.com/2011/09/desilusao-utopia-e-o-fim-do-compromisso.h
10 – http://thoth3126.com.br/nazismo-e-comunismo-ambos-manipulados-pela-elite-capitalista/
11 – http://clioensinobasico.blogspot.pt/2015/04/o-continente-das-trevas-o-seculo-xx-na.html
12 – https://fr.wikipedia.org/wiki/Alain_Badiou
13 – http://www.amazon.com/politicamente-incorreto-esquerda-socialismo-Portuguese-ebook/dp/B00J5ITZZ4
14 – https://books.google.pt/books?
15 – http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/historia/o-livro-politicamente-incorreto-da-esquerda-e-do-socialismo/
16 – http://vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=5565&id_coluna=