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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

[8704] - O NARIZ NOVO DE MESTRE PINA...


As fotografias acima representam o Sr. Francisco de Pina, pedreiro, da aldeia do Mato Grande – ilha Brava – que há muitos anos, tendo sofrido uma doença que lhe roeu todo o nariz, ficou com uma aparência horrível e em condições de, falando, mal se fazia entender; pois que a voz saí-lhe pela larga cavidade nasal, sem dar às palavras uma articulação compreensível.
O Sr. Henrique Pinheiro, distinto dentista mecânico, natural da ilha Brava, que tem feito, na sua especialidade, trabalhos admiráveis, conseguiu adaptar-lhe um nariz artificial, admiravelmente bem feito, colocado com aros de ouro fixos internamente, removendo, quase por completo, as dificuldades de falar com que lutava o pedreiro., dando-lhe uma agradável aparência de saúde.
Com se vê pelo fotograma à direita, Francisco Pina apresenta agora um aspecto agradável, e mal se lhe percebe a junção da suta-pecha à epiderme.
O trabalho do Sr. Pinheiro é perfeito, digno dos maiores elogios e recomenda-o aos que sofrem o mesmo mal “.

Brava, 1913


Nota: O Dr. Pinheiro voltou à Brava, regressado da América.

(E-mail A.Mendes)

[8703] - ESTADO EXCESSIVO...

Estado não deve ser ser 'executor' cultural !
Manuel Brito-Semedo

(Por  Lourdes Fortes, Rádio Morabeza/Expresso das Ilhas)

Manuel Brito Semedo crítica a substituição dos privados pelo Estado na promoção de actividades culturais nacionais. Em entrevista ao programa Cabo Verde 2016, da Rádio Morabeza, o professor fez um diagnóstico negativo do percurso da cultura cabo-verdiana nos últimos anos e aponta o dedo.

À Morabeza, Brito Semedo defendeu que cabe ao Estado incentivar a promoção cultural nas ilhas, mas a execução deve ser deixada à sociedade civil ou aos privados.

“Cabe ao Estado, através do Ministério da Cultura, dar orientações, fazer o enquadramento, mas não executar. O problema deste Governo é que substitui a sociedade civil, substitui as iniciativas privadas”, criticou Brito Semedo.

Uma outra questão que deve ser repensada é a suposta divisão das ilhas pela sua vocação cultural.
“Essa de dividir as ilhas e as actividades em função do que se classificou ser a sua vocação, acho que está errado. Por exemplo, realizar actividades ligadas à promoção do Carnaval em São Nicolau ou colocar São Vicente no centro em termos de artesanato”, frisou à Morabeza.
Manuel Brito Semedo entende que em Cabo Verde há uma inversão na criação de projectos culturais estatais e justifica a posição com a criação da orquestra nacional.

“Estamos a construir dos tectos para baixo. Cria-se uma orquestra nacional, quando não temos escolas de música, não temos salas de espectáculos. Criou-se uma orquestra que é uma falácia. Não temos músicos que lêem a partitura, mas temos músicos que podem fazer a adaptação e de ouvido que podem tocar as músicas de Cabo Verde. Mas isto não é uma orquestra”, analisou.

O programa Cabo Verde 2016 pode ser ouvido na Rádio Morabeza, todas as segundas-feiras, às 12:30, com repetição aos sábados, às 8:00, em 90.7 (São Vicente, Santo Antão e São Nicolau) e 93.7 (Santiago, Maio e Fogo), horas de Cabo Verde...



[8702] - O MAGESTOSO VOO DO PAVÃO...


domingo, 29 de novembro de 2015

[8701] - MORNA VERSUS FADO...


Há dias, no "post" Nº 8678, recordamos palavras de Eugénio Tavares respingadas da imprensa de Novembro de 1913, acerca do Fado...
No dia seguinte, alguém que se identificava como "M.P.", respondia ao poeta nos seguintes termos e no mesmo jornal:

A MORNA…

“ Em Cabo Verde, podemos, mesmo dizer que há, entre outras, duas coisas essencialmente boas: - O olhar das jovens crioulas que o sabem ser deveras e a Morna por elas cantada ao som de uma rabeca.
É um encanto, como aliás não deixava de ser qualquer música boa, quando bem executada, embora haja quem diga que não é música a Morna, e embora também não falte que desdenha dos nossos rabequistas….
Mas… deixá-los falar, os técnicos. O sentimento não se amolda a regras e praxes, puramente convencionais por vezes.
Muitos com ouvido capaz de sentir se cantam a nosso favor neste ponto.
Quantos, artistas pelo coração, não terão ouvido com enlevo as nossas rabecas e as vozes das nossas afamadas cantadeiras?
Ouvi-las é às vezes uma verdadeira delícia…
Aqueles suaves acordes entram-nos pelo coração dentro como se fossem uma finíssima lâmina de marfim machetada a oiro e como ferindo-o no mais fundo amago da sua sensibilidade.
Ouvindo-as, como que se nos gasta deliciosamente aquele órgão, o centro de todas as emoções da alma.
A pouco e pouco se apoderam dos nossos sentidos, embriagando-nos como se fora um vinho capitoso e exercendo sobre eles uma acção comparável à do ópio, com efeitos correspondentes…. Como nos fazem sonhar acordados. Temos então visões verdadeiramente fantásticas, e nosso espirito, por momentos embalado no regaço da ilusão, parece transportar-se a ignotas regiões astrais! ….
Não se descrevem emoções destas. E supondo que nesse instante nos envolve a alma, como aveludado manto de luar, o curioso olhar de alguma vestal…

A nossa alma então
Semelha um passarinho
À procura do ninho
Dentro do Coração
….
Não se descrevem, emoções tais; são intraduzíveis com a saudade, esse doce amargo punjar que na música encontra o seu mais fiel interprete .
E de saudade parece realmente ser, às vezes, aquele fugitivo perfume com que se evola de acordes bem combinados.
E o Sr. Eugénio Tavares a falar-nos de fado!... Tem razão o poeta, mas não valia a pena:
Pois se por cá temos coisa melhor…
M.P. 

Vadias - Estudos de Pedro Gregório

(E-mail A,Mendes)




[8700] - ORÇAMENTO A TODA A MECHA...

O novo Governo, pela voz do seu Ministro das Finanças, "garante" que o Orçamento Geral do Estado, para 2016, será apresentado o mais depressa possível...
Dada a relativa lentidão dos nossos comboios inter-cidades, é de prever que o OGE nacional venha a ser apresentado a bordo do TGV gaulês, que é muito mais rápido!

[8699] - UMA VIA DUVIDOSA...

O Dr. Carlos Alberto Wahnon de Carvalho Veiga, antigo Pimeiro Ministro de Cabo Verde vem, agora, a terreiro defender a realização de um referendo sobre a Regionalização naquele país...
O referendo é, como se sabe, uma figura de consulta popular de génese democrática que pressupõe, antes do mais, que todos conhecem as implicações da matéria a referendar, por forma a poderem sobre o assunto opinar de consciência plena...Por isso, convirá, talvez, procurar saber quantos cabo-verdianos, residentes ou na diáspora, conhecem, minimamente, o "dossier" Regionalização, para que os resultados de tal consulta se possam considerar suficientemente credíveis?! 

[8698] - SORTILÉGIO...


[8697] - DE SANTO ANTÃO, COM MORABEZA...



Sugestão de Djibla...

[8696] - O FOLHETIM DE EUGÉNIO TAVARES - 04


A Virgem e os Meninos Mortos de Fome

Episódio III

NOEMI

“ É a tentação! É a tentação. Nossa Senhora e o seu divino filho não comem! É a bruxa a falar pela sua sagrada boca.

Ao terceiro dia, Sarda, atado ao poste infamante do Cutelo da Bandeira, açoutado, lacerado, ainda resistia. E sobre o altar da igreja, suplicando, numa aflição digna da mãe nazarena aos pés da cruz do mártir fazia sangrar o seio para dar um alento ao filho já rouco de chorar.
-- Pelo amor de Deus um bocado de pão para esta criança! – Gemia a mãe.
E a turba respondia:
-- É a tentação! É a tentação!
Frei João trovejava
-- “Mater admirablis! “
E o povo respondia:
-- “Ora pro nobis!”
++++++
O céu estava vestido de crepes. O calor era asfixiante. Crepitavam as folhas das árvores como que tocadas de labaredas.
A noite fechava. As quentes lufadas de leste punham um farfalhar horrível nas folhas caídas. De redor do poste em que Sarda recebia os últimos golpes e os últimos insultos, a vozaria do povo calara de súbito: Ruídos subterrâneos bramiam como trovões longínquos. De repente a terra tremeu violentamente. Das montanhas, desgalgaram-se, com fragor, penedos enormes, formando saltos terríveis, deixando na sua passagem pelas encostas verdejantes, sulcos profundos de destroços.
Num momento o calvário de Sarda ficou deserto. A igreja meia desmoronada, jazia num silêncio sepulcral.
Soava a vozeria longínqua do povo desvairado: Os abalos continuavam. Relâmpagos riscavam o céu baixo e negro.
Na ilha vizinha o vulcão, como um canhão apontado para o céu vomitava a sua formidável metralha ensanguentando as nuvens e cobrindo a terra de cinzas.
Ao romper da madrugada Noemi, com o filho nos braços, chegava ao poste em que Sarda agonizava.
-- Mãe, gemeu a misera, abraçando-se à velha. Minha filha! Como é boa a morte depois do sofrimento! Dá-me a criança a beijar. Está frio, minha filha!
Está morto, o meu filho… Vamo-nos embora deste inferno povoado de demónios.
+++++
Ao romper o sol, estavam três cadáveres junto ao poste dos suplícios no Cutelo da Bandeira.
Sarda morrera com a carne retalhada pelas duras varas de balneda.  
Nosso Senhor e Menino Jesus tinham sucumbido à fome…
+++++
Franque calara-se. Encheu o cachimbo, acendeu-o, soprou baforadas de fumo que o vento arrebatava. Debruçou-se e olhou para a água que passava, fosforescente e rápida.
O vento começava de soprar com violência.
Bolinava bem o “fisherman.”   
Na esteira borbulhavam-lhe em moinhos que desapareciam velozes, longos e arredondados caprichosos, sobre os quais as almas de mestre, como grandes borboletas negras, voejavam tremulamente na atmosfera húmida.
--Pega nos gafelotes! – Comandou uma vez.
Anoitecia. E no fundo cinzento do céu esfarrapado de nuvens, os marinheiros trepando pelas enxarcias pareciam enormes aranhas escuras tecendo…
FIM 

(E-mail A. Mendes)




sábado, 28 de novembro de 2015

[8695] - URGÊNCIAS - A DESCIDA AOS INFERNOS...

Quando, por decisão própria, conselho de médico assistente ou de família, acidente ou seja lá porque for, uma pessoa é empurrada para as Urgências de um qualquer Hospital, está no limiar de uma descida aos infernos em consequência da qual já muito boa gente entregou a alma ao criador...
Uma vez feita a sua identificação administrativa, mais tarde ou mais cedo - normalmente, mais tarde - uma voz que lhe penetra os tímpanos como o disparo de uma  metralhadora, berra o seu nome e convoca-o para a triagem...Aí, uma ou enfermeiro, que ninguém sabe, nem pode garantir que seja suficientemente habilitado para tais funções, depois de meia dúzia de perguntas e alguns considerandos lhe confere uma pulseira colorida, de acordo com o chamado Protocolo de Manchester que se pode explicar com o quadro seguinte:



A partir deste momento, você está entregue à sua sorte e, se recebeu uma pulseira verde ou azul que, se ali estivesse outro profissional a fazer a triagem, poderia ser amarela ou laranja, pode esperar sentado pois os minutos de espera constantes do quadro são uma miragem...
Na passada quinta-feira, tive que ir às Urgências do Amadora-Sintra com a Maiúca, a conselho da nossa médica de família, pois análises recentes lhe tinham detectado uma infecção urinária, não apresentado ela os sintomas equivalentes...Eram 13,30, quando realizamos os procedimentos administrativos e eram 20,45, quando, de pulseira verde, abandonamos o Hospital, depois de constatar que a nossa médica de família, afinal, tinha "metido o pé na argola" e a visita às Urgências fora perfeitamente escusada (mas, isto são contas de outro rosário...).
Termino com uma frase que encontrei na Net sobre esta coisa do Protocolo de Manchester:

População já “ensinada” qto à aplicação do Protocolo – crianças que chegam aos serviços de saúde sempre c/ febre, pois sabem que serão “laranjas ou amarelas”, e pais preferem não medica-las, expondo suas crianças a riscos e desconforto desnecessários.

[8694] - RECOLHER OBRIGATÓRIO...


[8693] - FORÇA SEM VIOLÊNCIA...


Pela mão amiga de José F. Lopes, veio-me parar às mãos esta foto que, ao que parece, está no FaceBook como sendo obra de João Freire Oliveira, e obtida em 1979, cinco anos antes do estúpido acidente que lhe haveria de roubar a vida...
Todavia, o que mais me intriga é o tom, quase voluptuoso, que Nhô Roque usa para retratar o seu estado de espírito e que, valha a verdade, não era, propriamente, do mesmo ar de violência política que na realidade se respirava no Mindelo por essa altura...Aliás, cerca de dois anos antes tinha eu sido expulso nas condições vergonhosas que tive já oportunidade de sintetizar...
"Certeza calma", "força sem violência", "serenidade", "leveza" e, adianto eu, liberdade, que é o que, certamente, todas as aves sentem no momento de levantar voo...De onde viriam, na verdade, tantas bênçãos, numa época que não tenho dúvidas em apelidar de sangrenta?
Ou, estaria Nhô Roque a ser, simplesmente, irónico?!
Ou será o comentário de uma data bem, diferente?

[8692] - BOAS FESTAS - EPISÓDIO 2...


Ora, aí está reproduzida na íntegra, a imagem do postal de Boas-Festas que o Mendes teve a gentileza de nos enviar...Apenas me limitei a acertar os quatro lados, afim de obter um melhor enquadramento, dando de barato o texto à esquerda, que não me pareceu de especial importância...Desejo que, desta forma, se agradem gregos e troianos...Mantenha!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

[8691] - SERÁ QUE É DESTA?!...


SEGUNDO O JORNAL "A NAÇÃO", VÃO INICIAR-SE EM DEZEMBRO,
AS OBRAS DE RECUPERAÇÃO DO CHAMADO LICEU-VELHO, OU 
LICEU GIL EANES... SERÁ QUE VAI SER DESTA? É QUE,
NA REALIDADE, NOS ÚLTIMOS ANOS TÊM-SE
REPETIDO AS NOTÍCIAS DE OBRAS QUE
NUNCA CHEGARAM A INICIAR-SE!

[8690] - BOAS-FESTAS COM ARTE...


Não tem identificação de autoria mas tudo leva a crer que seja obra da Foto Melo e a composição tanto pode ser do Papim como
do Djessa...Aliás, sem computador, não deve ter sido fácil, há 61 anos, completar com sucesso tal trabalho, que deve ter consumido, decerto, imensas horas de aturado labor e muita técnica!
A foto deste postal, sem quaisquer retoques, foi-nos remetida pelo amigo Artur Mendes, "m'nine de soncente" dos sete costados... 


[8689] - A SEGUNDA MORTE DO LIBERAL?!...

NADA TENHO A VER COM O LIBERAL!

Em maio deste ano fui contactado por um grupo de pessoas que me desafiaram a coordenar um “novo projeto editorial”. Estabelecidas algumas regras editoriais - seriedade, objetividade, qualidade de conteúdos e credibilidade -, avançou-se para o desenho do projeto, nomeadamente, um jornal online.
Dada a escassez de recursos, o que inviabilizava uma campanha promocional do novo título, sugeri a recuperação do Liberal, um nome já conhecido da opinião pública. Em má hora o fiz.
Apolinário das Neves (proprietário e diretor do Liberal), desde logo, recusou-se a ceder o título, mas sugeriu a sua integração no projeto, numa lógica de coordenação partilhada. A solução pareceu-me natural, para mais dispensaria a contratação de um novo diretor, o que aliviaria a tesouraria.
Nos primeiros dias tudo funcionou bem, as decisões editoriais foram partilhadas, embora aos poucos se começassem a verificar algumas distorções ao projeto inicial. Daí para diante – e refugiando-se na propriedade do título -, Apolinário das Neves tomou decisões a seu bel-prazer, sempre se recusou a reunir para estabelecer estratégias de edição e assumiu-se como o todo-poderoso diretor que não ouve ninguém, nem mesmo quem no jornalismo tem provas dadas e qualificações (e reconhecimento público, perdoe-se-me a imodéstia) imensamente superiores às suas.
Aos poucos, fui sendo colocado na prateleira, até que, semanas atrás, autossuspendi a minha colaboração e solicitei às pessoas que me convidaram para dirigir um “novo projeto editorial” a tomarem uma posição sobre a questão de saber se pretendiam que eu continuasse a colaborar no jornal. Lamentavelmente, não obtive resposta.
Mais, ainda, o diretor do Liberal bloqueou o meu acesso ao “administrador” do jornal, presumo com o assentimento das pessoas que me convidaram a coordenar um “novo projeto editorial”. Pelo que, a partir de hoje, bloqueei também o seu acesso à edição de notícias no mural do Facebook (uma página por mim criada).
Independentemente da traição a um amigo (neste caso, eu), Apolinário das Neves tem vindo a dirigir a publicação de uma forma que apenas tangencialmente terá a ver com jornalismo. O “corta e cola” é a característica central deste novo Liberal, que se permite até recorrer à baixaria para fazer manchetes. Recordo, a título de exemplo, a publicação de um vídeo com um indivíduo chamando (com todas as letras) “filho da puta” ao Primeiro-ministro de Cabo Verde, ou, ainda, a validação de comentários lesivos da honra, do bom nome e da dignidade das pessoas. Isto, como é bom de se ver, nada tem a ver com jornalismo, é apenas blogada de sarjeta!
Neste contexto, quero deixar claro que nada tenho a ver com o novo Liberal, não me revejo na sua linha editorial, nem me presto a fazer “jornalismo” de sarjeta!
Por último – e para que os mais apressados não tirem ilações extemporâneas -, devo referir que, ao contrário do que se diz por aí nas redes sociais, o MpD e o seu líder nada têm a ver com este projeto, não o sustentam financeiramente e (segundo deduzo, pelo que conheço de Ulisses Correia e Silva) não se revêm na sua linha editorial.
ANTÓNIO ALTE PINHO

[8688] - A ESTRANHA SOCIEDADE...

(E-mail Tuta Azevedo)

[8687] - HÁ 700 ANOS...

"O muçulmano extremista é aquele que decepa as cabeças, enquanto o muçulmano moderado é o que segura os pés das vítimas..."

Marco Polo, ca. 1300...


(E-mail Valdemar Pereira)

[8686] - RUAS EXÓTICAS DE PARIS...




[8685] - ELES SÃO DE POUCAS PALAVRAS...

(E-mail Tuta Azevedo)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

[8684] - MELHOR GOVERNO A MENOR CUSTO...


Segundo o Advogado Pedro Rogério Delgado Cabo Verde precisa de um novo sistema de Governo, Presidencialista...


"Concordo plenamente. De resto eu tenho defendido a ideia que a Regionalização implica o fim do parlamentarismo clássico, este atoleiro em que se encontra CV: um parlamento inoperacional, uma casa de "riolas" e má criação. 
O Presidencialismo = Um presidente que governa, um governo restrito, um Senado e Parlamentos Regionais.
Mas ninguém escuta!  O sistema actual cabo-verdiano sofre de um autismo total. Para eles está tudo bom (pudera, a boa vida dos palácios da capital não dá para pensar para além das 4 paredes...). Para outros, a solução está somente no mercado: basta que se liberalize tudo: o modelo que prevê tudo funcionará à maravilha e teremos crescimento a vários dígitos !!!"  (OceanPress.Info)

[8683] - C O N V I T E ...


[8682] - VIVER À GRANDE E À FRANCESA...

Expressão popular usada desde 1807 e ainda utilizada nos dias de hoje, para designar um estilo de vida de  luxo e ostentação...
Efectivamente, com a chegada do general Junot, com a primeira invasão francesa, os portugueses assistiram à implantação de um modo de vida deveras soberbo e super luxuoso.
Este militar, nomeado Duque de Abrantes,  estabeleceu residência e quartel–general no palácio do barão de Quintela, na Rua do Alecrim, ao Chiado, em Lisboa e os seus oficiais instalaram-se em casas de nobres e da burguesia da capital exigindo cama, mesa e roupa lavada. Passeavam-se garbosos, em uniformes de gala e frequentavam o teatro de S. Carlos acompanhados das damas da alta sociedade lisboeta...
Junot e o general Delaborde, comunicaram ao Senado da Câmara de Lisboa que veríam com bons olhos que lhes fosse paga  uma gratificação pela protecção e pela limpeza da capital que eram grantidas pelos invasores gauleses...
A exigência foi aceite e, em Dezembro de 1807 e Junho de 1808, o comandante dos invasores recebia 16 contos e 800 mil reis e Delaborde 4 contos,  quantias milionárias para a época…
Daí:  O  “viver à grande e à francesa”

(E-mail A.Mendes)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

[8681] - A MORTE LENTA, SEGUNDO EVA...

A deputada do MpD para o círculo eleitoral de São Vicente, Eva Marques, considerou esta terca-feira, 24, no período antes da ordem do dia no Parlamento, que o Governo está a provocar a morte lenta da ilha de São Vicente, com sucessivas promessas do PAICV em tornar a ilha “incontornável” no desenvolvimento do país e que nunca foram cumpridas. Reagindo às declarações da oposição, Filomena Vieira contrapôs ao "quadro cinzento", traçado por Eva Marques, as importantes conquistas actuais e as melhores perspectivas para o futuro que, graças ao Governo do PAICV, S. Vicente apresenta hoje.Eva Marques: “O Governo está a provocar a morte lenta da ilha de São Vicente”!


O PAICV e o MpD voltaram a divergir sobre a situação económica e social da ilha de São Vicente. Para o MpD, pela voz da deputada Eva Caldeira Marques, há uma atitude deliberada do Governo para provocar a “morte lenta” da ilha de São Vicente. Isto porque, além dos 15 anos de governação e das várias promessas por cumprir, feitas pelo primeiro-ministro, José Maria Neves, e agora retomadas pela ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos e candidata do PAICV às próximas eleições legislativas, Janira Hopffer Almada, que garantiu que vai “dar a São Vicente a atenção que nunca teve” caso vencer as eleições de 2016. Pelo que questionou onde é que Janira Hopffer Almada esteve durante os últimos anos de governação.

“Pergunto à Ministra da Juventude e do Emprego por onde andou durante este mandato do PAICV, em que a governação que ela integra, prometeu tornar São Vicente uma ilha incontornável no processo do desenvolvimento do país, com a construção e gestão do porto das águas profundas, terminal de cruzeiros, voos nocturnos, milhares de empregos jovens, privatização da Enapor e da Cabnave, zona tax free, regionalização, bunkering, projectos turísticos engavetados, cluster do mar que ficou em águas de bacalhau, que ficou a ver navios”, enumera a deputada ventoinha, dentre outros problemas.

“Os filhos de São Vicente têm de sair desta ilha para garantir a empregabilidade. Forçados a abandonar a sua ilha, esta vai perdendo a capacidade de mão-de-obra, massa cerebral, capital”. A situação de São Vicente é provocada pela “ falta de poder de decisão e de celeridade administrativa", acrescentou.

Corroborando a eleita do MpD, António Monteiro salientou que a ilha padece de grandes problemas sociais, entre os quais o desemprego jovem, crise económica, más condições de vida com "tectos que continuam a cair", entre outros males que afectam as pessoas da ilha.

Mas a eleita nacional do PAICV, Filomena Vieira, contrapôs que a deputada da oposição Eva Caldeira Marques fez uma abordagem saudosista com incidências no passado, esquecendo-se das conquistas de desenvolvimento actual e das perspectivas do futuro. Desafiou, por isso, a oposição a soltar-se das amarras do passado porque “não traz uma única linha que fale do futuro de São Vicente. Traz, sim, um saudosismo oco e inconsistente. Neste momento, se voltássemos a ter o S. Vicente que ela descreve, não teríamos uma ilha desenvolvida, modernizada e que pudesse ter de facto ter uma intervenção no cômputo do desenvolvimento global de Cabo Verde”, declarou Filomena Vieira. E elencando as realizações, procurou contrariar a ideia da “morte lenta de São Vicente”: o Governo investiu forte no aeroporto de São Pedro, no Palácio da Justiça, na plataforma de frio, na requalificação da Laginha, na extensão e modernização do Porto Grande, entre outros projectos, defendeu.

Segundo a deputada do PAICV, é preciso ter em consideração que o povo de São Vicente, uma ilha urbana, é bastante inteligente, tem elevado nível de literacia e não se deixa enganar por refrões ocos, inconsistentes. “Tanto assim é que por três eleições consecutivas, apesar de o Governo do PAICV não ter feito tudo o que deveria ter feito, o povo desta ilha apostou no PAICV, em vez de dar a opção à alternativa ao MpD como força para governar o país”, sublinhou. (in A Semana, 24.11.2015)

[8680] - CONSUMATUM EST...

A INDIGITAÇÃO (OU INDICAÇÃO?) DE ANTÓNIO COSTA...

ANTES
"O Cavaco"

DEPOIS
"O Senhor Presidente da República"


[8679] - AS BELAS CORES DO OUTONO...




[8678] - EUGÉNIO E O FADO...

“TEATRO AFRICANO”
O “FADO”

“As duas récitas levadas, nas semanas passadas, pelos quatro actores que se desligaram da Companhia Vellezz, proporcionaram ao público desta cidade duas noites agradáveis. Além de pequenas e engraçadas comédias, interpretadas com gosto, recitaram poesias, monólogos, com muita corecção, pelos actores e pelos amadores, como os snrs. Ezequiel de Figueiredo e Bonaparte Menezes.
Este último e o snr. António Campos, em ambas as noites, nos deliciaram com canções e fadinhos cantados com muito sentimento.
O snr. Bonaparte de Menezes canta com uma natural ternura, com uma infinita suavidade.
Parece que não canta para agradar ao público; mas sim para exprimir sentimentos íntimos. 
Convence-nos que está sentindo o que dizem os versos; identifica-se com a letra; e a música sai-lhe como uma expressão de sentir próprio. As toadas de um desfalecimento suave, acompanhadas como que em surdida, a guitarra e violão pelos snrs. Ezequiel e Filinto, pensamos que não seriam facilmente excedidas em sentimento, mesmo por mestres.
Ai de nós! O fado tão malicioso, tão triste, tão enternecedor; o fado esse filtro que fez adormecer a rude energia portuguesa, amolentou e debilitou o nervo do valor lusitano, é uma espécie de canto de sereia, que fez brotar do tronco de Nunoalvares o junco do Vimioso, e as rasteiras criptogramas, estéreis e moles, do faditismo… 
O Fado nascido numa taverna, inspirado nos olhos das Severas comovidas de amor e vinho, é a origem dessa sifilização moral que, em certa época, fez da mocidade portuguesa, uma ala de estropiados D. Joões mascarados e melancólicos.
Os descendentes dos heróis lusitanos, para empunhar a guitarra, desafivelavam a espada, e muitas vezes a desempenhavam; para cantar o fado, esqueceram a virilidade das vozes que se fizeram ouvir em Ourique ou em Aljubarrota; e os seus olhos obumbrados de lágrimas, pela morte das severas escalavradas, perderam a visão do caminho do futuro.
E no entretanto, o fado, esse veneno subtil, que eu desadoro porque é uma arma homicida, mas que comove, mas que me faz sonhar sonhos arroxeados como a visão de uma saudade, é tão doce! É tão comovedor! E o Bonaparte canta-o tão bem!
EUGÉNIO TAVARES
Praia, Novembro de 1913

(E-mail A.Mendes)

[8677] - ONTEM, COMO HOJE...

HÁ CERCA DE 100 ANOS...



Do “NEW BEDFORD TIMES”

"A Turquia parece que vai efectuar na América um empréstimo de $50.000.000."
E comenta:
"Julgamos que o Wall Strut (Street, talvez) respondeu ao apelo da Turquia, garantindo o empréstimo de $50.000.000. Parte deste dinheiro servirá para massacrar mulheres e crianças e para incendiar aldeias cristãs. Mau uso se está dando ao dinheiro americano.
Mas os capitalistas americanos em tal matéria não têem sentimentos”

(E-mail A.Mendes)

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

[8676] - LISBOA, SÉCULO XIX...


"Porto Brandão", o primeiro Cacilheiro a vapor a transportar passageiros 
entre Lisboa e a outra banda...Notar que o barco, não possuindo hélice,  era impulsionado por duas rodas de pás laterais, semelhantes às usadas nos vapores que, na época, transitavam pelo Rio Mississipi,  nos Estados Unidos...
(Blogue Restos de Colecção)

[8675] - QUEM A SABE, TODA?!...


FOI NUMA SEMELHANTE QUE EU
 A APRENDI, JÁ LÁ VÃO 75 ANOS...

[8674] - EM BUSCA DA IDENTIDADE PERDIDA!...

O investigador Moacyr Rodrigues considera que ao longo dos anos Cabo Verde tem perdido traços importantes da sua identidade cultural. A posição é defendida em entrevista ao Programa Cabo Verde 2016, da Rádio Morabeza, que esta segunda-feira analisa o percurso da cultura cabo-verdiana.


 Para fundamentar a sua posição, o investigador  exemplifica com aquilo que considera “serem os traços da cultura cabo-verdiana  que ficaram pelo caminho”.
 “já não ouvimos falar da louçaria ou  barro de Santiago, os potes utilizados para armazenar água desapareceram. Raramente vemos um binde, porque as pessoas hoje em dia para fazerem o cuscuz usam as ‘cuscuzeiras’ ao invés de bindes porque é mais fácil”, analisa o investigador.
No entender de Moacyr Rodrigues, aos poucos,  a cultura cabo-verdiana está a desaparecer.
“Com o tempo, descuraram-se aspectos e manifestações  da nossa cultura. Veja-se o que fizeram com o Fortim. Arrasaram com aquilo. Talvez se conhecessem a história, o tivessem preservado. É esse o destino das coisas em Cabo Verde e principalmente em São Vicente”, frisa Rodrigues. (Lourdes Fortes)

domingo, 22 de novembro de 2015

[8673] - O FOLHETIM DE EUGÉNIO TAVARES - 03


A Virgem e os Meninos Mortos de Fome

Episódio II
SARDA (Cont.)

“ Tudo quanto há de vil, de fraco, de inconsequente, está reunido na alma da criatura humana.
“ Nós não somos que um bocado de lama viva.
“… Sabes como morreu o meu filho mais velho? Ouve: todas as noites eu me golpeio contando às sombras do espaço, e às nuvens que atravessam o céu, a história da morte do meu primeiro filho. E conto- em voz alta, porque quando simplesmente o penso, nem todo o meu ser ouve o meu pensamento, e conto-o em voz alta para que todas as fibras vivas do meu corpo, vibrem de dor na saudade de meu filho, no desespero do meu espírito inconsolável.
“ Naquela tarde, Lái descera à parai e se atirara ao mar. Brincava no meio da baía, como uma toninha. De sobre este rochedo eu via-o e amava-o. Veio um tubarão e cortou-mo pelo tronco. E os meus olhos viram o mar avermelhar-se com o sangue destas veias. Ó mar do inferno”! De pé, sobre o rochedo, calara-se a velha. O silêncio que cortou as suas palavras foi formidável. O próprio mar, lá em baixo coleou pela praia, rolando emudecido, submisso, como se fizesse à areia a confidência do seu crime, e chorasse, arquejando, arrependido, pela imensa praia enegrecida e silenciosa.
Escura nas suas roupagens negras desfraldadas ao vento, a bruxa parecia a sombra dolorosa das agonias maternais, a que um sonho tivesse dado formas estranhas. Tinha os braços erguidos, as mãos enclavinhadas na nuca, a saia negra erguida até os joelhos ósseos trapejava sinistramente.
Chorou alto; uivou com boca para o mar, como os cães que os donos embarcam e abandonam. Da garganta saiam-lhe soluços, vivos, estertores! 
-- Ó! Mar de Deus! Ó! Mar sem entranhas! Dá-me os meus filhos! Era horrível.
A miserável mãe arquejava; estorcia-se. O “gamaré” traquejava-lhe em torno da cintura. O vento do mar crescera.
Em redor as cabras balavam procurando o refúgio da gruta. E a noite cerrava-se como uma tumba.
-- O mais novo Djôn – Ó! Meu pobre mais novo! – também nunca mais o hei-de ver?
Noemi enlaçava a velha pelos joelhos.
--Mãe! O pequeno chora…
A velha soluçava. Chorou uma grande hora, depois encostou a testa nos joelhos da americana, afagou a cabeça do pequeno, e começou a cantar, ainda sacudida de soluços, para acalentar o neto.
A noite subira pelas gargantas da montanha como vagalhões de sombras silenciosas. O mar rolara, lá em baixo, como um arrependido à espera de perdão.
Episódio III
NOEMI

Quando chegou ao conhecimento do senhor capitão-mor da ilha, que a bruxa do Insuão trazia amarradas à cauda da vassoura – em que nos dias de tempestade; galopava pelas areias negras da praia – A Virgem Maria e o menino Jesus, o povo alvoraçou-se, bramiu e prelibou os gozos do espectáculo de um suplicio. 
Durante três dias rufaram os tambores e dobraram os sinos das duas freguesias.
Frei João, um santo que poucos anos depois devia mutilar-se quando lhe nasceu um filho, percorria, de cruz alçada, as aldeias, os campos, congregando o povo, acordando, em pacíficos corações de pastores e marinheiros, o odio religioso com todas as suas devastadoras paixões, com todos os seus requintes de malvadez, pregando a guerra contra os espíritos malignos que arrastavam, cativos, em correrias macabras, pelas ribas do Insuão, a Virgem e o Menino.
Um dia, finalmente, as rochas abruptas que fecham, em semicírculo, a praia maldita, apareceram aos primeiros alvores da madrugada, ouriçadas de povo, rufando tambores, alçando cruzes, ululando como feras, acordando os ecos sonoros da montanha, fazendo fugir os pacíficos rebanhos assustados, pelas ásperas quebradas.
Sarda apareceu à entrada da gruta.
Emergira das moutas espinhosas a figura hirsuta do regedor, de chanfalho numa mão e um grande rosário na outra.
-- Vade rétro Satanás! Gritou a autoridade atirando um rosário bento ao pescoço da velha.
-- Que é isso Manuel? Endoideceste? 
-- Estás filada feiticeira do inferno?
-- Mas porquê? Que mal fiz eu?
-- Onde tens a Nossa Senhora e o divino Menino Jesus?
Noemi apareceu na sombra da gruta, com o filho ao colo, branca como uma estátua de mármore.
Então todo aquele povo que irrompia diante da gruta, caiu de joelhos.

Frei João, à frente bramiu um salmo que o eco repetiu cinco vezes.
E enquanto uns batiam com a fronte no chão e entoavam a “Luz do Espirito Santo”, outros derrubavam e amarravam Sarda.
Momentos depois, uma estranha procissão serpeava pelos carreiros quase que impraticáveis. À frente Sarda caminhava quase de rastos com as mãos atadas e o busto nu. Pouco atrás, num andor. Noemi com o filho nos braços deixava-se levar banhada em lágrimas, implorando piedade àquela horda de selvagens.
No dia seguinte, logo de manhã, muito cedo, a velha era arrastada ao suplício Noemi e o filho levados, à força, para a igreja, onde ficaram sob a guarda do povo. De cada vez que a misera implorava piedade e pedia uma xicara de leite para o filho, o povo ululava:

Continua...
(E-mail A.Mendes)



[8672] - BRASIL, BRASILEIRO!

CABINES TELEFÓNICAS DE S.PAULO...





sábado, 21 de novembro de 2015

[6671] - TARRAFAL - A HORTA DE S.VICENTE...


TARRAFAL MONTE-TRIGO
Santo Antão

Publicamos hoje um trecho sobre a magnífica propriedade do Tarrafal Monte Trigo.
É desta propriedade que se abastece o Porto Grande de S. Vicente da água para fornecimento da navegação, por intermédio da Sociedade Ferro & Companhia Limitada, de que é director o nosso amigo, o Sr. Dr. José Ferro, dono da referida propriedade.
Está situada ao SW da ilha de Santo Antão, numa magnífica baía conhecida dos navios de escolas da marinha alemã que costumam ali passar grandes temporadas em manobras e exercícios. 
É um local muito aprazível, cheio de vegetação e abundissima em água. A nascente que abastece o Porto Grande tem um débito de cerca de 1.200 toneladas diárias havendo, além desta, várias outras nascentes igualmente abundantes.
Antes da fundação da actual sociedade Ferro & Comp.ª. Lda., vários vapores tinham ido ao Tarrafal, exclusivamente para tomar água.
Pena foi que o seu proprietário, não tivesse conseguido mais cedo os capitais precisos para a fundação da sociedade e transporte da água para S. Vicente, pois, se não fora essa dificuldade, teria, de há muito, resolvido o problema do abastecimento do Porto Grande.
O Sr. Dr. Ferro tem muito bem tratada a propriedade e é ali que montou o primeiro trapiche a vapor em laboração na província.
Hoje, o Tarrafal de Monte-Trigo, tem um largo futuro com a exportação de frutas e venda de água.
Ali costuma ir passar dias de descanso várias famílias inglesas e portuguesas que residem na cidade do Mindelo.
“VOZ DE CABO VERDE” 1912

(E-mail de Artur Mendes)

NOTA - É evidente a falta de qualidade da imagem que ilustra este texto, o que não é de espantar pois trata-se da 1ª foto jamais publicada pelo jornal...


[8670] - GENTE DO MINDELO...


MATEUS TCHAINA...

FIGURA INCONTORNÁVEL DO MINDELO DE "DIAZÁ"!

[8669] - IMAGENS DE LESTE - 03...

PARTE III  (BULGÁRIA)
   

    Gastando os últimos dois dias do meu roteiro turístico, e quando sobre o corpo já pesa um certo cansaço, entro na Bulgária, após umas três horas de viagem terrestre desde Bucareste. Talvez seja o momento de fazer um pequeno balanço sobre os propósitos desta série de crónicas. Inicialmente, a intenção foi enveredar por uma espécie de síntese analítica que integrasse o conjunto dos três países, com uma narrativa mais subordinada ao aspecto temático que descritivo, mais cingida ao extracto do pensamento que à exposição de dados. Mas acabei por preferir tratar cada país de per si, uma vez ter concluído que de outro modo iria suprimir grande parte dos registos que trazia no alforge. No caso particular da Bulgária, não se pode dizer que a visita seja o corolário de todo o roteiro, o que até poderia ter sido diferente se aquele tivesse abrangido a costa búlgara do Mar Negro, onde consta haver lugares turísticos muito aprazíveis. Portanto, sem ser o patinho feio destas crónicas de viagem, tenho de reconhecer que, excluídos os locais do Mar Nego, na Bulgária não tive possibilidade de ver atracções turísticas de vulto nem colhi registos pessoais fora do comum, susceptíveis uns e outros de ocasionar um espraiar da vista e do pensamento.

Render da Guarda em Sofia
   
Mas o facto é que mal se entra em terra búlgara depara-se com ligações rodoviárias em melhores condições do que é dado ver actualmente na Roménia. Esta só há pouco tempo arrancou com a modernização e expansão da sua rede rodoviária, ao passo que a Bulgária há muito dispunha de uma situação bem mais vantajosa neste capítulo. Esta realidade pode à primeira vista parecer contraditória, por ser um país de muito menores potencialidades económicas que o vizinho. Mas há uma explicação plausível. A Bulgária, diferentemente da Roménia de Ceausescu, foi dos mais indefectíveis satélites de Moscovo, deste dependendo largamente a sua economia e colhendo apoios ao desenvolvimento das suas infra-estruturas, como seria o caso das vias de comunicação. A situação económica do país era nessa época tão equilibrada, dentro dos limites da lógica do sistema então vigente, que o padrão de vida dos búlgaros chegou a cair cerca de 40% nos anos seguintes ao desmembramento do Bloco, quando cessou o acesso privilegiado ao mercado soviético.
    País parcialmente montanhoso e com um clima quente e seco no Verão, faz-nos lembrar um pouco Portugal. Atravessa-se longas extensões de território sem se avistar povoados e sem se deparar com grandes áreas cultivadas, senão florestas semelhantes às nossas em certas regiões. É certo que, ao invés do que aconteceu em território romeno, as vias rápidas, aqui mais desenvolvidas, tendem a contornar os centros habitacionais, mas mesmo assim surpreende a rarefacção de aglomerados populacionais, pequenos que sejam, ao longo do trajecto. A paisagem humano-geográfica parece assim indiciar o predomínio do “habitat concentrado” em grande parte do território búlgaro. Pelo menos é a impressão que se colhe no trajecto entre a fronteira, em Ruse, e a capital. Pese embora o bom estado das vias rápidas, à chegada a Sofia salta à vista que os arrabaldes e os pequenos acessos à cidade apresentam mau estado de conservação e até um aspecto deprimente e pouco encorajador aos olhos de quem visita pela primeira vez o país. E os degradados bairros sociais da era comunista não podiam faltar, condizendo com a aridez insípida do ambiente à volta, semelhantes que são na sua traça e na sua uniformidade aos da generalidade dos ex-países comunistas. É natural que esses inestéticos mamarrachos comecem, aos poucos, a ceder lugar a empreendimentos e edifícios mais modernos e aprazíveis, como o recém-inaugurado hotel do grupo Holliday Inn, onde fomos alojados. Esse hotel e outros empreendimentos privados, como sedes de empresas, escritórios, centros comerciais e cinemas, inserem-se, pois, numa área renovada dos arredores da cidade e representam o investimento na modernização e na reabilitação da economia do país.
    Tendo reagido vigorosamente à ruptura com o sistema em que se integrava, os primeiros sinais da recuperação da economia búlgara só começaram a aparecer, todavia, depois de 1997, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a queda da inflação, propiciando a estabilidade macroeconómica que viria a favorecer a entrada do país na União Europeia, em 2007, ao lado da Roménia. Não obstante o país enfrentar uma elevada taxa de desemprego e baixos padrões de vida, os sinais apontam claramente para uma aceleração das privatizações e a prossecução das reformas estruturais. No entanto, à semelhança da Roménia, o país tem de superar os emperramentos de um funcionalismo público corrupto e de uma máquina fiscal e sistema judiciário pouco eficazes. Além disso, a elevada emigração que se seguiu à queda do sistema comunista, agravada com as actuais baixas taxas de natalidade, perfila-se como outro problema candente.

Posando junto a uma "fera", em Sofia
   
     Com apenas dois dias para a minha visita, ela resumiu-se praticamente à capital Sofia, uma cidade com interessante herança arquitectónica, mas onde apenas se destacam, como locais de maior interesse turístico, a Praça Nedejla, a Igreja Russa de S. Nicolas, a Igreja de Santa Sofia e a famosa Catedral Alexandre Nevski. Mas o tempo deu ainda para mergulhar no mercado tradicional da cidade, localizado mesmo no centro, onde se pode comprar produtos de consumo diário e outros bens típicos. Foi, por assim dizer, a única visita que me permitiu sentir um pouco a alma singela da cidade, pois que um mercado tradicional espelha muitas vezes o lado simples e mais autêntico de uma identidade nacional.

Posando a entrada da Igreja de Santa Sofia

Lina, no Mosteiro de Rila
   
    O pouco tempo disponível deu para visitar o mosteiro mais importante da Bulgária e declarado património da Humanidade pela UNESCO. Situado nas montanhas de Rila, a cerca de 100 Km de Sofia, é ricamente decorado tanto no seu interior como no seu exterior, rodeado pelas celas, habitadas, dos monges e outras instalações monásticas.
    Registe-se ainda que foi muito recentemente inaugurado um novo terminal no aeroporto de Sofia, moderno e com todo o conforto para quem o utiliza, mais um sinal de que o país está apostado na mudança.
    Terminei a visita a Bulgária com a sensação de que houve algo que em mim não se inscreveu de forma indelével. Gostaria, por exemplo, de ter ouvido o folclore e os cantos tradicionais da Bulgária, que são belos. Por isso, um dia voltarei para conhecer melhor o país e a sua gente, e nessa altura a costa do mar Negro não será por certo excluída do meu roteiro. Mas são óbvios os sinais de que o país aposta e acredita no futuro. E um sinal bem simbólico da sua ruptura completa com o passado foi a demolição, em 1990, do mausoléu de mármore, construído na Praça Battenberg, onde esteve depositado o corpo embalsamado de Gueórgui Mikhailov Dimitrov (o Stalin búlgaro) desde a sua morte em 1949. Mandado cremar pelas novas autoridades políticas, o corpo do velho estadista regressou ao destino comum dos mortais, coroado ou não com o louro da glória, absolvido ou não dos seus pecados. É que a sagração nacional dos fundadores do regime, que era prática corrente no mundo comunista, foi derrogada pela lógica igualitária vigente nas democracias ocidentais, que rejeitam o culto de personalidade ou o endeusamento de figuras públicas. E a filosofia no mundo ocidental é tão diferente que muitas vezes a memória dos que servem a nação tem a duração de uma bolha de sabão que se desfaz no ar.

Tomar, Agosto de 2009

Adriano Miranda Lima




[8668] - PROMESSAS OU COMPROMISSOS?!

A presidente do PAICV prometeu hoje, caso vença as eleições em 2016, dar a São Vicente uma atenção que “nunca, mas nunca” a ilha teve, sendo este o “principal compromisso” que assume com “especial atenção” para a juventude.


A presidente do PAICV prometeu hoje, caso vença as eleições em 2016, dar a São Vicente uma atenção que “nunca, mas nunca” a ilha teve, sendo este o “principal compromisso” que assume com “especial atenção” para a juventude.
Janira Hopffer Almada discursava na abertura do ano político, na Academia Jotamonte, no Monte Sossego, São Vicente, e disse ter já na plataforma eleitoral do partido uma “visão clara” da transformação de São Vicente, para garantir “nova dinâmica económica, social, cultural” e um “novo crescimento”, capaz de gerar “muitos mais empregos” e promover “mais coesão social”.
A “aposta forte”, sintetizou, será na transformação de São Vicente num hub marítimo com “proposta concretas” para a economia marítima, pescas, turismo e para a cultura.
A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) diz não temer os desafios, que existem para ser vencidos “com coragem, trabalho e determinação” e com “políticas certas nas horas certas”, e “até com discriminações positivas” se forem necessárias em função da situação real.
Sobre as eleições que se avizinham em 2016, a presidente do PAICV diz que o seu partido tem resultados para apresentar, tem propastos para o futuro e, por isso, afirma “não ter dúvidas” de que vai continuar vencedor, desde que esteja concentrado no trabalho com “força, foco e fé”.
Elogiou os 15 anos de governação de José Maria Neves, cujos “ganhos maiores” foram a “restituição da confiança” e o “resgate do orgulho” dos cabo-verdianos, mandou recados para dentro do partido, no sentido de que os interesses de Cabo Verde e o PAICV “estão acima de interesses individuais”, e concluiu o discurso de 25 minutos, de improviso, a pedir aos militantes “entrega, amor e trabalho” por São Vicente e por Cabo Verde.
Intervieram ainda na sessão o presidente da comissão executiva local do partido, Alcides Graça, e o vice-presidente Manuel Inocêncio Sousa, ambos focados essencialmente na união do partido em época eleitoral.
Fonte: Inforpress - 20.11.2015

N.R. - Andámos a vasculhar e descobrimos que o antepassado mais longinquo que se assinala a esta senhora, foi o Dr. Johann Friedrich Erasmus Hopffer (1710-1765), nascido na Baviera e feito Barão pelo Imperador José II, da Áustria...Embora de vida curta - 55 anos - conseguiu o Barão que os seus genes perdurassem desde o século XVIII com evidência primeira no nome de família...Seria de desejar que tenha passado aos seus descendentes cabo- verdianos, também, a perseverança, o sentido da honra, do dever e do empreendedorismo que são apanágio dos povos germânicos... Talvez, então, a hora de S. Vicente tenha chegado!

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

[8667] - UM NOVO MUSEU EM LISBOA...



O novo Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT) está a ser construído em Lisboa mesmo à beira do rio Tejo... É junto ao Museu da electricidade e trata-se também de um projeto da Fundação EDP.
As obras já estão em andamento e a inauguração está prevista para o Verão de 2016.
O projecto é da autoria da arquitecta britânica Amanda Levete e o arquitecto Pedro Gadanho será o director do futuro Museu. Gadanho exerceu ,durante os úiltimos anos, o cargo de curador de arquitectura contemporânea do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque. 
O edifício, sobre o qual se pode andar, terá quase três mil metros quadrados para exposições e eventos. Contará ainda com um restaurante com vista para a Ponte 25 de Abril... A escadaria exterior descerá até ao Tejo, criando um grande espaço público. 



(E-mail de Tuta Azevedo)