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domingo, 31 de janeiro de 2016

[8864] - NEM OITO, NEM OITENTA...

A Semana
29 Janeiro 2016
“O compromisso do MpD é ter um Governo Regional em Santo Antão, que defina a sua própria estratégia, as metas, os objectivos económicos e sociais a alcançar, para despoletar o seu processo de desenvolvimento real e responsabilizar(-se) politicamente perante os resultados”, prometeu Ulisses Correia e Silva esta quinta-feira (28), na Ribeira Grande.Ulisses Correia e Silva: “Santo Antão vai ter seu Governo Regional”

O presidente do MpD disse que o compromisso dos ventoinhas é ter um Governo para cada ilha de Cabo Verde: “Essa é a nossa visão sobre a regionalização do País”, esclareceu durante a cerimónia de apresentação da lista de candidatos por Santo Antão às Legislativas de 2016.

Perante algumas centenas de militantes, simpatizantes e amigos do MpD que, vindos dos três Concelhos da ilha de Santo Antão - Porto Novo, Paul e Ribeira Grande -, se juntaram para o ouvir no Centro Agrícola de Afonso Martinho na Ribeira Grande, Ulisses Correia e Silva afirmou: “Esse desejo, não significa querer mais carros ou mais ‘Jobs for the boys’ para os políticos. Mas sim fazer com que cada ilha comande o seu próprio destino, integrado no todo nacional”.

Hoje se perguntarem a alguém, quais são as expectativas da ilha das Montanhas, ninguém sabe responder, alega o presidente dos ventoinhas. “Não sabem dizer se há compromisso com o seu crescimento económico, com a sua taxa de desemprego, com a redução da pobreza e com a melhoria dos indicadores de saúde. Ou se há algum compromisso em criar um ambiente empresarial favorável para o seu desenvolvimento económico, ninguém sabe responder”, exemplificou.

“Com cada ilha um Governo Regional, vamos criar a intersectorialidade, que permita que a responsabilidade seja identificada. Não é só uma questão de responsabilização mas também de motivação, porque vai criar condições para trazer mais técnicos da ilha para Santo Antão. Eles vão induzir directamente o desenvolvimento e criar condições de serviços de proximidade mais eficientes”, asseverou Ulisses.

O presidente das ventoinhas aproveitou para refutar toda a argumentação acerca do aumento de despesas com Governos Regionais. “Fala-se muito em aumento de custos. Pelo contrário, a regionalização vai aumentar proveitos, o investimento e melhores condições para criar riquezas e desenvolvimento. Para além de se passar a olhar para Santo Antão baseado na sua realidade e suas potencialidades, no contexto de desenvolvimento nacional”, advogou.

O candidato a primeiro-ministro fez questão de apresentar algumas das linhas-mestras do seu programa de governação, caso for eleito nas Legislativas de 20 de Março próximo. De entre elas, destacam-se: “formar um Governo apenas com 12 ministérios; taxa de imposto ‘0’ para todas as micro, pequenas e médias empresas; transferir as taxas ecológicas e do turismo para as Câmaras Municipais e despartidarizar a maquina administrativa do Estado”, prometeu Ulisses Correia e Silva.

O presidente do Movimento para a Democracia deixou Santo Antão na manhã desta sexta-feira ( 29), rumo à ilha vizinha, para fazer a apresentação da lista de candidatos a deputados da AN pelo círculo eleitoral de São Vicente, nas Legislativas de 20 de Março de 2016.

MN

[8863] - É PERMITIDO SONHAR...


[8862] - JMN À PRESIDENCIA! SIM OU NÃO?!

Em Lisboa para ações de pré-campanha junto da comunidade cabo-verdiana residente em Portugal, tendo em vista as eleições legislativas de 20 de março próximo, Janira Hopffer Almada desdramatizou a "mudança de opinião" de José Maria Neves, que garantiu várias vezes publicamente que não seria candidato às presidenciais deste ano, ainda sem data marcada.

"José Maria Neves, sendo o património que é para a Nação e para a maioria, sempre se mostrou disponível para o povo cabo-verdiano. Conhecendo José Maria Neves como acho que conheço, acredito que nunca deixaria de responder a um apelo da Nação. Acho que há muitos cabo-verdianos, diria muitos mesmo, que anseiam que José Maria Neves seja Presidente da República de Cabo Verde", afirmou.

A candidata a primeiro-ministro pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001) comentava à Lusa a possibilidade admitida quinta-feira pelo próprio chefe de Governo de se candidatar contra o atual Presidente Jorge Carlos Fonseca nas próximas presidenciais.

Quinta-feira, aliás, e confrontado pela Lusa sobre a manchete desse dia nesse sentido do semanário A Nação, José Maria Neves admitiu como "provável" a candidatura às presidenciais cabo-verdianas, mas referiu estar ainda a "ponderar".

"Sendo uma ponderação, não estou a dizer que sou candidato. Mas, tendo em conta o calendário político, havendo pessoas à espera de uma decisão minha, terei nos próximos dias que decidir, de uma vez por todas e de forma mais clara, sobre o assunto", disse.

As presidenciais ainda não estão marcadas mas deverão acontecer em setembro ou outubro e se avançar, José Maria Neves, deverá enfrentar o atual Presidente Jorge Carlos Fonseca, apoiado pelo Movimento para a Democracia (MpD, oposição).

José Maria Neves deixará de chefiar o Governo após as legislativas de março, tendo então cumprido três mandatos consecutivos de cinco anos como primeiro-ministro, sempre com maioria absoluta no Parlamento.

 À Lusa, Janira Hopffer Almada defendeu que José Maria Neves é "um dos maiores patrimónios" de Cabo Verde, um político com uma "capacidade extraordinária", reconhecido "nacional e internacionalmente" e que "protagonizou a grande transformação" pela qual o país viveu nos últimos anos.

"Acho que a candidatura de José Maria Neves, a qualquer título, é sempre um ganho para Cabo Verde. É um cidadão com uma capacidade extraordinária, tem uma visão muito ambiciosa para Cabo Verde, mas tem sobretudo demonstrado que está sempre disponível para fazer todos os sacrifícios em prol dos cabo-verdianos e de Cabo Verde", sublinhou.

"Não posso deixar de recordar que a minha geração também foi uma aposta de José Maria Neves. Acreditou e apostou em nós. Fui para o Governo de José Maria Neves com 29 anos, quando quase ninguém apoiava a ideia de ter uma jovem de 29 anos como ministra da Presidência do Conselho de Ministros. Isso demonstra também que ele tem visão e também acredita na juventude", acrescentou.

Durante a estada em Lisboa - regressa na noite de domingo à cidade da Praia - Janira Hopffer Almada vai desdobrar-se em ações de pré-campanha junto das comunidades de cabo-verdianos residentes em Lisboa e arredores, como hoje na Cova da Moura, sábado no Monte da Caparica, Cruz de Pau e Setúbal e, domingo, no Bairro de Outurela e Ameixoeira.

Sábado ao fim da tarde, participou numa "tertúlia" promovida pela Associação Cabo-Verdiana de Lisboa (ACV).

JSD // EL (Texto adaptado)

Lusa/Fim

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

[8860] - EM BICOS DE PÉS...




O Presidente Hollande, em bicos de pés,  condecora uma (enorme) jogadora de
basquetebol...

Tks Valdemar Pereira

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

[8859] - OS IDEAIS ESQUECIDOS...


Conta a História que o futebol, o desporto mais praticado em todo o mundo, teve o seu primeiro jogo, em Portugal, no Largo da Achada, Camacha, Ilha da Madeira, em 1875...No continente, só em 1889, no local onde hoje se ergue a Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, se realizou o primeiro jogo e logo um Portugal 2 - Inglaterra 1...
O Clube Internacional de Foot-Ball foi o primeiro a realizar um jogo no estrangeiro, vencendo o Madrid Football Club, na capital espanhola, em 1907...
Esses eram os tempos da inocência...Meu pai, que nasceu, no Porto, em 1909, contava-me dos tempos em que os jogadores, via de regra, actuavam  nos clubes de que eram adeptos confessos e que, no final dos jogos, levavam os equipamentos para lavar em casa, onde as mães e/ou as esposas faziam as barrelas e remendavam os rasgões ocasionais...Muitos deles pagavam para jogar, até porque o jogo começou por ser um divertimento das classes altas...
São histórias destas e muitas outras que ampliam a nossa repulsa, o nosso nojo, ao ter conhecimento que, praticamente todas as actividades desportivas, infelizmente profissionais ou profissionalizadas, registam casos de corrupção, fugas ao fisco, doping,  resultados combinados, enfim, uma miséria moral completa e degradante, da parte de executantes de primeira água, que ganham somas astronómicas a pedalar, a correr, a saltar, a jogar futebol, ténis, basquetebol e tantos outros desportos onde deveria imperar o "fair-play" indispensável à prática de actividades que incorporam ideais de pundonor, generosidade, orgulho e, afinal, se comportam como vendilhões do Templo, sacrificando a nobreza das suas profissões à ganância de malfeitores sem escrúpulos, vendendo o seu suor a desígnios criminosos apenas para engordar os seus já de si pornográficos proventos...
Sinais dos nossos tempos, em que parece que todos os princípios pelos quais foi norteada a nossa formação se vão subvertendo, uns atrás de outros, até - quem sabe! - ao juízo final...



[8858] - CONTOS SINGELOS - (3)...


CONTOS SINGELOS
Por
GUILHERME DA CUNHA DANTAS
__________________
NHÔ JOSÉ PEDRO
CENAS DA ILHA BRAVA

Primeira parte
Mocidade de José Pedro
                                                                         
Desvaneios que podem servir de prólogo:
-- Com efeito, observou João Gay reparando no sobrescrito, traz o carimbo do correio do Rio.
António Pedro apressou-se a abri-la. Passando-a rapidamente pela vista, tornou-se pálido. Depois entregou-a com mão tremula ao seu amigo, ficando como que aniquilado.
Eis o que João Gay leu em voz alta:
“ Meu querido filho”
Há dois meses que terrível enfermidade me acometeu. Os médicos não me ocultam o estado sem esperança. Reunindo as poucas forças que restam, mal posso pegar na pena para te dizer: vem, filho; vem depressa, para que eu morra contente abraçando-te, e abençoe antes de morrer.
Teu tio que te ama como pai.
“ Florêncio de Sousa”
As lágrimas corriam de todos os olhos, o desfalecimento tinha-se apossado de todos os espíritos.
-- Meu Deus” Dizia D. Júlia com voz entrecortada de soluços, será preciso que nos separemos?
-- Assim é preciso, disse o brasileiro enxugando o pranto. Seria uma negra ingratidão da minha parte não dar aquele santo homem a derradeira, a única satisfação que ele pode ter neste mundo, a de abraçar aquele que ele sempre considerou e tratou como filho.
-- Pois faça-se a vontade de Deus, meu Amigo! E que ele em breve te restitua nos teus braços…
Não pôde concluir. Fora tão violenta a comoção, que a infeliz, dilacerado o seu coração terno e frágil de esposa e de mãe, caiu meio desmaiada nos braços de seu marido, confundindo as suas lágrimas com as dele.
Separação – Alguns dias depois desta triste cena, desferindo as brancas velas ao vento saía majestosamente a estreita barra da Furna o elegante “Carolina”, levando a bordo António Pedro de Sousa, seu proprietário.
Via-se a praia coalhada de povo, principalmente de pobres que debulhados em lágrimas se vinha despedir de seu benfeitor, de seu pai; e com o coração opresso de tristes pressentimentos o viam afastar-se para longe.
No alto da montanha que domina a praia alguns lenços se agitavam, e a estes sinais de última despedida correspondia de bordo do “Carolina” um homem que de pé, à popa, por vezes molhava de abundantes lágrimas o lenço que agitavam. Este homem era o pai de José Pedro. As pessoas que da rocha lhe acenavam, eram sua dessolada esposa, seu filho e João Gay, e várias outras pessoas da sua intimidade.
Oh! Não pode compreender a dor imensa que então oprimia os corações daqueles que se separavam, que ainda não experimentou a indefinível tristeza, o desalento, os prantos, o martírio da separação!
Já provei deste cálix de amargura, eu! Quando me separei de minha pobre mãe para vir, aqui em terra longínqua, buscar o pão do espirito, os meus poucos anos não me permitiam avaliar a grandeza da minha quase desgraça: - Mas chorei!
NO MAR – Tinham decorrido quatro dias. A veleira “Carolina”, com vento em popa, deixara atrás todas as ilhas do arquipélago cabo-verdeano, e agora, com as velas docemente enfunadas, reclinada graciosamente sobre o azul das ondas prateadas de brancas espumas que o seu talha-mar cortando o oceano deixava após si de um lado e de outro, navegava no mar imenso, sob o céu infinito.
Era na noite do quarto dia. Parte dos tripulantes do “Carolina” repousa nas macas, outra metade da equipagem velava; uns sentados à proa, falavam sobre a terra natal e os entes queridos que lá deixavam; outros, encostados às amarras, entoavam canções monótonas de marinheiros.
Num elegante camarim, sentado a uma pequena mesa em que se viam algumas iguarias intactas, estava o pai de José Pedro.
Com os cotovelos apoiados na banca, a cara entre as mãos, o brasileiro parecia engolfado em sombrios pensamentos. De vez em quando, duas lágrimas grossas como punhos lhe rolavam silenciosamente pelo rosto belo e nobre.
Saudades da esposa amada, do filho estremecido, do lar tranquilo e feliz!
-- Olá, Rodolfo! Disse súbito o brasileiro.
-- Pronto, capitão! Respondeu na camara imediata uma voz de criança, bocejando.
-- Já estavas dormindo, maroto? Tornou o brasileiro.
-- Já passaram das 10 horas! Murmurou o rapazinho.
E, todo de sono, entrou no camarim, foi abrir um armariozinho colocado em frente do lugar onde se achava sentado o esposo o esposo de D. Júlia, dele tirou um pequeno frasco e copinho que encheu de cristalina água, e cabeceando veio depor tudo em cima da mesa; depois, foi buscar uma colherzinha de prata que quase mergulhou no copo, e começou a deitar-lhe do líquido contido no frasquinho.
Voz de Cabo Verde , 1913                                                                     ...Continua

Pesquisa de A. Mendes 

[8857] - OS HUNOS DO SÉCULO XXI...



[8856] - OLHA A BELA GRANNY SMITH!!!

Manuel Graça
POR ONDE ANDARÁ
A ASAE?!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

[8855] - AUTO-CENSURA?!

Helena Fontes
AS DELIBERAÇÕES DA RCV e da TCV DE SUSPENSÃO DOS PROGRAMAS SÃO ILEGAIS E INCONSTITUCIONAIS!

Praia 26/1/2016
A coberto da capa do artº 105º do Código Eleitoral (CE) as direcções da TCV e da RCV (órgãos da comunicação social públicos) deliberaram, unilateralmente, suspender vários programas de cidadania, de debate político e de opinião pública, a partir do dia 20 de Janeiro de 2016, a 60 dias da realização das eleições legislativas.
No meu humilde saber jurídico, consolidado em conhecimento técnico e experiência em matéria eleitoral (*), julgo que a TCV e a RCV fizeram uma interpretação ligeira, literal e quase diria leviana, das normas contidas no artigo 105° do CE, e em consequência tomaram uma deliberação errada, ilegal e mesmo inconstitucional, de suspenderem durante 60 dias que antecede a data das eleições, todos os programas.
Ilegal porquê?
Porque não tem nenhum respaldo no referido artº 105º do CE, e nenhuma correspondência ao texto e ao espírito do legislador eleitoral, conforme as regras de interpretação estipuladas no artº 9º do Código Civil!
Inconstitucional porquê?
Porque viola, do ponto de vista do cidadão, com as liberdades e direitos constitucionais dos cidadãos, em especial, os direitos e liberdades de expressão e a ser informado, conforme determina o artº 48º nos seus números 1. e 2. da Constituição da República de Cabo Verde (CRCV)
Além de colidir, e mesmo diria coarctar, a liberdade de imprensa consignada no artº 60º da CRCV.
Devo lembrar aos Srs Directores da TCV e da RCV que há jurisprudência nacional sobre isso, (de 2011, salvo erro) nomeadamente, em relação à impugnação de deliberações tomadas pela CNE que mandara aplicar coimas a órgãos da imprensa escrita privada por alegadamente terem violado o famigerado artº 105º do CE. O STJ, enquanto Tribunal Constitucional, considerou tais deliberações ilegais e inconstitucionais, e em consequência, decidiu pela nulidade das mesmas.
Recordo ainda para os mais esquecidos, jornalistas e juristas, que o artº 105º do CE não foi objecto de alteração ou modificação na última revisão de 2010 (Lei nº 56/VII/2010 de 9 de Março).
O Código Eleitoral em vigor foi aprovado em 1999 pela Lei nº 92/V/99 de 8 de Fevereiro de 1999.
Como já disse, a questão de fundo não é o artº 105º do CE de per si, mas sim a sua interpretação correcta e a sua conformidade à Constituição, para que se possa tomar as deliberações legais e constitucionais!
Em regra, a interpretação das leis, em boa hermenêutica jurídica, deve cumprir o estatuído no já mencionado artº 9º do CC que determina logo no seu nº 1. o seguinte: "A interpretação não deve cingir-se à letra da lei,mas reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é aplicada." (sic)
E para determinarmos o alcance e sentido da lei, que é a arte da interpretação, devemos conhecer e entender o espírito do legislador, e para tal há que ir às actas parlamentares aquando da aprovação desse artigo (trabalhos preparatórios da feitura da lei), para aferir a intenção do legislador ao criar tal norma!
Além disso, o intérprete deve ter em conta sempre a unidade do sistema jurídico e o tempo em que se aplica a norma interpretada.
.
Tão simples como isso!
Mas isso é arte para quem sabe e tem técnica (conhecimentos jurídicos), não basta saber ler a lei, pois de outro modo todos podiam ser juristas.
A terminar pergunto à Ajoc Cabo Verde se já interpelou o Provedor da Justiça sobre o assunto?
Os artigos aqui mencionados do CE e da CRCV podem ter acesso através do site da CNE www.cne.cv.

P.S. O que me estranha mais nessas deliberações tomadas, é serem os jornalistas a coarctarem a sua própria liberdade de imprensa! Emoji grin
Será que ainda vivem, os jornalistas da RTCI, no tempo da famosa "auto-censura"
Triste gó! 
(*) Fui Vice-Presidente da CNE em 1994."delo.

[8854] - C O N V I T E ...


[8853] - ERA UMA VEZ, ANGOLA...{56}


RESUMO DOS EPISÓDIOS ANTERIORES

- Foi no ano de 1955 que fui do Mindelo à Praia fazer provas de condição física e intelectual na mira de uma colocação, em Angola, como Aspirante do Quadro Administrativo daquela, então, Província de Portugal no Continente Africano...Cerca de um ano mais tarde, eu com outros quinze, fomos aprovados e lá seguimos, em grupos de três e quatro, até Lisboa, primeiro e,  cerca de um mês mais tarde, para Luanda, onde cheguei em Dezembro de 1956, fazia um calor de derreter as pedras da calçada e chovia dilúvianamente...Passados mais cerca de 30 dias, lá segui com destino a Cazombo, no Alto Zambeze, que ficava - e fica - a cerca de 1500 quilómetros da Capital angolana...Até Vila Teixeira de Sousa, na fronteira do, então, Congo Belga, transportou-me o Caminho de Ferro de Benguela onde tive o meu baptismo de, num comboio,  dormir entre lençóis e tomar três refeições quentes diárias, numa viagem inolvidável de cerca de 40 horas.
Passada mais um a noite no Hotel Términos em V.T.Sousa, lá segui, de boleia de um camião carregado de telhas e tijolos de barro, para Cazombo, onde conseguimos chegar ao fim de 250 penosos quilómetros, estava eu tão partido por mais de cinco horas de solavancos...Instalei-me na "pensão" do crioulo Mário Matos, onde ele morava com mulher da Figueira-da-Foz, filho e duas irmãs e comi o primeiro almoço de arroz de berbigão de lata...Durante cerca de três anos vivi uma nova vida, numa nova terra, conhecendo nova gente e fazendo coisas novas como ir à caça de nuces e encontrar leões de anhara (sem juba), degustar febras de javali com licor de Singeverga com o padre Dâmaso, caçador de hipopótamos ou, como lá os apelidam, de cavalos-marinhos...Içar a Bandeira Nacional no terreiro da casa nova de Nhacatole, Raínha dos Luenas, que recentemente alguém tinha ido raptar à Rodésia do Sul e estava, agora, instalada em Nana Candundo,  ou assistir à inauguração da Gafaria do Alto Zambeze, a maior de toda a África, participar num churraco de testículos de porco numa ilha do Zambeze onde um ex-pescador da Nazaré tinha uma gigantesca criação de suínos, viajar de "jeep" até Balovale, na então Rodésia (cerca de 800 km, ida-e-volta) onde comprei a um logista de Castelo-Branco uma carabina BSA calibre 22-long que, depois de mirada pelo padre Dâmaso - que tudo fazia, incluindo tirar dentes e reparar bicicletas - me permitiu abater uma cabra-de-leque, à noite, num abandonado campo de aterragem, num tiro que devia constar dos anais das obras-de-arte...Na realidade, o bicho estava morto mas não tinha vestígios de qualquer ferimento em nenhuma parte do corpo...Só depois de esfolado se constatou que o tiro, à espádua traseira, lhe tinha acertado num dos ouvido e...saído pelo outro! Nem chegou a sangrar...
Depois, veio a penosa despedida de amigos conhecidos nesta curta passagem pelas planuras sem fim de um Alto Zambeze onde se colhe o arroz duas vezes ao ano, que produzia, ainda, toneladas de amendoim (ginguba), cera de abelha e...porcos vivos, claro, sem os ditos! Cazombo devia ser o único sítio do mundo, onde a única rua (estrada) que atravessava a povoação de uma ponta à outra, era ladeada por centenas de mangueiras cujos frutos ninguém consumia à excepção das abelhas, aos milhões delas! Único era, também, um pomar de várias  dezenas  de maracujazeiros que ninguém se lembrava de quem o tería semeado, que, esses sim, proporcionavam uns sumos de beber e chorar por mais...Não será certamente por acaso que os ingleses chamam ao fruto "passion fruit"... A seguir, veio a viagem até ao Cuíto Cunavale e, daí, para Norte com  a conturbada travessia em improvisada jangada, do rio Luande, a caminho de Malange e para o posto de Cangandala, onde ía ajudar a uma das tarefas mais problemáticas da acção administrativa do território: o censo da população indígena da área...(Continua...)
---------------------------------------------------------------------------------------------- N.E. - Creio que, desta forma, fica a memória das coisas minimamente actualizada, conforme me aconselhou a fazer o amigo Adriano M. Lima, como medida para que os eventuais seguidores da saga não percam completamente o fio à meada que, na realidade, já irá longa, quiçá, demais!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

[8851] - HIDROFOBIA?!...


Desde 9 de Junho de 2015 que a Maiúca tinha uma consulta de especialidade agendada para hoje, no serviço de Consultas Externas do Hospital Amadora-Sintra...
De forma muito profissional, no dia 21 fomos alertados, telefonicamente, para tal acto que teria lugar às 09H00, nos Serviços respectivos...
Esta manhã, pelas 07H30, quando saíamos de casa, chovia, como dizem os ingleses, "cats and dogs" e, depois da molha inevitável para entrar no carro, lá seguimos para a IC-19, a abarrotar, como é costume antes, durante e depois das horas de ponta...
Já passava um tanto das 08H00 e estando à espera que abrissem os "guichets" da Secção para confirmamos a consulta quando, pelo telefone, fomos informamos de que a Senhora Doutora, subitamente indisposta, não daria, hoje, as consultas programadas e que, oportunamente, contactariam para nova marcação...
Estranhamos pois, entretanto, a chuva tinha cessado e a Senhora Doutora já não corria o risco de dar cabo do penteado ou sofrer os horrores de uma eventual fobia da água... Tudo porque, afinal nós, os simples mortais, nos convencemos de que os médicos por razão do seu estatuto, não adoecem mesmo que, uma vez por outra, se desviem um tanto do juramento de Hipócrates...

[8850] - À PRIMEIRA VOLTA...


HABEMUS PRAESIDENS...

domingo, 24 de janeiro de 2016

[8849] - GENTE FINA...


Esta velha foto foi batida antes de um almoço memorável realizado no Hotel Chave d'Ouro (de Miguel de 28), no ano de mil, novecentos e troca o passo...
Chegou-nos à mão graças a dois amigos aqui presentes - Fausto Martins e Manuel Marques (Manél de Nhô César...) - e fixa para a posteridade cerca de uma vintena de felizes meninos de soncente (?) alguns dos quais, infelizmente, já nos abandonaram...
Seria interessante identificar toda esta rapaziada e a quem desvendar o maior numero de nomes o "Arrozcatum" concederá um pé de tarafe, espécie em vias de extinção!

[8848] - HOTEL MONTE SOSSEGO...



O lançamento da primeira pedra do novo empreendimento turístico de Ribeira de Calhau, na ilha de São Vicente, aconteceu nesta quinta-feira, dia 21.

A “Vila Bom Sossego “ é o mais novo hotel a ser construído em São Vicente e que pode vir a colmatar um pouco a falta de camas existente na ilha do Monte Cara, para conseguir dar resposta à demanda dos turistas .

O projeto abrange uma área de 7,85 hectares, onde serão erguidos um hotel de cinco estrelas, 68 residências, espaços de lazer, restaurante, bar, piscina, placa desportiva, precatas e jardim infantil.

in A Nação

N.E. - A notícia - muito importante, sem  dúvidas - mão menciona o montante do investimento nem a sua origem...


[8847] - O DESÍGNIO - REGIONALIZAR!...

A Regionalização: Um Desígnio Nacional? – I Parte

“A verdade que faz os homens livres, é na maioria das vezes, a verdade que eles preferem não ouvir” – (Herbert Agar)

Por: José António Lopes


Na agenda nacional não tem faltado ao debate o tema da Regionalização, o que se deve ao papel de muitos cidadãos que se têm envolvido de forma empenhada nesta discussão. Além de posições individualmente expressas, a suportar esta tese, surgiu na sociedade uma corrente organizada de opinião reivindicando a necessidade de um sistema regionalizado em Cabo Verde. O Movimento para a Regionalização de Cabo Verde, nascida em S.Vicente, encarregou-se de transportar esta bandeira. Com uma abordagem comum, vem trabalhando com afinco, no sentido de confrontar a sua versão com a centralização excessiva do país, através duma assinalável intervenção cívica e pública.

Do rol de actividades do Movimento, que data de há três anos, pode-se escrutinar acções de natureza diversa, com o intuito, não apenas de operar a sensibilização da população e realizar a pedagogia sobre esse facto, bem como de manter viva a temática na agenda política cabo-verdiana, um gesto de cidadania que merece ser assinalado. Mau-grado as dificuldades de toda a ordem, que certamente caracterizam acções do género num país como o nosso, o Grupo de cidadãos não dá mostras de cansaço. O dinamismo, visível em S.Vicente, tem resultado num contributo ao processo de democratização da sociedade, que traduz um acto de liberdade de pensamento e de acção. Visitas às zonas da ilha, confecção e distribuição de material publicitário, fora, reuniões, acções de esclarecimento, um pouco de tudo se tem visto nesta caminhada.

Mas não seria preciso recuar às Calendas Gregas para se perceber que esta problemática tivera o seu início, há quase duas décadas, quando o Dr. Onésimo Silveira, quebrou o tabu pondo o tema em cima da mesa. Contudo, nascesse o Movimento em Santa Luzia ou no ilhéu raso, um projecto de Regionalização em Cabo Verde só pode ser de natureza e âmbito nacionais. Assim acontecendo, como se justificariam determinados estados de alma em relação àquelas duas parcelas do território nacional? Por isso mesmo, não cheguei a compreender o interesse, referido algures, em questionar a génese do Movimento na ilha de S.Vicente. É que os acontecimentos ocorrem quando e onde as condições e as razões objectivas e subjectivas se reúnam. Muitas vezes, estas são históricas, sociológicas e culturais.

Já agora, porque não se interpela o facto de ter brotado nesta ilha o “Movimento Claridoso” ou as circunstâncias que denominaram a zona da Rª Bote como primeira Zona Libertada do país. Bastasse revisitar a história recente, para encontrar outros episódios, cujo umbigo se encontra nesta ilha: O 1º grupo de cidadãos a disputar eleições em Cabo Verde; a 1ª mulher presidente de Câmara; o 1º festival Internacional de Música de Cabo Verde, o 1º Festival internacional de teatro; as únicas eleições intercalares em Cabo Verde; a 1ª escola técnica em Cabo Verde, para só citar alguns. Outras ilhas foram pioneiras noutras matérias, e que mal veio ao Mundo? Não pondo em causa o livre pensamento e a opinião que é um direito de todos, o importante no meu entender, é afrontar a discussão da Regionalização na sua substância, no que possa ter de vantagens e inconvenientes para o todo nacional e, pô-los no prato da balança. É esta atitude que me parece louvável e que, acho, deve nortear todos os que nutrem simpatia pelo fenómeno da Regionalização bem como outros, que legitimamente, não concordem com essa visão.

Todavia, quando se aborda o tema da Regionalização, o que verdadeiramente assusta não são os modelos, mas o dilema de ter de partilhar o poder. Aí é que está o busílis – como gostava de dizer o meu amigo de infância, que Deus o tem. É conhecido o quanto custa ao homem partilhar o poder. Dele não quer ouvir falar, muito menos praticá-lo. Em boa verdade, nos novos tempos a luta é cada vez para se ter mais poder e, quanto maior melhor. Então porquê partilhá-lo? Aliás, em várias latitudes, a luta pelo poder tem transformado o homem, não raras vezes, num autêntico demónio. Citando o Dr. Onésimo Silveira, realizar a regionalização é aproximar o poder ao povo, partilhar com o povo o que lhe pertence, é partilhar a liberdade e dar a palavra aos cidadãos. É bom recordar que a obsessão pelo Centralismo data do tempo colonial e os governos pós-independência não souberam contrariar este fenómeno. Em certos casos, a situação até se agravou. Importa que o Estado e a classe política decidam se querem continuar a política centralizadora com as sequelas que dela se conhece, ou pelo contrário, preferem partilhá-lo com as populações em benefício desta e protagonizada com gente digna, capaz e patriota. Gente que saiba valorizar o esforço dos cabo-verdianos no país e na diáspora e que se rege por princípios éticos e pelo mérito.

Do Estado se exige o despoletar de iniciativas que reforcem a cidadania e a participação activa da sociedade, e deve fazê-lo a pensar em “todos” os cidadãos onde quer que estejam. É assim que se constrói a solidariedade activa no seio da sociedade e se realiza a justiça na gestão e redistribuição dos recursos e meios públicos disponíveis. Assim sendo, poder-se-ia evitar que parte da população, flagelada pela injustiça e desigualdade fruto das assimetrias no país, possa não resistir à tentação de revelar indiferença em situações de gravidade nacional e até de sinistro, como a última erupção do vulcão no Fogo.

in A Semana



[8846] - CABO VERDE DIRECTO...


António Alte Pinho anuncia para 1 de Fevereiro p.f. o aparecimento de uma nova experiência editorial: o jornal online "CABO VERDE DIRECTO".
 Trata-se de uma iniciativa a que o jornalista e um grupo de amigos resolveram deitar mão, reunindo o capital necessário ao lançamento do produto ao qual desejamos longa e profícua vida...

Estatuto Editorial
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sábado, 23 de janeiro de 2016

[8845] - A NOVA AMEAÇA...

MOSQUITO "AEDES-AEGYPTI"

Este é o mosquito cuja picada pode ser portadora do vírus Zika que, uma vez inoculado, consegue perfurar a placenta da grávidas e  infectar o feto, que fica sujeito a posteriores microcefalias que, em casos extremos poderão levar à morte dos bebés... Não existe, ainda, qualquer vacina contra esta praga e, a única defesa é as mulheres grávidas cobrirem o corpo o mais possível...
A situação é considerada muito grave no Brasil e noutra vintena de países latino-americanos e das Caraíbas... Nalguns deles, as autoridades já aconselham as mulheres a não engravidarem nos próximos oito a doze meses até que as medidas  profiláticas em curso consigam reduzir os riscos a níveis controláveis. O vírus não é transmissível de humano para humano.
Na Europa e nos Estados Unidos já forem identificadas mulheres infectadas que, recentemente, tinham estado de visita a países sul-americanos e das Caraíbas.
OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS!!!

[8844] - A MORAL DA HISTÓRIA...


Dois ladrões entraram num banco numa pequena cidade. Um deles grita:

- "Não se mexam! O dinheiro pertence ao banco mas as vidas são vossas!".
Imediatamente todas as pessoas se deitam no chão, em silêncio e sem pânico.
LIÇÃO 1: Este é um exemplo de como uma frase dita correctamente e na altura certa pode fazer toda a gente mudar a sua visão do mundo.
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Uma das mulheres estava deitada no chão de uma maneira provocante. Um dos assaltantes aproximou-se e disse-lhe:
- "Minha senhora, isto é um roubo e não uma violação. Por favor, procure agir em conformidade. "
LIÇÃO 2: Este é um exemplo de como comportar-se de uma maneira profissional e concentrar-se apenas no objectivo.
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No decorrer do assalto, o ladrão mais jovem (que tinha um curso superior) disse para o assaltante mais velho (que tinha apenas o ensino secundário):
- "Olha lá, se calhar devíamos contar quanto é que vai render o assalto, não achas?". O homem mais velho respondeu:
- "Não sejas estúpido! É muito dinheiro para o estar a contar agora. Vamos esperar pelo Telejornal para descobrir exactamente quanto dinheiro conseguimos roubar".
LIÇÃO 3: Este é um exemplo de como a experiência de vida é mais importante do que uma educação superior.
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Após o assalto, o gerente do banco disse ao caixa:
- "Vamos chamar a polícia e dizer-lhes o montante que foi roubado".
- "Espere", disse o caixa "porque não acrescentamos os 800 mil euros que tirámos há alguns meses e dizemos que também esse valor foi roubado no assalto de hoje?”.
LIÇÃO 4: Este é um exemplo de como se deve tirar proveito de uma oportunidade que surja.
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No dia seguinte foi relatado nas notícias que o banco tinha sido roubado em 3 Milhões de Euros. Os ladrões contaram o dinheiro mas encontraram apenas 1 Milhão. Um deles começou a resmungar:
- "Nós arriscamos as nossas vidas por 1 Milhão enquanto a administração do banco rouba 2 Milhões sem pestanejar e sem correr riscos? Talvez o melhor seja aprender a trabalhar dentro do sistema bancário em vez de ser um simples ladrão".
LIÇÃO 5: Este é um exemplo de como o conhecimento pode ser mais útil do que o poder.

Moral da história:

-Dá uma arma a alguém e ele poderá roubar um banco.

-Dá um banco a alguém e ele poderá roubar toda a gente...

(Pesquisa: Adriano M. Lima)

[8843] - REGRAS DE OURO...

Este é o túmulo mais visitado de um cemitério do Utah - USA, graças ao texto da lápide, que resume, humoristicamente,  a vida do falecido...Na realidade, o Senhor Rusell J. Larsen, de Logan, acabou por falecer na ignorância de que a sua campa acabaria por vencer o prémio da mais visitada de sempre...


LEGENDA:

É importante ter uma mulher que ajude em casa, cozinhe bem, limpe a casa e tenha um emprego;

   É importante ter uma mulher que te faça rir;

   É importante ter uma mulher em quem possas confiar e não minta;

   É importante ter uma mulher que seja boa na cama e que goste de estar contigo;

   Mas é muito importante que essas quatro mulheres nunca se conheçam, caso contrário, podes acabar morto, como eu!

(Pesquisa de Jorge Morbey) 


[8842] -- O (DES)ACORDO ORTOGRÁFICO «3»


[8841] - V E R G O N H A ...


ESTA É A VERGONHOSA IMAGEM DA INSANIDADE QUE
HOJE ESCRAVIZA A NOSSA CIVILIZAÇÃO...

[8840] - ONÉSIMO, O REGIONALISTA...

Dia de São Vicente: Onésimo Silveira volta a levantar a bandeira da regionalização!

O diplomata, escritor e ex-presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Onésimo Silveira foi homenageado esta sexta-feira,22, durante sessão solene alusiva ao dia do município.No seu discurso Silveira centrou as suas baterias na luta pela regionalização, que considera ser um prolongamento da luta pela Independência. Num tom crítico o ex-autarca defendeu que, sem "a regionalização, a república de Santiago irá escravizar” a ilha do Monte Cara...

Onésimo Silveira entende que a “república de Santiago está a esmiolar São Vicente” que não tem poder regional. Mas, está convicto de que este cenário vai mudar para que a ilha do Monte Cara recupere a sua dignidade e alcance um novo patamar. "Mais depressa do que pensamos, São Vicente vai ganhar a batalha da regionalização para atingir um patamar superior em nível da Administração Pública”, advogou o ex-autarca para quem a excessiva regionalização que se instaurou no país foi obra do arrastamento do partido único.

Na mesma linha o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves também contestou a centralização do poder que a seu ver tem prejudicado o desenvolvimento da ilha do Porto Grande.

“Não se consegue que uma Nação possa viver e, sobretudo, prosperar com uma forte centralização governamental. A centralização só serve para limitar os povos a ela submetidos porque tende continuamente a diminuir-lhes o espírito da cidadania.Por muito sapiente e esclarecido que possamos imaginar o poder central ele não pode abarcar sozinho todos os pormenores da vida de um grande povo, não pode porque uma tarefa dessas ultrapassa as forças humanas”, entende Neves.

Corroborando o edil sãovicentino, Jorge da Luz, líder da bancada do MpD, defendeu que é preciso devolver à ilha de São Vicente a sua vocação apostando nas mais diversas áreas como a economia do mar, a cultura e o comércio.

“Temos de apostar em políticas que tem como fim o desenvolvimento da dignidade humana, centrado na juventude, na família e numa sociedade cada vez mais próspera. Isto só é possível dando a São Vicente a possibilidade de realizar a sua vocação que esta região sempre teve. Esta vocação nos impele a colocar em destaque a cultura, o desporto, o mar, o comércio, a indústria ligeira, sem esquecer que nos dias de hoje o empreendedorismo e o turismo devem ocupar os seus devidos lugares”.

Entretanto, Alcides Graça, líder da bancada do PAICV na Assembleia Municipal, realçou que apesar dos tempos áureos São Vicente deve deixar o discurso saudosista ancorada ao passado para redesenhar o seu desenvolvimento no contexto actual.

“O nosso passado certamente nos orgulha. Mas, por mais venturoso que tenha sido não podemos ficar fundeados nele, colocando em risco os desafios do presente e a projecção do futuro que temos pela frente. São Vicente precisa urgentemente de resituar-se nos saberes económicos e cultural que é estruturalmente diferente do contexto quando a ilha era o principal pólo cultural e económico do arquipélago.”

In A Semana

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

[8839] - CONTOS SINGELOS - (2)


CONTOS SINGELOS
Por
GUILHERME DA CUNHA DANTAS
__________________
NHÔ JOSÉ PEDRO
CENAS DA ILHA BRAVA

Primeira parte
Mocidade de José Pedro
                                                                            ***********
Desvaneios que podem servir de prólogo
E no meio dos gritos de angústia, de desesperação e terror das duas equipagens, a montanha de água que em torno das duas embarcações se formara pelo seu choque, desabou sobre elas com horrível fracasso, sepultando tudo, navios e homens, gritos e blasfémias, orações e gemidos no abismo insondável.
Os Náufragos – Mas o mar não concluíra a sua obra de destruição.
Dois corações, generosos ainda palpitavam anelantes, dois peitos robustos arqueavam lutando com a morte, trazida sobre cada vagalhão, sobre cada destroço dos navios afundados que o mar furioso arremessava por sobre as suas cabeças com o ímpeto de uma catapulta.
Súbito o mar, como um gigante cansado da luta a faz cessar momentaneamente, para depois, adquiridas novas forças, a ela voltar com mais ardor e fúria, o mar cessou por momentos o seu furioso embate:
Os infelizes náufragos, que já se achavam exaustos de forças, e quase asfixiados, puderam enfim, ainda que por breve espaço, respirar.
Neste momento, uma fita de fogo rasgou lado a lado o horizonte sombrio, e serpeando lá ao longe, o raio veio sumir-se no oceano.
À luz momentânea e sinistra do relâmpago, os dois homens viram-se, reconheceram-se.
-- António Pedro!  
-- João Gay!
Enfurecia-se outra vez o mar, o gigante reentrava na luta.
Os dois náufragos, reanimados por este breve, mas oportuno descanso, puderam melhor sustentar-se ao de cima das águas revoltas. E, ora descendo ao fundo do abismo, ora vindo à superfície e sendo joguete das ondas, sempre animando-se com palavras e gestos de coragem, assim passaram os dois robustos marinheiros a quarta parte daquela desgraçada noite. Porém esta segunda luta dos elementos foi como a cólera humana: tanto mais terrível quanto mais breve. 
Os primeiros arrebois da aurora franjando de um vivo escarlate as extremidades do horizonte, dilataram-se pelo céu de branca transparência, e se espalharam num mar de tranquila imobilidade, que mais parecia um grande lago. 
No ponto em que o céu, descrevendo uma semi-curva, parece cair-se ao mar, aparecia, destacando-se da superfície aquática, um ponto branco semelhante a um grande alcatraz com as asas abertas. Porém a vista perspicaz dum marinheiro reconheceria neste ponto branco as velas duma embarcação de grande lote.
Assim o pensaram António Pedro e João Gay, porque logo, adquirido vigor novo com a certeza do salvamento, se dirigiram para aquele ponto à força de braços.
A meia milha de distancia, foram vistos do navio, que arreiou um escaler ao mar.
Desde então, os dois irmãos pelo infortúnio, jamais se separaram; a sua sorte foi sempre comum.
Os pais de José Pedro – António Pedro, numa das viagens que fizera à ilha Brava, possuíra-se de grande amor por uma linda crioula cujo pai era português, e não teve escrúpulo em ceder a mão de sua filha ao honrado moço brasileiro, que lha solicitou com o mais apaixonado ardor.
Liquidando os muitos bens que possuía no Brasil, viera estabelecer-se na já mencionada povoação de “santa Ana, onde desfrutava com a sua jovem e encantadora esposa D. Júlia de Lima, aquela felicidade que encontra uma família virtuosa retirada do bulício do mundo.
Deus santificara a sua união dando-lhes nove meses depois, um filho varão, a quem na pia baptismal puseram o nome de José. 
Eis pois nascido o nosso herói!
Este fausto sucesso veio aumentar, se era possível, a felicidade de que gozavam os ditosos cônjuges.
O balbuciar do infante era para seus pais como o hino que Deus houvesse mandado à terra para celebrar a sua felicidade. 
Depois chegou a idade em que era preciso que o espírito, muito mais necessitado e exigente, compartilhasse os cuidados do corpo.
 Tinha José Pedro seis anos de idade, quando se matriculou na escola pública da terra, cuja direcção estava confiada a um hábil português.
Uma carta do Brasil – Decorreram seis anos, durante os quais fora igualmente tranquila e feliz a existência da família de António Pedro.
Seu filho fazia rápidos progressos na escola onde tinha o lugar de primeiro aluno.
Porém o céu que nem sempre está sereno, começou a toldar-se para o adolescente de negras nuvens.
Um dia pela manhã, estando o brasileiro sentado à mesa com a sua família e João Gay, entrou um escravo trazendo uma carta na mão.
--- “Sinhó… um carta! Disse o negro entregando-a e retirando-se.
-- A letra parece de meu tio (disse o brasileiro comovido). Há dois meses que não escreve!

Voz de Cabo Verde 1913

                                             Continua...

Pesquisa de A. Mendes

[8838] - A CHAMA PLURAL...

Eduardo Lourenço
A celebrada alma portuguesa pelo mundo repartida, de camoniana evocação, foi, sobretudo, língua deixada pelo Mundo. Por benfazejo acaso, os portugueses, mesmo na sua hora imperial, eram demasiado fracos para “impor”, em sentido próprio, a sua língua. Que ela seja hoje a fala de um país-continente como o Brasil ou língua oficial de futuras grandes nações como Angola e Moçambique, que em insólitas paragens onde comerciantes e missionários da grande época puseram os pés, de Goa a Malaca ou a Timor, que a língua portuguesa tenha deixado ecos da sua existência, foi mais benevolência dos deuses e obra do tempo que resultado de concertada política cultural. Sob esta forma, um tal projecto seria mesmo anacrónico. Nenhum autor português, nem estrangeiro, escreveu acerca da nossa acção uma obra como “a conquista espiritual do México”, pois não tivemos nenhum México para conquistar e lusitanizar.
O derramamento, a expansão, a crioulização da nossa língua foram como a das nossas “conquistas”, obra intermitente de obreiros de acaso e ganância (da terra e do céu) mais do que premeditada “lusitanização” como nós imaginamos – porventura enganados – que terá sido a romanização do mundo antigo ou a francisação e anglicisação dos impérios francês e britânico.
Quiseram também as circunstâncias – na sua origem pouco recomendáveis – que a nossa língua europeia, em contacto com a africana escrava, se adoçasse, mais do que já é na sua versão caseira, para tomar esse ritmo aberto, sensual, indolente, do português do Brasil ou o tom nostálgico da de Cabo Verde.
A miragem imperial dissolveu-se há muito. Da nossa presença no mundo só a língua do velho recanto galaico-português ficou como elo essencial entre nós, como povo e como cultura, e as novas nações que do Brasil a Moçambique se falam e mutuamente se compreendem entre as demais… Uma língua não tem outro sujeito que aqueles que a falam, nela se falando. Ninguém é seu “proprietário”, pois ela não é objecto, mas cada falante é seu guardião, podia dizer-se a sua vestal, tão frágil coisa é, na perspectiva do tempo, a misteriosa chama de uma língua.

Observatório da Língua Portuguesa.

[8837] - OS CRIOULOS NO MUNDO...

Fonte - Observatório da Língua.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

[8836] - 22 DE JANEIRO DE 2016...

 DIA DE S.VICENTE

QUE O SANTO PADROEIRO DA
ILHA MÍTICA
A DEFENDA E GUARDE
DA FÚRIA DESTRUÍDORA QUE
A AMEAÇA E AO SEU
CORAÇÃO -  MINDELO - ONDE
PULSA A ALMA DE UM
POVO QUE SOFRE MAS É
DEPOSITÁRIO DE UMA HERANÇA
DE PROGRESSO E DE SABER
QUE HONRA A
CABO-VERDIANIDADE!

[8835] - O (DES)ACORDO ORTOGRÁFICO - «2»

Pesquisa de Adriano M. Lima

[8834] - O TESTE DA BANHEIRA...

“Conta a história que, há já muitos anos,  numa visita a um hospital psiquiátrico, um dos visitantes perguntou ao director:
– Qual é o critério usado para saber quem precisa ser internado aqui?

O Director respondeu:

– Nós enchemos uma banheira com água e entregamos ao suposto doente uma colher, um copo e um balde. Depois pedimos que ele esvazie a banheira. De acordo com sua decisão em como esvaziar a banheira, nós decidimos se o hospitalizamos ou não.
– Percebi– disse o visitante – uma pessoa normal certamente usaria o balde, que é maior que o copo e a colher, correto?
– Não – respondeu o director – uma pessoa normal tirava a tampa do ralo... O que prefere: quarto particular ou enfermaria?”

Tu também escolherias o balde, não é?!
Todos os dias somos confrontados com a necessidade da tomada de decisões com base nos factos que nos apresentam ( balde, colher e copo),  e em função deles, decidimos. Acabamos por esquecer que existia outra solução, ou outras, mais assertivas.
A Vida está cheia de opções, precisamos de estar atentos e alerta para as compreendermos.Não podemos deixar que as opções apresentadas pelos outros, condicionem as nossas decisões.Sempre que precisares de tomar uma decisão, abre o teu coração e aumenta a tua visão, procura novas opções.
Procura ser criativo sempre que tiveres de decidir,  e transforma esses momentos em desafios criativos.
Vai estar um dia magnífico... Diverte-te!

Pesquisa - Adriano M. Lima


[8833] - LADO A LADO...

José Ribeiro e Castro

O primeiro-ministro de Portugal, com os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Cultura, efectuou uma curta visita a Cabo Verde. É a primeira viagem oficial do chefe do Governo e do titular da política externa, o que tem forte significado. Aplaudo com ambas as mãos.
Cabo Verde é um caso extraordinário de um país pobre que identifica e valoriza laboriosamente as suas riquezas (sobretudo a sua gente e a sua cultura), de um país africano que se consolida livre, democrático e aberto, de um país periférico que se faz central e de referência, de um país insular que se quer um continente de esperança e de ambição.
Foi por algumas destas razões que, em 2007, foi estabelecida a Parceria Especial União Europeia-Cabo Verde, um grande atrevimento. Enquanto deputado ao Parlamento Europeu, trabalhei muito desde 2005, com os cabo-verdianos e a Comissão, no desenho, afirmação e conquista do figurino engenhoso deste modelo único de relacionamento externo entre a UE e um país terceiro. O dossier avançou mais rapidamente do que poderíamos sonhar e acabou por se concretizar depressa no fim de 2007, aproveitando o contexto favorável da Presidência portuguesa.
Ficou um fato concebido à medida do relacionamento europeu com Cabo Verde e vice-versa, um quadro com grande plasticidade e enorme potencial de desdobramento tanto nos seus seis pilares como para além destes. É uma construção original no cruzamento de três linhas de políticas europeias: o quadro geral da cooperação e do desenvolvimento no contexto UE-ACP; a inserção regional das regiões ultraperiféricas; e as políticas de segurança e vizinhança.
Não tem tido avanços e recuos, mas não tem avançado sempre. Não teve recuos, mas tem conhecido engasganços, alguns soluços, por descontinuidade estratégica do lado europeu. Como já tenho alertado, o novo modelo institucional do Tratado de Lisboa prejudica a Parceria e cria-lhe riscos futuros. Perguntarão: o que têm os tratados europeus que ver com o assunto? Explico.
A Parceria Especial, pela sua natureza e pela novidade, depende muito do impulso político quer no desenvolvimento inicial quer para instalação estrutural de parte a parte. Ora, no tempo da presidência rotativa de corpo inteiro, as presidências de turno interessaram-se sempre pelo dossier (de facto, singular e atraente) e deram-lhe relevo, impulso e visibilidade nas reuniões políticas de alto nível. Com o novo figurino, a matéria burocratizou-se: nunca ninguém soube o que o presidente Van Rompuy e a alta-representante Ashton pensavam a este respeito – se é que pensavam alguma coisa. E, depois do primeiro quinquénio, também ainda não deu para Donald Tusk e Federica Mogherini destacarem a Parceria Especial.
A nível técnico e graças ao desempenho da Delegação da UE na Praia, as coisas rolam bem. Mas atenuou-se muito o impulso político permanente e, com este a desfalecer, a Parceria pode vacilar e apagar-se. É preciso novo vigor político do lado europeu – e é aqui que o papel de Portugal e do Ministério dos Negócios Estrangeiros é fundamental, como em 2007. Somos os lusófonos europeus, o melhor amigo europeu de Cabo Verde – temos de o mostrar e pôr a valer, em diálogo estreito com Cabo Verde e correspondendo às suas necessidades. Temos a possibilidade – e, por isso, a responsabilidade – de procurar pôr na agenda de Tusk, de Mogherini e de Juncker o tema Parceria Especial, de mantermos o assunto na mesa do Conselho, de fazermos valorizar Cabo Verde nas relações euro-africanas e euro-atlânticas, de conseguir incluir finalmente Cabo Verde na política europeia de vizinhança (é nosso vizinho insular atlântico), de levar sempre Cabo Verde e a Parceria Especial como ponto alto do nosso trabalho diplomático europeu, bilateral e multilateral, bem como na bagagem permanente da cooperação entre Parlamentos.
Não é só o nosso dever para com um país-irmão, como é também do nosso interesse e da lusofonia em geral. Por isso, tenho tanta expectativa quanto a esta visita e ao que dela resultar no plano oficial e no relançamento da política externa. O Governo já anunciou que pretende valorizar, em geral, a CPLP. É o caminho certo: estamos bem precisados de uma segunda geração de políticas para a CPLP, vinte anos que estão a passar sobre a sua fundação.
Esperemos que a relação com Cabo Verde dê já o sinal e seja um pontapé de saída para essa segunda geração. Voltarmos a agarrar a Parceria Especial UE-Cabo Verde como tema da linha da frente seria um grande auspício.

Pesquisa de Valdemar Pereira





[8832] - O (DES)ACORDO ORTOGRÁFICO - «1»

Pesquisa de Adriano M. Lima

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

[8831] - U.S.A. E A HISTÓRIA DE CABO VERDE...



































































História de Cabo Verde desperta interesse nos EUA
As Novas gerações querem conhecer as suas origens e os americanos se interessam cada vez mais pelas ilhas do Atlântico Médio.

Declaração de Independência de Cabo Verde
Museu da Baleia - New Bedford- US

Com quase três séculos de história de emigração para os Estados Unidos, os cabo-verdianos constituem uma das mais sólidas comunidades na América do Norte, com uma longa tradição de ligação à sua história e cultura.
O crioulo foi uma das primeiras línguas estrangeiras a ser ensinada nas escolas americanas, nomeadamente no Estado de Massachussets, e a origem da emigração de cabo-verdianos para os Estados Unidos está intimamente ligada a uma importante etapa da história americana: a pesca da baleia no Atlântico

Museu da Baleia - N.Bedford
Com várias gerações de descendentes, presentes nos mais diversos campos da vida política, social, económica, associativa, cultura, surge, cada vez mais, o interesse pela história das ilhas e sua cultura.
A língua cabo-verdiana, o crioulo, a história, a obra e vida de Amílcar Cabral, a imigração, a cultura, são alguns dos muitos temas que levam descendentes de cabo-verdianos e americanos a procurar informações sobre o aquipélago e os primeiros imigrantes.
Na cidade de Providence, no Estado de Rhode Island, encontra-se o Cape Verdean Museum Exhibit, uma instituição privada criada em 2005 por cabo-verdianos e descendentes, o único museu exclusivamente dedicado ao arquipélago.
“Criamos o museu para contarmos a nossas história da nossa maneira, na nossa óptica”, explica a professora e investigadora Virgínia Goncalves, a impulsionador da iniciativa.

Mostra de artesanato de Cabo Verde - Providence, USA
Ivonne Smart, filha de cabo-verdianos nascida nos EUA e voluntária no museu, revela que pessoas de 32 nacionalidades e de quase todos os Estados americanos já passaram pelo local, cujo acervo cresce graças às doações, "desde uma carta a uma escultura, tudo serve".
“Estudantes de todos os níveis de ensino, professores, investigadores e descendentes que querem conhecer as suas origens procuram o museu”, que funciona também de forma gratuita.
Curioso, "ou talvez não", como explica Virgínia Gonçalves, é que o Cape Verdean Museum Exhibit é mais visitado por americanos do que por cabo-verdianos.
"Os cabo-verdianos, principalmente os que emigraram, não conheciam museus e não têm este hábito”, justifica a professora.
A emigração das ilhas para os Estados Unidos começou nos meados do século 18, com a pesca da baleia.

Museu da Baleia - N.Bedford, USA
Os baleeiros americanos iam pelo Atlântico Sul e paravam em Cabo Verde para se abastecerem de água e alguma comida.
No regresso traziam muitos cabo-verdianos conhecidos por serem bons marinheiros.
O maior museu da baleia do mundo, o Whaling Museum, está na cidade de New Bedford, onde a comunidade cabo-verdiana se concentrou há mais de dois séculos.
Nesse museu, "está também grande parte da história de Cabo Verde", como diz Carlos Almeida, professor universitário e um dos conselheiros académicos do Whaling Museum.
“Pode-se conhecer a história da emigração para os Estados Unidos, tanto de cabo-verdianos como de açoriano,s através dos materiais que o museu possui e de exposições, como agora, em que temos uma sobre marinheiros daqueles dois arquipélagos”, explica Almeida.

James Russel
Presidente do Museu da Baleia - N.Bedford

O director do Whaling Museum James Russel destaca a importância dos "marinheiros cabo-verdianos, não só na faina da pesca da baleia, mas também na construção de uma cidade multicultural, ao trazer a sua cultura, música, gastronomia e calor humano".
Além de receber muitos eventos da comunidade cabo-verdiana, o museu tem um estreita cooperação com o Ministério da Cultura de Cabo Verde, com o qual trabalha neste momento na criação do Museu do Mar em São Vicente.

Álvaro Ludgero de Andrade
Voz da América
Pesquisa de Adriano M. Lima