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quinta-feira, 30 de junho de 2016

[9396] - SUÉCIA - O FIM DO DINHEIRO...




O fim do dinheiro de papel já é uma morte anunciada na Suécia: até 2030, as cédulas e moedas deverão virtualmente desaparecer no país, que lidera a tendência global em direcção à chamada "sociedade sem dinheiro". A projecção é do Banco Central sueco.
Desta forma, a Suécia deverá ser o primeiro país do mundo a abolir o dinheiro de papel. É o prenúncio de uma nova era, dizem especialistas. A previsão é de que, no futuro, as economias modernas serão dominadas pelo uso do cartão e da moeda electrónica a nível mundial.
Na Suécia, a transformação é visível. Cada vez mais cidadãos usam menos o dinheiro de papel, nesta sociedade em que os pagamentos já são feitos maioritariamente via cartão, telemóvel e variados meios electrónicos. E, na capital sueca, cresce o número de restaurantes e lojas que estampam o aviso: "Não aceitamos dinheiro".
Novos dados do Banco Central sueco indicam que as transacções em dinheiro representam, actualmente, apenas 2% do valor de todos os pagamentos realizados na Suécia - contra uma média de cerca de 7% no resto da Europa.
Com base nestes dados, a Sveriges Radio (rádio pública sueca) chegou a decretar a morte iminente do dinheiro para daqui a cinco anos: se for mantido o ritmo actual indicado agora pelo Banco Central, segundo a rádio, as projecções apontam que já em 2021 o percentual de utilização do dinheiro na Suécia deverá cair para menos de 0.5%. Já o Banco Central sueco prefere adoptar um tom mais cauteloso.
"Cerca de 20% dos pagamentos efectuados no comércio ainda são feitos em dinheiro. A nossa avaliação é que o dinheiro continuará a circular na Suécia até aproximadamente ao ano de 2030", disse à agência sueca de notícias TT o porta-voz do Banco Central, Fredrik Wange.
"A Suécia continua à frente do resto da Europa, em relação à redução do uso do dinheiro do papel. E principalmente dos Estados Unidos, onde cerca de 47% dos pagamentos ainda são feitos em dinheiro", que destaca os avanços dos vizinhos nórdicos, Noruega e Dinamarca, na mesma direcção.
Em diversas lojas e diferentes sectores de serviços da Suécia, mais de 95% dos pagamentos são feitos com cartão.
Nos autocarros de Estocolmo, há tempos já não se aceita dinheiro. A tarifa é paga com cartões pré-pagos ou via SMS, e basta mostrar ao motorista o telefone celular com a mensagem que confirma o pagamento. Taxistas aceitam qualquer cartão.
Também cresce o número de comerciantes que aceitam apenas cartão como pagamento. Até nos quiosques de flores, no centro da capital sueca, um aviso anuncia: "Preferência para pagamentos em cartão". Feirantes e ambulantes também se adaptam à tendência cashless, e trabalham equipados com leitores portáteis de cartões.
Um estudo recente da empresa de serviços financeiros Visa indica que os LADRÕES ESTÃO EM EXTINÇÃO...
“Os bancos e o comércio investiram maciçamente em sistemas de pagamentos electrónicos na Suécia a partir da década de 90, e hoje em dia os consumidores estão acostumados a usá-los", diz Niklas Arvidsson, professor de Dinâmica Industrial do Real Instituto de Tecnologia da Suécia (KTH).
Os principais bancos da Suécia vêm simplesmente parando de lidar com dinheiro: cerca de 75% de suas agências já operam sem dinheiro.
Ladrões de banco vão se tornando, assim, personagens do passado. O número de roubos a agências bancárias vem atingindo o índice mais baixo dos últimos 30 anos, segundo a Associação dos Bancos sueca. 
Para os bancos, as vantagens de uma futura sociedade sem dinheiro são evidentes. Em primeiro lugar, ela traria mais segurança para funcionários e clientes. E também eliminaria os altos custos de gerenciamento e transporte de dinheiro. (Colab. Valdemar Pereira)

{9395] - O ACORDO C.VERDE-U.EUROPEIA...

Fretson Rocha, Rádio Morabeza/Expresso das Ilhas 

Opção estratégica de Cabo Verde deve passar pelo aprofundamento da relação com o Euro – Paulo Monteiro Júnior

O economista Paulo Monteiro Júnior defende que o futuro da política monetária cabo-verdiana deve passar pelo aprofundamento do acordo de paridade cambial com o Euro e não pela integração do país na moeda única da CEDEAO. O economista contraria, assim, a intenção da CEDEAO, que quer aprofundar a união económica e monetária existente em alguns dos país da comunidade, através do Franco CFA.
Por outro lado, o especialista entende que o arquipélago pode fazer parte do mercado comum da Comissão Económica dos Estados da África Ocidental, mesmo que não adopte a mesma moeda. “Isto é perfeitamente compatível com a participação na integração económica da CEDEAO”, afirma, citado pela Rádio Morabeza.
Do ponto de vista factual, Paulo Monteiro Júnior lembra que Cabo Verde está mais próximo da União Europeia do que da CEDEAO. “Praticamente, não temos comércio com a zona da CEDEAO, nem importação, nem exportação. Outro factor importante, as remessas da emigração, essencialmente vêm da Zona Euro”, acrescenta.
O economista falava esta quarta-feira, à Rádio Morabeza, numa reacção à intenção do Conselho de Convergência da União Económica e Monetária da África Ocidental, de convidar Cabo Verde para uma maior aproximação à união monetária da sub-região. 
Num relatório divulgado por estes dias, a Comissão Económica dos Estados da África Ocidental antecipa a criação de um Banco Central, como estratégia para efectivar o lançamento e introdução da moeda única para os seus 15 países membros em 2020.

[9394] - CASA PARA TODOS...

Um modelo ideal e sustentável de Casa Para Todos  que todos poderiam aplaudir. Quantos milhares de fogos não seriam construídos com os milhões investidos nos HLM's típicos da Europa urbanizada. Para além do aspecto visual agradável, este é o tipo de casa tipicamente cabo-verdiana, que pelo menos  não destoa na paisagem nem no espaço urbano das ilhas (embora esta afirmação tenha deixado de ser verdadeira em Cabo Verde, com o urbanismo caótico dos últimos 30/40 anos) . Este tipo de casas pode ser amiga do ambiente, ter uma componente ecológica, poupar energia , ter um melhor conforto térmico, e favorecer uma melhor integração social. E acredito que é possível poupar ainda mais no custos da sua produção, materiais, mão de obra etc.
(JOSÉ FORTES LOPES)



Uma casa sustentável definida como ”padrão europeu” chamou a atenção dos moradores de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. A construção foi feita em apenas seis dias e, melhor ainda, com 25% de economia em comparação a uma casa comum...

+ Como é a primeira casa sustentável brasileira?

O projeto da casa sustentável é feito pelo espanhol Eugen Fudulu e pelo brasileiro Kleber Karru em parceria com o laboratório europeu Open MS. A construção é toda baseada na nanotecnologia, sem desperdiçar qualquer tipo de material e com apenas 4 funcionários para erguê-la em menos de uma semana – a partir do alicerce já pronto, num modelo similar ao feito nos edifícios.
Segundo os responsáveis, as paredes possuem isolamento térmico e acústico, com espuma e fios de vidro por dentro e por fora, mantendo uma temperatura agradável dentro da casa tanto no frio quanto no calor. O material é resistente a fogo, água e cupim (isso mesmo!); já a estrutura pode ter acabamento de acordo com a preferência do morador: azulejo, látex, textura ou grafiato.
Com foco no aproveitamento de água, ar e energia, a construção ainda tem um purificador instalado que é capaz de filtrar a água antes que ela chegue na torneira da residência, além de estrutura para teto solar e aparelho de ar, que retira todas as bactérias do ambiente. Incrível, não é?
E não para por aí! O mais surpreendente, além da estrutura de primeiro mundo, economia (cerca de 25%) e do tempo, é que a casa sustentável ainda pode resistir a tremores de 9 graus na escala Richter e a ventos de até 300 km/h.

Agora, o desafio dos desenvolvedores é firmar uma parceria com o Governo Estadual para que o projeto chegue às áreas pouco favorecidas e à população de baixa renda. Além de resolver um problema de moradia, ainda geraria empregos, pois quanto mais funcionários, mais rápido será a construção.
“Isso poderia acontecer pois o número de pessoas trabalhando aumentaria. Com equipes de trabalho, divididas por funções, fazemos uma casa por dia. Neste caso, uma equipe faria o radier (alicerce), outra montaria a estrutura e outra seria responsáveis pelo revestimento e acabamento final”, disse Kleber Karru ao portal Correio do Estado.
Se você mora em Campo Grande e está curioso para conhecer a casa sustentável, ela está localizada no bairro São Lourenço, na Rua Vista Alegre, esquina com a Inácio de Souza. Vale a pena conferir! (Correio do Estado - Foto: Valdenir Rezende)

quarta-feira, 29 de junho de 2016

[9393] - HUMOR...OU TALVEZ NÃO!...



(Colabor. Manuel Marques)

[9392] - BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA PEDRADA NO CHARCO...


      
     Começou por ser um lago de águas limpas e cristalinas onde Jean Monnet e os seus companheiros Adenauer, Schuman, Churchill e outros gostavam de ver os seus rostos reflectidos. Porém, mais tarde, aquelas águas se foram tornando fétidas, graças ao efeito pernicioso e superveniente de novos e variados afluentes, e, sobretudo, de uma poluição ambiental colectiva antes não imaginável. E é nesta espécie de pântano que acontece o BREXIT, ou seja, uma valente pedrada no charco. Que ninguém esperava e que alguns entendem que pode ser seguida de outras, como admite Wolfgang Münchau em artigo recente publicado no Financial Times.
     Metáforas à parte, passemos a tratar os bois pelos nomes.
     Várias causas podem ser apontadas para explicar o falhanço do projecto europeu, cujos sinais são cada vez menos disfarçáveis. O pano de fundo começou a ser tecido com o fim da Guerra Fria e o advento do Neoliberalismo, quando a lógica do mercado financeiro começou a substituir sem rebuço os ideais de partilha, de solidariedade e de subsidiariedade. Mas o que é intrigante é a União Europeia se ter constituído em perfeita testa de ferro dos novos valores, completamente ao arrepio daquilo que foi o sonho de Jean Monnet. E o curioso é que ele deve ter pressentido este cenário à grande distância quando, em 1972, numa conferência realizada em Lausanne a que deu o título de “L’Europe Unie, de L’Utopie à la Realité”, afirmou que teria sido porventura mais avisado começar pela cultura e não pela economia. Este facto é-nos lembrado pelo Professor Adriano Moreira em artigo publicado no Diário de Notícias no passado dia 22 do corrente mês. 
      O que é particularmente incómodo e desanimador é constatar que os actuais sucessores dos pais do sonho europeu não têm qualquer identidade genética com quem os precedeu no passado. Olha-se para o senhor Dijsselbloem (presidente do Eurogrupo), para o senhor Juncker (presidente da Comissão Europeia), para o senhor Schäuble (ministro das finanças da Alemanha), ou para o senhor Barroso (ex-presidente da Comissão Europeia), entre outros mais títeres do sistema hoje dominante, e o que é que se vê? Gente de duvidosa estirpe política, gente de visão anquilosada, gente ignorante ou insensível à História da Europa; ou se não a ignoram fazem dela autêntica tábua rasa. Com líderes deste calibre, o sonho europeu não podia almejar grandes horizontes, e provavelmente foi esta realidade redutora que Jean Monnet previu em 1972.
     Não vão faltar análises e previsões acerca do BREXIT. Há quem seja de opinião de que os efeitos da decisão dos ingleses serão mais devastadores para a zona euro do que para a sua própria economia interna. Além das suas previsíveis repercussões na coesão política do Reino Unido, e ainda com o ónus de poderem contaminar países onde os nacionalismos estão latentes, como os casos da Espanha e da Bélgica.
     Se não houver forma de regular os referendos sobre a União Europeia, estabelecendo a expressão eleitoral mínima para caucionar qualquer futuro Exit, a União irá ruir como um baralho de cartas. É inacreditável que esta situação não tenha sido anteriormente prevista nos tratados, mediante, por exemplo, a imposição de um mínimo de 70% de votos para caucionar a saída e um limite aceitável para a abstenção eleitoral, uma vez que se trata de situação deveras delicada para a estabilidade da União. Basta lembrar, como veio a público, que grande parte do eleitorado britânico se queixou de insuficiente informação sobre o que estava em causa e também de grosseira e despudorada manipulação eleitoral por parte de algumas forças partidárias concorrentes, designadamente dentro do Partido Conservador.
     No entanto, e apesar da apreensão que nos traz este BREXIT, há quem até pense que a pedrada no charco vai obrigar a União Europeia a reflectir sobre o seu estado e provavelmente a inflectir o rumo que vem seguindo. Isto é, a refundar-se. Mas independentemente deste Exit ou de outros que possam vir a perfilar-se no horizonte próximo, a União Europeia, à vista dos primeiros sinais, desde há muito que devia ter empreendido uma verdadeira autognose para tirar as devidas ilações sobre as causas do pântano contaminado em que se converteu. É quase unânime apontar como a causa mais flagrante do desvio do caminho o que ficou resolvido no Tratado de Lisboa, a partir do qual passámos a ter a Europa dos directórios, ou das chancelarias, em vez da Europa dos cidadãos. Com as vontades soberanas a ficarem na dependência de poderes que não passaram por escrutínio eleitoral, e, por isso, com duvidosa legitimidade democrática.
     Não quero ser alarmista, mas não posso deixar de ser realista e confessar a minha pouca fé no futuro desta União Europeia. (in O Templário).

Tomar, 28 de Junho de 2016
Adriano Miranda Lima







[9391] - P E R F E I Ç Ã O ...


ORQUÍDEA - A RAÍNHA DAS FLORES!
(Escolha de Adiano M. Lima)

[9390] - EM DEFESA DO PATRIMÓNIO...

Cidadãos mindelenses “preocupados com o incumprimento por parte da Câmara Municipal de São Vicente” fazem circular um abaixo-assinado com o objectivo de pedirem a intervenção do Ministério Público, do Ministro da Cultura, do Instituto do Património Cultural, do Provedor da Justiça, para repor a legalidade em autorizações da edilidade.

“A CMSV autorizou construções inapropriadas na Rua Pedonal que liga a Praça Nova à Avenida Marginal, condicionando indevidamente a circulação de pessoas na mesma Pedonal”.

Nas justificativas para o abaixo-assinado diz-se que a CMSV vendeu ao Mindel-Hotel o terreno encaixado nas traseiras do Mindel-Hotel. “Com essa decisão, a Câmara Municipal atropelou a lei, ao passar por cima do órgão competente para aprovar alterações aos planos de pormenor. Os proprietários do Mindelo-Hotel, de mãos dadas com a Câmara Municipal, resolveram cometer um dos piores crimes urbanísticos de que se tem memória no Centro Histórico do Mindelo – Património Nacional”.

A acusação é que a CMSV tem beneficiado o Mindel-Hotel e este tem prosseguido as suas obras de expansão na parte traseira do hotel, mudando a configuração do espaço. “O Centro Histórico do Mindelo é classificado como património histórico e cultural nacional, cujo mapa de localização se encontra em anexo à presente Resolução e, dela faz parte integrante”.

Esse grupo de cidadãos quer ver resposta a legalidade para que se coloquem limites nas obras e quer pedir às autoridades para acompanharem o processo sem prejuízo para a ilha e exigir à edilidade esclarecimentos em relação ao processo. Ao Ministério da Cultura que “crie as condições para a salvaguarda do Centro Histórico do Mindelo como Património Nacional que é cumprindo a lei”.

Do grupo de cidadãos destaca-se, Leão Lopes, João Branco, Luiz Silva, Daniel Martins de Brito, Eng.º Carlos Araújo, Manuel Figueira, António Jorge Delgado, Evandro Matos, Alexandre Novais, Antónia Mosso e ainda o Padre António Fidalgo de Barros.

(Colaboração de
Valdemar Pereira)

terça-feira, 28 de junho de 2016

[9389] - DESINFORMAÇÃO...


Praia – Reportagem de Aljazeera revolta moradores de Lém-Ferreira

 A reportagem em questão tinha como base um novo relatório das Nações Unidas, em que diz que o número de pessoas que usam heroína em todo o mundo subiu para 18,3 milhões. 
Praia – 27 de Junho –

 Os moradores de Lém – Ferreira, na cidade da Praia, estão revoltados com uma reportagem exibida pela Aljazeera, emissora de televisão jornalística do Catar, onde apresentam o bairro como sendo problemático onde o tráfico de drogas e a criminalidade andam de mãos dadas.

A Aljazeera apresenta Cabo Verde como porta de entrada para a Europa e África, onde se tem registado um aumento no tráfico de drogas e crimes e relacionados. A reportagem escolheu o bairro de Lém – Ferreira como um exemplo de tudo isto.

Mas, pelos vistos, tratou-se de uma escolha infeliz, quando tudo é dito de forma distorcida. Vendo a reportagem, partilhada pelo Ocean Press, vários moradores daquele bairro se insurgiram contra tudo o que lá se diz. “Pintou um mal papel da zona”, dizem.

“Nada mais passa de uma grande mentira, inventada por este canal, conhecido como a mais importante rede de televisão do mundo árabe. Neste bairro não há nada disso” diz revoltado um morador afirmando que o bairro de Lém-Ferreira é, nos dias de hoje, um dos mais calmos da capital cabo-verdiana.

O que mais tem revoltado os moradores desta pequena urbe, é que, segundo dizem, “a reportagem esteve em Lém - Ferreira num dia em que o bairro celebrava a festa do Santo Padroeiro, Santo António, filmou a procissão religiosa, apanhou os foguetes e a música da banda municipal, mas afirmou que se tratava de um enterro de alguém assassinado por traficantes do bairro”.

“Isto é incompreensível. Filmaram a procissão da festa de Santo António. Nem era um caixão que estava a ser carregado pelas pessoas, mas o jornalista diz claramente que se tratava de um enterro e que as pessoas estavam todas com medo de falar, por causa dos traficantes” diz um outro morador em fúria.

Ocean Press – Redação 

[9388] - C O N V I T E ...


[9387] - ESQUECIMENTO?!

Após dois anos de inauguração do projeto de reordenamento da bacia hidrográfica, os agricultores de Alto Mira (Santo Antão) estão indignados por não ter sido ainda instalada a rede de adução de água para rega das suas culturas. Ou seja, o governo de José Maria Neves (PAICV) instalou vários reservatórios mas esqueceu-se de ligar a água.!

A denúncia partiu da Associação dos Agricultores de Alto Mira, revelando que, no âmbito do projeto, foram concluídos vários reservatórios em 2014, mas os agricultores debatem-se com grandes dificuldades em ter acesso a água para irrigação a partir dessas infraestruturas, pois o extinto Ministério do Desenvolvimento (MDR) nunca instalou a rede de adução.

“Foram construídos vários reservatórios, mas a canalização nunca foi feita”, disse o dirigente da associação Jailson Neves, adiantando que, por tal razão, o reordenamento da bacia hidrográfica não teve o efeito desejado.

Segundo Jailson Neves, os reservatórios são “uns autênticos elefantes brancos”, já que os agricultores continuam a deparar-se com os mesmos problemas que tinham antes da implementação do projeto.

Deputado do PAICV quer solução

O deputado do PAICV Carlos Delgado, que esteve de visita em Alto Mira na semana passada, confirmou a denúncia dos agricultores, considerando que o Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) deve analisar a situação e encontrar uma solução, mas não comentou as responsabilidades do anterior governo sustentado pelo seu partido.

Financiado pelo BAD (Banco Africano para o Desenvolvimento) num montante de 250 mil contos, o projeto de reordenamento da bacia hidrográfica de Alto Mira foi concluído em junho de 2014 e inaugurado com pompa e circunstância por José Maria Neves e Eva Ortet (a anterior responsável pela agricultura). No entanto, dois anos depois, os agricultores dizem tratar-se de um “elefante branco”. Isto é, dinheiro mal utilizado que não se traduziu em mais-valias para a agricultura em Alto Mira. (Cabo Verde Direto)

Redação | com Inforpress

[9386] - UMA HISTÓRIA DE ARQUITECTOS...

Foto de Denilson Lima

O Blogue amigo, Praia-de-Bote, publicou no seu "post" Nº 2224, em 26.06.2016, um interessante trabalho sobre a evolução urbanistica da cidade do Mindelo no período de 1934 a 1974, onde são referidos os  nomes de dois arquitectos que, por acaso, conheci: Branco Ló e Maria Emília Caria...E "nhô" Djunga, João Cleofas Martins, também se lembrava deles, nas suas impagáveis crónicas na Rádio Barlavento, "Roupa de Pipi"... Mas, vamos por partes...
Naqueles tempos, a Câmara Municipal de S.Vicente tinha, nos seus quadros, um arquitecto residente que, normalmente, era contratado no que, então, se chamava de Continente...
O arquitecto parece que era pouco provido de pilosidade craniana e a arquitecta parece que não fazia jus à sua condição feminina no que respeita às protuberâncias peitorais...
Assim, quando o primeiro regressou a Portugal e foi substituído pela segunda, o Djunga, que não era grande admirador de arquitectos municipais, comentou:
"A Câmara, demonstrando um notável queda para a anedota, depois de um arquitecto sem teto, arranjou-nos uma arquitecta sem téta"...
Era impagável, este Nhô Djunga!





[9385] - MAIORIA LATINA...


Das oito equipas apuradas para disputar os Quartos-de-Final do Campeonato da Europa de Futebol, quatro são de origem latina: Portugal, França, Itália e Bélgica (Valónia)...
Das restantes quatro, cada uma tem uma ascendência diferente das demais: Alemanha (germanos), País de Gales (celtas), Islândia (escandinavos) e Polónia (eslavos)...
Mas, existe no mundo da bola um princípio que convém não esquecer: o futebol é um jogo com onze de cada lado e, depois, quem ganha é a Alemanha!
É que, na realidade, a quantidade nem sempre está ao nível da qualidade e, até ao momento, pelo menos, os "germanos" constituem a equipa que, nesta prova, melhor conta já deu de si, dir-se-ía, nos antípodas dos "latinos" de Portugal cujo percurso tem sido pouco menos do que confrangedor...
Realce-se, igualmente, a prestação da Bélgica e  o brilharete dos "celtas" de Gales, rematando com a caminhada triunfal da Islância que, logo na primeira vez que participa numa prova desta envergadura, não só chega aos Quartos-de-Final, como o faz eliminando os "bretões" da Inglaterra, ultimamente em foco pelas posições anti-europeístas de uma magra maioria dos seus habitantes...
Estamos tentados em apostar que o campeão europeu sairá de um trio formado por Bélgica, Itália e Alemanha se, claro, na decisão final prevalecer alguma lógica...
No dia 10 de Julho logo se verá!

[9384] - NUNCA É TARDE PARA CUIDAR DA SAÚDE...





[9383] - DELGADO DIXIT...


Há poucos dias, o povo britânico, na sua maioria, rejeitou a elite globalista e mundialista. Esta, é interesseira e despreza as pobres gentes. Em desespero, lança-se em acções tendentes a intimidar as pessoas que a repudiaram...
Este resultado vem engrossar a minha lista de acontecimentos que teoricamente parecem impossíveis de concretizar mas que a realidade vai contrariando...Lembro-me, por exemplo, do Caboverdeexit que, felizmente nos foi facilitado pelo corrupto Nino…

M. Delgado

[9382] - GOODBYE BRITAIN...


DE ABANDONO EM ABANDONO - PRIMEIRO, DA UNIÃO, 
ONTEM, DO EUROPEU - A BRITÂNIA ESTÁ CADA VEZ
MAIS ISOLADA DO MUNDO REAL!

segunda-feira, 27 de junho de 2016

[9381] - F U T E B O L ...

R E S U L T A D O S
JUN.27
Itália/Espanha = 2-0
Inglaterra/Islândia = 1-2

QUARTOS DE FINAL
Jogos às 20H00
JUN.30 - Polónia/PORTUGAL
JUL.01 - Gales/Bélgica
JUL.02 - Alemanha/Itália
JUL-03 - França/Islândia


DESAFIO - Quais, entre as 8 equipas que vão jogar os Quartos de Final, reúnem maior favoritismo para constituír o quarteto que irá disputar as Meias-Finais?

[9380] - DEITAR ÁGUA NA FERVURA...

As declarações da Ministra Eunice Silva em S.Vicente pôs muita “boa gente” em pé de guerra. Disse que Cabo Verde não era só S. Vicente. Acrescentou que a ilha esta numa fase de expansão acelerada a qual precisa ser contida no quadro de um plano. À frente das câmaras da RTC estava a responder ao pedido de apoio do presidente da câmara municipal para mais infraestruturas na cidade. Pode não ter sido feliz na escolha das palavras ou na forma como se expressou, mas não devia haver dúvidas que quis realçar, por um lado, as dificuldades na partilha de recursos, sempre escassos, pelas diferentes ilhas e, por outro, apelar à racionalização da expansão da Cidade via um plano previamente concebido. 
As reacções às declarações da ministra foram excessivas mas também reveladoras. Traduziram muito do que está subjacente a um certo pensamento político no país e é caro a uma certa ideia de Cabo Verde. Deixaram transparecer logo a mentalidade redistributiva, que se tornou prevalecente no país, acompanhada do discurso vitimizador. Um facto que normalmente se nota mais em tempos de eleições quando se prima pelo discurso de vitimização das populações e também das ilhas e se fala de discriminação, de marginalização e de abandono. Pelo impacto das palavras da ministra percebe-se o alcance já atingido por essa forma de ver os problemas do país e que soluções são realmente expectáveis para certos sectores da sociedade. Não espanta que se queira mais esquemas de ajudas, mais transferências de fundos públicos e mais obras, de preferência infraestruturas com grande visibilidade. São, porém, soluções que até agora não impediram mais dependência do Estado, mais perda de massa crítica na população das ilhas, mais reforço da centralização e menos capacidade de aproveitamento de oportunidades. Pelo contrário. 
A realidade é que, depois de quarenta anos a viver enquadrado num modelo de desenvolvimento com base na gestão de fluxos externos designadamente doações, remessas de emigrantes, empréstimos concessionais e recentemente dívida externa, dificilmente se pode escapulir imediatamente para uma outra mentalidade que não aquela que valoriza a dependência e o espírito redistributivo. Os anos noventa foram os únicos durante os quais se pretendeu fugir desse modelo. As reformas políticas e económicas porém foram insuficientes para fazer emergir uma nova mentalidade de abertura ao mundo para conter as tendências autárcicas, uma cultura empresarial que contrariasse a cultura administrativa predominante e uma classe média autónoma que se diferenciasse da classe média criada pelo Estado e fosse a coluna vertebral de uma sociedade civil alerta e actuante. 
Nos 15 anos que se seguiram predominou o discurso ilusionista com foco na competitividade e no empreendedorismo. Serviu para camuflar a progressiva centralização do país apesar de alguma dinâmica nova devido ao turismo nas ilhas do Sal e da Boa Vista, mas não conseguiu instilar nas pessoas e nas instituições uma cultura de serviço e de resultados indispensável para combater a burocracia, para criar um bom ambiente de negócios e para incentivar a iniciativa privada. Esses anos terminaram com dívida pública pesada que agora constrange grandemente a possibilidade de futuros investimentos públicos para arrancar a economia e com crescimento anémico que desmotiva o investimento privado. Para além disso ainda ficou um lastro de chumbo: custo excessivo de factores designadamente energia e água, sistema de transportes marítimos e aéreos ineficazes e ameaçando colapso, infraestruturas em portos, aeroportos e estradas subaproveitadas, segurança pública comprometida, sistema de saúde aquém das necessidades e um sistema educativo inadequado e de qualidade duvidosa. 
É evidente que no novo ciclo político devia-se romper completamente com o modelo, a mentalidade e o discurso político que já pôs o país na situação difícil em que se encontra actualmente. Pelas reacções às palavras da ministra das Infraestruturas vê-se que isso ainda não aconteceu. Mas o tempo urge. As muitas incertezas no mundo de hoje deviam ainda ser mais um estímulo para se fazer rapidamente o corte e também para, parafraseando Marcelo Rebelo de Sousa, sem medo se “ver a realidade e decidir com visão e sem preconceitos”. 
O apelo feito às elites portuguesas também podia aplicar-se à classe política cabo-verdiana. Cabo Verde precisa de liderança esclarecida que não se enverada pelo discurso fácil e demagógico para ganhar eleições. Servir e respeitar o povo cabo-verdiano deve significar fazer discurso político plural com verdade e sem exploração desonesta das emoções primárias das pessoas. E isto aplica-se a todos tanto no governo como na oposição.  (Ipsis verbis)

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 760 de 22 de Junho de 

[9379] - IN MEMORIAM DO REGRESSO À DIGNIDADE...


Completam-se, hoje, 40 anos sobre a data da eleição democrática do primeiro Presidente da Republica do pós 25 de Abril, por sinal, o Homem que de forma muito vincada, havia lutado e ajudado a alcançar a vitória da democracia sobre a revolução, o General António Ramalho Eanes...

Hoje, o Homem, o Estadista e a própria História, foram agraciados com o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique, pelo actual Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.




[9378] - AEROPORTO NA BRAVA?!

O Governo deu instruções à ASA para realizar os estudos de viabilidade técnica e económica, para determinar as condições de construção de um aeródromo na ilha da Brava.

A revelação foi feita pelo ministro da Economia e do Emprego, José Gonçalves da Silva, nos Paços do Concelho da cidade de Nova Sintra, durante a sessão solene que assinala o Dia do Município da Brava e do seu patrono, Nho São João Baptista.
O governante adiantou também que está sob análise, uma solução mais adequada para os transportes marítimos.
O ministro acrescentou que pretende iniciar uma nova era na promoção do desenvolvimento sustentado das potencialidades da ilha.
Durante o seu discurso, José Gonçalves defendeu um relacionamento saudável entre os poderes local e central e anunciou a "decisão irrevogável do Governo" em dotar as autarquias de mais recursos. (Expresso das Ilhas)


N.E. - Conhecendo a Ilha Brava como eu conheço, devo confessar que lançar uma pista de aterragem de aviões  não vai ser "pera-doce" pois a orografia da ilha não facilita, mesmo para uma solução do tipo da da Ilha da Madeira, com metade da pista sobre o mar...


[9377] - TODOS CONTRA A TROIKA...



A revolta contra a austeridade já chegou ao Parlamento Europeu!

Esta semana alguns deputados europeus manifestaram-se contra a Troika.

Esta foto está a correr a Europa toda, mas.... alguém a viu na imprensa portuguesa?

Como podem ver, deputados europeus manifestaram-se com a palavra de ordem:

 Tirem as patas de cima de: CHIPRE, PORTUGAL, GRÉCIA, ESPANHA, IRLANDA.

Mas... por cá, se não fosse a Internet, de nada saberíamos!"

(Colab. Tuta Azevedo)

[9376] - F U T E B O L ...


R E S U L T A D O S
Oitavos de Final
Suiça/Polónia = 1-1 (4-5 g.p.)
Croácia/Portugal = 0-1
Gales/Irl.Norte = 1-0
Hungria/Bélgica = 0-4
Alemanha/Eslováquia = 3-0
França/Irlanda = 2-1

JOGOS PARA HOJE
Itália/Espanha
Inglaterra/Islândia

QUARTOS DE FINAL
JUN.30 - Polónia/Portugal
JUL.01 - Gales/Bélgica
JUL.02 - Alemanha/???
JUL.03 - França/???


sexta-feira, 24 de junho de 2016

[9374] - A TRISTE REALIDADE...


A selecção de Santiago venceu a 22ª edição do torneio inter-ilhas de futebol. A competição, organizada pela Associação Cabo-verdiana no Luxemburgo, aconteceu no passado fim de semana.

Trata-se do quarto título consecutivo da seleção de Santiago, que terminou o torneio com nove pontos, após vencer o União das Ilhas por 1-0 e Santo Antão por 2-1.

No jogo frente a São Vicente, Santiago conseguiu os três pontos já que os mindelenses não compareceram ao encontro.

A formação santantonense ficou na segunda posição com seis pontos, União das Ilhas com três e São Vicente ficou na última posição por ter desistido. (in A Nação)

N.E. - Ó GENTE, O QUE É QUE SE PASSA
 COM A NOSSA ILHA?!

[9373] - COMEÇOU A CAÇA AOS PONTOS...


Qualquer dia a malta só se desloca a pé ou de bicicleta pois acabam-se os condutores encartados...
Segundo consta, conduzir nas auto-estradas  pela faixa central, dá uma penalização de TRÊS PONTOS nas cartas de condução...
Claro que há situações a esclarecer, nomeadamente no que concerne às vias com apenas duas ou mais de três faixas de rodagem mas que a notícia é preocupante, lá isso é!

[9372] - EM QUE FICAMOS?!


[9371] - UMA HISTÓRIA DE GIN...

Quando Carvalhinho (Alexandre Benoliel de Carvalho) ficou adoentado, chegou ao Mindelo o seu sobrinho, o Engenheiro Smith Carvalho para manter a empresa do tio, à Rua Senador Vera Cruz, à tona dos negócios...
Fiz amizade com o Smith, que era um fulano cheio de genica e com ideias que vieram a frutificar com vantagens para a empresa e para a cidade...
A Casa Alexandre Benoliel de Carvalho, Lda. era agente, entre outras coisas, dos pneus Firestone e da Fábrica Ancora, de Lisboa, que produzia bebidas de todas as qualidades, cores e paladares...
Para alem de uns tantos pneus fora de moda, o Smith encontrou, no armazém, nada mais, nada menos do que 50 caixas de Gin Ancora!
O  número tão exacto parecia denunciar que se tratava do total da encomenda inicial e que, portanto, durante alguns anos nem um garrafa de Gin Ancora havia sido vendida...
Mas o Smith não era de modas e, então, fez-me uma proposta irrecusável: eu engendrava, na rádio, uma campanha publicitária para vender as 50 caixas do gin luso e ele pagava-me 10% do total das vendas que se conseguisse arrecadar.
Não recordo a que preço o Gin Ancora acabou por ser vendido, no prazo recorde de uma semana, como se se tratasse do melhor dos nectares, mas sei que recebi o suficiente para comprar um gravador portátil para fazer reportagens de exterior...
Também estou certo que o gin terá sido vendido, especialmente, a donos de bares e botequins pelo que, durante alguns meses, a malta andou a beber Gin Gordon's previamente baptisado com o gin lisboeta... Não consta, no entanto,  que alguém tenha adoecido! 

[9370] - G E S T O S ...

Este minúsculo relógio-despertador de mesa foi vendido ao balcão da Relojoaria Azevedo, então na Rua de Lisboa, a um senhor chamado Aristides Borja (Tide), aí pelos anos 50 do século passado...Cerca de 70 anos depois como que regressa a "casa"... A que propósito, perguntar-se-á...
Anos atrás, tive o privilégio de manter uma relação muito amigável com o Tide, cuja esposa  era tia da Teja, então casada com meu cunhado Rogério, ambos, infelizmente, já desaparecidos... Visitei-o por muitas vezes, na sua residência ao Lumiar onde, diga-se de passagem, se podia degustar um "grog" de Santo Antão do melhor que já me passou pelas goelas...Tide, era aquilo a que a gente costuma chamar de "um tipo fixe" e, tempos atrás, antes de ser "arquivado" num desses lugares chamados de "lares de idosos", pediu à Katia, filha da Teja, que me trouxesse o pequeno relógio que meu pai há tanto tempo lhe vendera e que, ao longo de muitos e muitos anos, lhe havia prestado bons serviços... Obrigado, Tide...
Gestos!

zito azevedo
24.06.2016

quinta-feira, 23 de junho de 2016

[9369] - ABERRAÇÕES...



"...No entanto, a ARC argumenta que a lei (nº19/VIII/2002 de 13 de Setembro) está em vigor e é para cumprir, mesmo que os seus articulados sejam considerados inconstitucionais e violem o direito à liberdade de imprensa, como sustentam os jornais, que consideram um “absurdo” a posição da ARC."

Este excerto, que decorre de um comunicado da Autoridade Reguladora da Comunicação Social de Cabo Verde é de deixar o leitor mais distraído, no mínimo, perplexo...
Esta Autoridade terá multado dois jornais por presumível violação da referida lei 19/VIII/2002 que todo  o mundo - inclusive o P.R. - considera inconstitucional... No entanto, e segundo a A.R.C.S. é para cumprir!
Ocorrem, portanto, algumas interrogações:
- Sendo a lei reconhecidamente inconstitucional por que razão, em 2002 não foi requerida a sua fiscalização preventiva?
- Tendo, entretanto, decorrido 14 anos sobre a promulgação desta lei, dita inconstitucional, porque razão nenhum Governo, entretanto, se deu ao trabalho de remediar a situação, alterando-a?
- Como é que um organismo com responsabilidades de fiscalização e regulação se pode dar ao luxo de querer fazer cumprir uma lei que, ele próprio, considera conter matéria que ofende os direitos das entidades que fiscaliza e regula?
Se não estamos em presença de uma situação das mais aberrantes, haverá algo que me está a escapar...

[9368] - NUNCA É TARDE PARA CUIDAR DA SAÚDE...




[9367] - MAIS, SOBRE ARTESANATO...




Depois de ter "abandonado" Mindelo, em 1977, voltei lá com a Maiúca, em 2000, por uma semana, seguida de uma estada de outros sete dias na Praia onde, na altura, vivia o meu cunhado Rogério, entretanto, prematuramente desaparecido...
Numa loja localizada, então, na Praça Nova, por baixo do Hotel, especializada em artesanato e que não sei se ainda existirá, adquiri, entre outras coisas, este quadro, de um artista de Santo Antão...
Refira-se que a matéria-prima de base é folha de bananeira seca e as figuras do bote, do tronco de madeira e do calafate são altos-relevos aplicados ao quadro por um engenhoso processo de colagem...
Já não me recordo quanto paguei pela obra mas, dada a mediania-baixa das minhas posses não foi, decerto, nenhuma fortuna, tratando-se, pois,  daquele tipo de peças que facilmente se colocam em mãos de turistas bem endinheirados, num patamar de valor artístico que eu colocaria bem acima da mediania do artesanato mais ou menos naif habitual...
Prometo outras viagens pelo tema!


[9366] - O ÚLTIMO CENÁRIO...


FOI AQUI QUE VIVI OS ÚLTIMOS LARGOS ANOS DA MINHA
VIDA PROFISSIONAL ESGOTADA A 31 DE MARÇO DE 2015...

[9365] - HÁ LOBOS DENTRO DE NÓS...


A noite passada, a RTP2 transmitia uma entrevista com uma personalidade que não cheguei a identificar mas que deve estar ligada a alguma organização de boa vontade internacional.  Quando o entrevistador quis saber em que  momento tinha surgido na vida do entrevistado o chamamento para as actividades que desenvolvia, foi-lhe dito: "A esse respeito, vou-lhe contar uma história..."
E contou...
"Há já muito tempo, num acampamento de jovens dinamizado por um antigo e já idoso chefe índio Cherokee, um miúdo, à noite, quando à volta da fogueira se contavam as histórias do dia e muitas outras, um miúdo dos seus oito anos perguntou ao chefe porque é que havia pessoas que ora eram muito boas ora ficavam más e agressivas... O velho Cherokee explicou que, dentro de cada um de nós existem dois lobos: um bom e um mau que, logicamente, se guerreiam mutuamente, em busca da supremacia... Aí, o miúdo quis saber, então, quem é que acabava por ganhar essa guerra, ao que o chefe Cherokee lhe respondeu:
"Aquele que tu alimentares!"
Fiquei a pensar se, na realidade, o lobo que a gente não alimente acabará por sucumbir ou apenas ficará numa espécie de vida suspensa à espera de uma nova oportunidade de atacar...

[9364] - UMA BOA DOSE...DE RISO!...



Sou um tipo moderno. E chique. Muito chique. Por isso não podia deixar de entrar num restaurante gourmet da moda. Vesti um Armani que comprei num saldo dos chineses, calcei umas sapatilhas com uma virgula estampada que comprei ao ciganito da feira e esvaziei, pelo pescoço abaixo, meio frasco de Chanel dos marroquinos.

E foi assim, cheio de cagança, como mandam as regras do pelintra, que fui jantar ao tal restaurante, gerido por um “chef” reputado com categoria internacional e olímpica.

Tramei-me! Antes tivesse ido ao tasco da esquina aviar uma bifana! Confesso que já levei muita tanga, mas como esta, nunca! Passei fome, fui gozado e fui roubado!

Sempre achei que cozinhar era um acto de descontracção, de partilha, de alegria, de afecto. E eu devia desconfiar, porque aqueles concursos gastronómicos das TVs transformaram uma actividade social sadia, numa agressão stressante, provocadora de lágrimas e depressões. Já para não falar das parvoíces dos mestres cozinheiros da moda, cujos pratos estapafúrdios e minimalistas se apelidam agora de “criatividade culinária”.

Colocaram-me, à frente, um prato que foi mais difícil de decifrar, que as palavras cruzadas do jornal de domingo. O prato exibia 5 cm2 de um pobre robalo que morreu inutilmente, só para lhe extraírem um pedacito do cachaço, meia batata engalanada com um pé de salsa, e 2 ervilhas a nadarem numa colher de chá de um azeitado molho de escabeche, bem disfarçado com um nome afrancesado que nem vem nos dicionários. Para remate, três riscos de uma substância pastosa, estilo Miró, para preencher os restantes 90% do prato vazio.

E o bruto do português, habituado à sua travessa de cozido e ao panelão de feijoada, olha para aquilo com uma cara de parvo capaz de partir todos os espelhos lá de casa.

Esboça-se um sorriso amarelo, engole-se em seco, diz-se que está tudo óptimo ao empregado de mesa que mais parece uma melga à nossa volta, e enfiam-se dois Xanaxs quando nos metem a conta à frente. E, a muito custo, cala-se o berro de duas peixeiradas à nortenha que nos vai na alma.

Nunca mais lá volto. E sabem que mais?

Porque se quero comer aperitivos, como bolinhos de bacalhau e tremoços, que são muito mais saudáveis e baratos.

Porque para ver pintura abstracta, vou a uma exposição.

Porque para ser roubado bastava ir à Autoridade Tributária, ou seja, às Finanças.

E, acima de tudo, porque desconfio de um cozinheiro que vive e trabalha com a ambição obsessiva de ser medalhado por uma companhia de pneus.

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(Colaboração Adriano M. Lima)






[9363] - CABO VERDE E OS ESTATUTOS ESPECIAIS (2) ...



Sobre a inoportunidade e a impertinência de Estatutos Especiais em Cabo Verde: Perguntas e Respostas (continuação)
     
Estatuto Especial, uma redundância. E se a moda pega?


     Independentemente dos quadros legais forjados para os legitimar, os Estatutos Especiais são inaceitáveis. É óbvio que o que se prevê para a Praia teria que ser incluído no debate geral das reformas e objecto de um escrutínio transparente, sem o que somos colocados perante um facto consumado e atentatório dos princípios mais elementares da ética democrática. Por outro lado, caso um estatuto especial pudesse ser, justificadamente, atribuído a uma parcela do território, só o poderia ser a título provisório, nunca definitivo, por um período temporal limitado (3 a 5 anos), até à resolução dos problemas que levaram à sua concessão. Se virmos bem, haveria pelo menos meia dúzia de argumentos a jogar a favor de um estatuto especial à cidade do Mindelo, a 2ª cidade do país, a que mereceu, muito justamente, ser considerada a capital cultural de Cabo Verde. E não haveria também argumentos casuísticos a justificar a atribuição de um estatuto especial às comunidades de ilhas ultraperiféricas como Maio e Brava? Em suma, todas as cidades de Cabo Verde são “especiais” em si, por uma razão ou por outra.
     A questão que se coloca é o porquê do atribuir à capital de um país um estatuto especial, para além dos dividendos de toda a ordem que já colhe pela própria condição de capital. O estatuto especial para uma cidade-capital é uma perfeita redundância, um novo estatuto em cima de outro, que se traduz no acréscimo de mais uma peça à terrível e perniciosa engrenagem do centralismo. Afinal, ao invés da prometida descentralização, pretende-se mais do mesmo, por mais que alguém queira deitar poeira aos olhos dos incautos.  Além disso, a cidade da Praia, já por si prenhe de benefícios, se está a rebentar pelas costuras é pelo erro original cometido na concepção do Estado cabo-verdiano. O que faz sentido é corrigir o erro na sua causa original, aliviando, entre outras medidas, a indevida superlotação da capital, e não a aplicação de um fermento para o caucionamento da enormidade social em que ela se transformou. Insistir nesse Estatuto não deixará de ser altamente lesivo para os interesses e a dignidade das outras ilhas do arquipélago que foram negligenciadas e reclamam atenção. 
     Ademais, é importante não esquecer que o actual partido no poder tem uma responsabilidade acrescida perante os cabo-verdianos, por se ter apresentado ao eleitorado como um partido renovado, prometendo romper com as práticas negativas que remontam ao regime anterior. O governo sabe bem que se ascendeu ao poder, deve-o em parte significativa às energias cívicas dispersas pelas ilhas e pela Diáspora, que lhe permitiram conquistar uma expressiva votação eleitoral em todo país, nomeadamente na ilha de S. Vicente. E não pode ignorar que a sua vitória teve o sinal claro da rejeição das políticas do seu antecessor.

     Estatuto Especial mais centralização: mais Praia e menos Cabo Verde?

     A resposta é afirmativa e não deixa margem para dúvidas, bastando anotar que as políticas empreendidas ao longo destes 41 anos consistiram no empolamento do centro e no enfraquecimento das periferias. Aliás, tudo isso em perfeita coerência com a afirmação pública do presidente do PAIGC em 1975, quando sustentou que os investimentos tinham de passar a privilegiar a ilha de Santiago e a capital para se poderem ressarcir da menorização a que foram sujeitas durante o colonialismo. E que, em consequência, a ilha de S. Vicente tinha de se preparar para tempos de sacrifício. Não deixou de ser um agradecimento condigno a uma ilha que jogou um papel determinante, durante o ano de 1974, na ascenção de Cabo Verde à Independência e que levou o PAIGC ao poder.
    Interessará, a bem da verdade, demonstrar a falsidade daquela tese, e nesse sentido nada como revisitar a história e fazer uma breve e sucinta análise comparativa entre as realidades sociais nas duas mais importantes ilhas do arquipélago. A ilha de S. Vicente, a partir do século XIX, passou a ser o pulmão da economia do país, contribuindo para cerca 75% das receitas da colónia, graças à actividade do seu porto e aos investimentos industriais e comerciais feitos por entidades privadas. O empreendedorismo económico e a dinâmica da sociedade civil na ilha do Porto Grande permitiram ganhos e benefícios assinaláveis para todo o território, evitando que Portugal tivesse de estipular verbas mais substanciais para a administração da colónia. Graças ao dinamismo económico da ilha, Cabo Verde era uma colónia auto-sustentável até meados do século passado.
     Diferentemente, a ilha de Santiago e a capital da colónia viviam quase exclusivamente à custa do orçamento do Estado, ou seja, do contributo de S. Vicente. A capital da colónia estava instalada na Praia, não pela importância social da cidade, mas pela tradição histórica, depois pela inércia política, não obstante ter sido decretada a transferência da capital para MIndelo. No entanto, não obstante ser a mais contemplada em termos orçamentais, a cidade da Praia estava estagnada na sua pacatez provinciana, sem vitalidade cívica e incapaz de gerar desenvolvimento e progresso, cuja dimensão Jonas Wahnon ilustra perfeitamente (1): “uma pequena cidade composta apenas por quatro principais ruas e cujo mérito era ter a capital da Província, porque nem como escoadouro natural dos produtos produzidos pela ilha de S.Tiago serve”.
     Se a cidade não registou progressos sociais assinaláveis, dignificando a sua condição de capital, durante a administração colonial, foi pela inoperância ou irrelevância da sociedade civil local, embora beneficiando do privilégio da proximidade da máquina administrativa. Portanto, a diferença entre a cidade da Praia e a do Mindelo provinha do grau diferenciado de iniciativa e criatividade das respectivas elites sociais, umas vivendo prosaicamente à custa do orçamento do Estado, outras produzindo riqueza que revertia em parte significativa para o orçamento do Estado. E contudo, por estranha ironia, a ilha de S. Vicente e a cidade do Mindelo estavam longe de beneficiar de um investimento estatal minimamente condizente com o contributo das suas receitas. É ainda o Jonas Wahnon que o denuncia nos seguintes termos (2): “O que existe realmente - e sabe o Sr. Dr. Bento Levy perfeitamente -, é o desejo sincero de toda a gente, que haja uma aplicação mais útil e de melhor alcance económico dos dinheiros da Província para o bem-estar do seu povo e orgulho de Portugal; o que existe ainda é o desejo de que os indivíduos que se encontram à testa dos serviços públicos na Praia tenham um influência mais benéfica na administração da Província em lugar de pretenderem, por norma “colonialisar" S. Vicente negando-lhe sistematicamente todos os meios de progresso, sem quererem lembrar-se de que, se um dia faltassem à Província as receitas desta ilha, toda a máquina administrativa do arquipélago se desmantelaria.”… Adianta ainda: “Ao contrário do que acontece na Praia, onde as construções urbanas se vêm fazendo (pelo Estado, é claro, da forma, mais acelerada que imaginar se possa, S.Vicente possui um pequeníssimo Tribunal numa casa quási secular que dantes era habitação particular e que não é património do Estado; O Liceu não obstante fundado há 40 anos, funciona num prédio que foi, sucessivamente quartel, correio, Liceu, Câmara, Fazenda e não sei que mais; não possui nenhum prédio para magistrados nem outros funcionários: os cineteatros que existem são particulares, como particulares são quási todas as obras de valorização da cidade; não tem um só hotel; não tem esgoto; não tem água canalizada; a luz é precária; os pavimentos das ruas são uma miséria, não possui estradas dignas deste nome, e os caminhos carroçáveis que existem alguns encontram-se há anos intransitáveis, etc. etc.”.
     Basta este pequeno bosquejo histórico para se dar conta do despudorado atropelo à verdade em que incorreram, e persistem em incorrer, os mentores do discurso oficial que procura vitimizar a cidade da Praia só para justificar privilégios e regalias que não fazem sentido num país que se deseja policêntrico e mais equânime nas suas possibilidades de desenvolvimento. O mainstream de certa narrativa oficial começa a soar como um anátema.
     Já se passaram 40 anos de investimento privilegiado na cidade da Praia, e o resultado está à vista e não ilude ninguém: um urbanismo desordenado e caótico, com uma degradante cintura de bairros de lata, onde vivem famílias em condições sub-humanas, faltando saneamento básico, água canalizada, energia eléctrica etc., e onde grassam fenómenos de delinquência e criminalidade. Desta maneira, a pretensão de um Estatuto Especial é por si só o reconhecimento da incompetência das sucessivas governações autárquicas e da inépcia dos governos centrais. Daí que, em vez de se querer resolver os problemas com mais dinheiro e mais poder, impõe-se é uma séria reflexão sobre as suas verdadeiras causas, as quais estão seguramente associadas à falência do modelo de gestão e organização das nossas cidades e, sobretudo, à política centralista vigente no país desde o arranque da independência. Teria bastado a dispersão do aparelho do Estado e dos serviços públicos para evitar que a cidade da Praia atingisse um sobredimensionamento que é de todo inaceitável e injusto num país arquipelágico. 
    De facto, há uma relação de causalidade entre os problemas da cidade da Praia e o centralismo político. Porque são precisamente os excessos de centralismo e a macrocefalia da capital os responsáveis pelo aprofundamento das assimetrias no território. Aliás, é todo este cenário que justificou o surgimento do movimento cívico para a regionalização do país, e que agora não pode deixar de se insurgir e indignar contra a intenção de acrescentar mais pedras e mais alcaides ao castelo do centralismo.
     É de gritante evidência que os centralistas e os Movimentos Pró-Praia estão nos antípodas da estratégia mais correcta para a resolução dos problemas nacionais e para eles tudo se resume ao agigantamento da capital, quando a sensatez política aconselharia o inverso, isto é, ao desmantelamento de uma capital a todos os títulos prejudicial à boa gestão político-administrativa do país. Há nos opositores declarados da regionalização e da descentralização muita hipocrisia e cinismo, com o propósito de desvirtuar as suas mais que comprovadas vantagens, quando os exemplos da sua aplicação no mundo mostram que não há incompatibilidade nenhuma entre a unidade nacional e as reformas que defendemos. Uma certa elite pensante e uma parte da classe política cabo-verdiana têm produzido muita desinformação, talvez por ignorância ou por má-fé, convencendo-se de que podem mistificar a questão junto das populações, já que a esta lhe falta informação objectiva e cultura política. Na realidade, uma regionalização bem conseguida, onde se aplicam os princípios de subsidiariedade, de discriminação positiva e de convergência social, política e económica no arquipélago, só pode resultar no reforço da unidade nacional. 
     Amiúde, aparecem, com efeito, vozes a considerar que a regionalização pode fazer perigar a unidade e coesão nacional. Isto surpreende quando são as mesmas pessoas a encabeçar movimentos radicados na ilha de Santiago, como a “Associação Pró-Praia” e a “Voz de Santiago”, defendendo interesses bairristas, e, sem se darem conta, a pugnar para a construção de um estado dentro do próprio Estado, que é o que acontecerá com uma capital concebida para lá dos limites aceitáveis. Mas é nítido que o objectivo é produzir ruído de fundo para abafar a voz dos regionalistas ou então uma manobra de diversão, tudo muito oportuno no momento em que o governo se mostra favorável a um projecto de regionalização. Porém, há uma diferença abismal entre as motivações de uns e outros. Os regionalistas não se focalizam exclusivamente na sua ilha, como se Cabo Verde fosse apenas essa porção do seu território, olham para o país inteiro, por acreditarem que o progresso geral só é possível com aglutinação de vontades e observância daqueles princípios atrás enunciados. 
     A este propósito, o Luiz Silva recorda que “a emigração dos Mindelenses na Holanda nunca distinguiu nenhum conterrâneo em função da sua ilha de origem, nem procurou alguma vez relevar o papel que a ilha de S. Vicente teve nesse processo. Criámos o caminho de libertação de Cabo Verde com o nome de Cabo Verde ostentado nas nossas intenções. Fomos norteados pelo espírito de comunhão, de partilha e entreajuda entre todos, bem patente no acolhimento fraterno aos que chegavam, no apoio no alojamento e no tratamento da documentação, para não referir que as nossas associações eram, sublinho, “cabo-verdianas”, como o grupo musical Voz de Cabo Verde. Esta ilha (São Vicente) sempre acolheu gente de todas as ilhas, os seus filhos ajudaram os seus irmãos de outras ilhas a viver dignamente na emigração, e quando a fome ceifava vidas em outras ilhas os lares abriram-se em S. Vicente para partilhar o pouco que havia. Muitos cabo-verdianos oriundos de outras ilhas aqui estudaram e tornaram-se cidadãos do Mundo, e isso deve ser reconhecido. Esta é a legitimidade moral que assiste à ilha quando chama a atenção para decisões políticas que não primam pela solidariedade nacional, equidade e justiça. Estranha-se assim que esta ilha não seja hoje tão bem-amada, como no passado, por gentes de outras ilhas. Até os que estudaram no Liceu de S. Vicente parecem ignorar essa fase da sua juventude, não valorizando o ambiente de camaradagem e bom convívio que encontraram nos mindelenses. Quem já se lembrou de uma iniciativa sobre o centenário do Liceu de S. Vicente que terá lugar em 2017, esta escola que formou gerações de quadros espalhados por Cabo Verde e pelo Mundo!? Agora surgem grupos Pró-Praia, como se tivessem razão para se queixar mais do que as ilhas da periferia, e no entanto os políticos e intelectuais não tomam uma posição para denunciar o que não passa de uma autêntica farsa.  
E contudo São Vicente continua ainda hoje aberto aos ventos do oceano acolhendo gente de todas as ilhas e de todo o Mundo que aí se sente como se na sua terra, sem nenhuma discriminação, muitos ascendendo a funções, tais como deputados, vereadores etc., reservadas noutros sítios a naturais, sem que isso cause qualquer engulho ao povo da nossa ilha. Mas continuamos de pé, caboverdianamente firmes,  e quando criamos um movimento de regionalização o nosso estandarte é o de Cabo Verde, não de São Vicente, porque o objectivo é pôr termo às assimetrias e lutar por um país com igualdade de oportunidades em todas as ilhas”.
     Enfim, Luiz Silva recorda que “a nossa caboverdianidade é inquestionável”, e com justa razão, atesta a legitimidade moral que assiste à ilha de São Vicente para denunciar as políticas que nas últimas décadas cavaram o fosso entre as ilhas e comprometem o futuro com que toda a população cabo-verdiana sonhou.  

(1) WAHNON, Jonas, “Notas do Canhenho de um Caboverdiano”, Julho/1957
(2) Idem, Ibidem  
https://arrozcatum.blogspot.pt/2016/06/9286-nho-jonas-sem-papa-na-lingua.html

Junho de 2016
José Fortes Lopes